Documentos, fotos, pinturas, moedas, livros, esculturas, bandeiras e outras raridades históricas sobre a vida e a obra de Dom Pedro II estão atraindo centenas de visitantes todos os dias no Museu Cruz e Sousa, na praça XV de Novembro, em Florianópolis. No primeiro mês do ano, bateu todos os recordes, com mais de 7.000 visitantes. O evento comemora o bicentenário de nascimento do imperador.
Nascido em 2 de dezembro de 1825, governou o Brasil durante 58 anos, foi deposto em 15 de novembro de 1889 e morreu em 5 de dezembro de 1891, em Paris, onde estava exilado. Ganhou o título popular de “O Magnânimo”. Era considerado um grande intelectual e um dos maiores egiptólogos.
Dom Pedro II visitou a Ilha de Santa Catarina em duas ocasiões. No roteiro mais longo, em 1845, esteve em Caldas de Cubatão, na época município de São José, onde a imperatriz Tereza Cristina, banhou-se várias vezes. Fez ali uma expressiva doação para a construção do hospital. A partir dali, a famosa estância termal, com as águas mais quentes do Sul do Brasil, passou a se chamar “Caldas da Imperatriz”.
Mostra é um rico resgate da visita de Dom Pedro II à região da antiga Desterro e das heranças deixadas para o Estado
Quem quiser conhecer melhor a vida e a obra de Dom Pedro II poderá visitar o Palácio Cruz e Sousa e percorrer a grande sala do térreo, onde o Museu Histórico realiza a exposição comemorativa de seu bicentenário de nascimento.
O curador Roberto Michetti Moreira dividiu a mostra com ricas informações, peças raras, pinturas, documentos, fotos, moedas, desenhos, frases em homenagem ao imperador, esculturas e bebidas com seu nome.
É possível fazer uma reflexão, por exemplo, sobre o significado da visita de Dom Pedro II à antiga Desterro e região, a partir de 12 de outubro de 1845, portanto, quando ele tinha apenas 20 anos.
Uma das raridades: uma aquarela de Vicente Pietro com vista do Centro Histórico da antiga cidade toda decorada no dia do desembarque da comitiva imperial. Pietro era um artista de origem italiana que se radicou no Paraná.
Destaque, também, para outro documento único: um poema escrito em francês para o imperador, então exilado em Paris – uma homenagem prestada por seus netos.
Painéis especiais trazem resumidos aspectos da vida de D. Pedro em vários estágios e momentos históricos do período monárquico. A exposição, que estará aberta até o dia 15 de março, representa uma oportunidade de ouro para que as autoridades catarinenses resgatem os fatos históricos e os benefícios da visita oficial.
Por exemplo: sinalizando com clareza os locais visitados pelo imperador, como Santo Antônio de Lisboa e Lagoa da Conceição, que guardam até hoje as primeiras vias pavimentadas em Santa Catarina, com calçamento de pedras lisas de rio. A rua de Ribeirão da Ilha foi coberta por lajotas e pelo asfalto.
Preciosidades de Dom Pedro II
Há 180 anos, Dom Pedro II visitou a Irmandade do Senhor dos Passos, onde lançou a pedra fundamental, valendo-se de uma pá de prata, que integra o acervo da Fundação da Irmandade e faz parte da mostra atual. Doou, ainda, segundo alguns historiadores, um dos sinos da Catedral e ostensórios da Igrejinha da Lagoa da Conceição.
Entre outras preciosidades exibidas na mostra palaciana encontram-se uma réplica da escrivaninha e cadeira de Dom Pedro II, com uma pintura na parede, escultura de madeira, moedas do império, uma bela pintura do imperador na adolescência, de Félix Émile Taunay (1837), diplomas, publicações e a capa do “Le Petit Journal”, com ilustração sobre os funerais do imperador em Paris.
Palácio Cruz e Sousa, o local da mostra sobre Dom Pedro II
A exposição está no andar térreo do Palácio Cruz e Souza. A arquitetura eclética (barroco e neoclássico) atual do palácio data do governo Hercílio Luz, em 1894. No térreo, destaca-se um grande corredor com paredes de fortaleza construídas na segunda metade dos anos 1.700.
Ao longo do século 20, a pintura original sofreu mudanças: portas, janelas e algumas paredes foram pintadas de branco. O governador Antônio Carlos Konder Reis patrocinou a primeira restauração.
Nova obra de restauro ocorreu no governo Esperidião Amin, incluindo o resgate de mobília, documentos e peças históricas. Ambas reformas foram coordenadas pelo engenheiro Edir Luft, um apaixonado por restauração de obras raras e históricas.