![]() |
Um grupo de escritores campistas publicou uma carta aberta nas redes sociais, protestando sobre a suposta falta de apoio dos organizadores da XII Bienal do Livro de Campos dos Goytacazes prevista para acontecer no fim de março após ter sido cancelada em 2024. De acordo com os autores, a organização do evento negligencia os escritores e artistas locais. A Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima se posicionou e garantiu que haverá espaço para os escritores de Campos, no encontro literário previsto para acontecer no Cepop.
Alguns escritores que assinam o manifesto, alegam que eles não foram convocados nem informados sobre editais, participação em mesas de debates, estandes de vendas, apoio financeiro ou convocação para editais. Eles reivindicam maior protagonismo no encontro literário que deverá ser realizado no Centro de Eventos Populares Osório Peixoto (Cepop), a partir de 28 de março até 6 de abril.
11ª Bienal do Livro
A Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima informou por meio de nota que quatro estandes estão previstos para abrigar livros e autores de Campos. Disse também que várias mesas e debates contarão com a participação de escritores e intelectuais da cidade. E que há uma programação totalmente idealizada pelas duas academias literárias da cidade.
O jornalista e escritor Vitor Menezes, integrante da Academia Campista de Letras, publicou um vídeo em suas redes sociais em que apoia qualquer manifestação ou protesto. No entanto, ele se disse contra a eventual campanha para boicotar a Bienal do Livro. “Na cultura, a gente não pode estar fora, mas dentro. Essa questão de espaço é muito antiga. A gente já brigou muito por isso e vai continuar brigando. O Festival Doces Palavras (FDP) nasceu desse inconformismo com a falta de apoio maior ao escritor campista. Porém a Bienal tem esse caráter de destacar estrelas e isto também traz uma contribuição. Podemos protestar, mas boicote não”, comentou.
A escritora Cristiele Lemos é uma das autoras campistas que se queixam da organização da Bienal do Livro de Campos. No dia 12 de fevereiro, ela participou do programa J3Cast, onde criticou a falta de espaço e de apoio aos escritores da cidade. “É difícil um entendimento com o poder público. Eu me sinto desprestigiada. Participar da Bienal do Livro é complicado. A desorganização e falta de apoio acontecem”, resumiu.
Leia na íntegra a carta dos manifestantes
“CARTA DE REPÚDIO À NEGLIGÊNCIA COM OS ESCRITORES E ARTISTAS LOCAIS NA BIENAL DO LIVRO
Campos dos Goytacazes, 18 de fevereiro de 2025
Nós, escritores, artistas, produtores culturais e cidadãos comprometidos com a valorização da literatura e da cultura local, manifestamos nosso profundo repúdio à falta de reconhecimento e apoio aos escritores campistas na organização da Bienal do Livro.
A Bienal, que deveria ser um espaço democrático para a valorização da literatura em sua diversidade, tem negligenciado sistematicamente os talentos locais, relegando escritores e academias a uma posição secundária. Enquanto investimentos são direcionados para convidados de fora, nossos autores, que constroem e fortalecem a cena literária da cidade ao longo do ano, são marginalizados, sem espaço adequado para exposição, divulgação e participação em painéis de debate.
Essa postura não apenas desrespeita o esforço dos escritores campistas, mas também ignora o papel da literatura como ferramenta de transformação social. A literatura local precisa ser reconhecida e promovida com o mesmo empenho que é dado às grandes editoras e figuras já consagradas.
Deixar- nos no escuro frente à organização do evento, anular as opiniões dos conselheiros, faz com que percebamos inutilidade de se formar um conselho, onde suas falas não são consideradas.
Nós, não nos sentimos respeitados em nossos fazeres e contribuição para a Cultura dessa cidade.
Diante desse cenário nos isentaremos de participar dessa edição do evento.
Pois estará claro para nós, que nossa participação não tem significância frente à instituição organizadora.
Lembrando que, a não participação de escritores da cidade em um evento desse porte é um retrocesso e mostra que culturalmente Campos não avançou.
Seguiremos mobilizados, A cultura de Campos dos Goytacazes não pode ser silenciada!
Atenciosamente
ESCRITORES APOIANDO A CARTA DE REPÚDIO.
-Cris Lemos
-Ana Souza
-Gildo Henrique
-Marcelo Perez
-Ivan Junior
-Sol Figueiredo
-Rafael Martins
-Fabiano Silva
-Eryca Pereira da Silva”