Sem a fórmula Neocate há pelo menos vinte dias, mães de crianças com alergia alimentar em Campos estão procurando as redes sociais para pedir ajuda. A “novela” da falta do alimento é antiga e, segundo as mães, elas nunca conseguem pegar todo o leite que a criança precisa para o mês. O cronograma da Secretaria de Saúde estabelece que a entrega seja feita duas vezes por mês, mas segundo as mães, não é o que vem acontecendo.
Aline Barra tem um filho de seis anos, quando Cedric tinha cinco meses, descobriram que ele tinha alergia alimentar. Ele na verdade, é alérgico a 37 alimentos e precisa da fórmula para complementar a alimentação restrita. Cedric não pode comer carne vermelha, frango, peixe, nem ovo, só pode comer carne de coelho, rã e pato, assim mesmo, intercalando os dias, para que não adquira alergia a esses alimentos também. Arroz, feijão, trigo, milho e soja também passam longe do cardápio da criança, por isso o complemento é tão importante, para preservar o peso e a saúde.
“Eu participo de um grupo de WhatsApp, com mães de crianças alérgicas do Brasil inteiro. Nós nos ajudamos, algumas me mandam leite, eu pago o frete. Ontem mesmo cedi uma lata que eu ganhei pra outra mãe, que o Neocate do filho dela acabou hoje”, contou a mãe, que tem feito das redes sociais suas aliadas para obter o leite para o filho. O menino consome 12 latas por mês, o leite especial tem o custo de R$ 180,00 nas farmácias. Para comprar o leite, a família teria que dispor de R$ 2.160, apenas para a fórmula.
O drama de Nathália Mesquita não é diferente, ela tem dois filhos com alergia alimentar, um de quatro anos, com alergia a proteína do leite, e uma bebê, de um ano e quatro meses, que se alimenta exclusivamente de Neocate e algumas frutas, ela relatou que nesta terça-feira (08/09), não tendo outra opção, bateu uma fruta com água para dar a filha. “Eu vou procurar a Justiça, porque não tenho mais a quem recorrer, hoje liguei pra lá e me disseram pra ligar de novo quarta ou quinta, pra saber se tem previsão, mas como fica uma criança que precisa do leite?”, desabafou a mãe.
Marcela Velasco também tem usado as redes sociais para pedir ajuda para comprar o leite do filho. A criança, hoje com dois anos e meio, teve a alergia diagnosticada aos sete meses, e desde então, se alimenta de Neocate, frutas e verduras. A mãe já tentou até dar leite de soja, enquanto a fórmula especial está em falta, mas o menino teve uma reação severa. “Eu vendi meu computador pra comprar duas latas de leite, assim mesmo, até pra comprar foi difícil, só encontramos em uma farmácia, mas quando esse leite acabar não sei como vai ser. Ela também contou que está reduzindo a quantidade do leite em cada mamadeira, para que renda mais: “Em vez das sete medidas de leite, eu tenho usado quatro, as vezes três, pra ver se esse leite dura até chegar na Secretaria de Saúde, porque se acabar eu não tenho condições de comprar outra lata”. Conta a mãe.
Neocate é uma fórmula não alergênica, à base de aminoácidos livres (a menor porção de uma proteína), comprovadamente eficaz nos casos de alergia alimentar.
Em nota, a Secretaria de Saúde de Campos informou que esse serviço é um programa municipal, pago com royalties do petróleo e informou também que realizou todos os trâmites administrativos para aquisição das fórmulas especiais de nutrição e que, nos próximos dias, novos lotes das fórmulas sejam entregues.
A Secretaria não informou uma data para a entrega, nem o porque do atraso na entrega, e nem se está em dia com o pagamento do fornecedor.
Também por meio de nota, o órgão informou que mês passado, a Secretaria de Saúde atendeu cerca de 500 crianças, distribuindo mais de 5 mil latas de fórmulas especiais, como por exemplo, Neocate, Neocate AD, Pregomin e Aptamil.
Fonte: Ururau