(Foto: Ralph Braz | Pense Diferente) |
Daqui a menos de um mês, em 15 de setembro, o Mercado Municipal de Campos vai completar 100 anos com os mesmos e graves problemas que o acompanham há décadas. Para piorar, nos últimos tempos também cercado por tapumes e repleto de entulhos que formam a imagem de decadência e descaso do poder público para com um dos espaços mais importantes da cidade.
Consequência de uma reforma que parou no meio e um projeto de restauração emperrado por entendimentos conflitantes, o que se vê é um prédio em total degradação, o telhado em péssimas condições, a torre caindo aos pedaços, o imponente relógio quebrado, a parte interna com graves problemas de higiene e uma bagunça geral em atinge tanto permissionários quanto consumidores.
A pergunta que se faz é como uma cidade da tradição de Campos, de rico acervo histórico-arquitetônico, deixou que se chegasse a esse ponto? São 40 anos de remendos e puxadinhos até amargar o atual cenário de estrago. Seguidas administrações não enxergaram que em quase todos os lugares os mercados municipais são espaços valorizados também por fomentar ambientes de negócios e cumprir importante papel turístico, sendo parada obrigatória para os que visitam as respectivas cidades.
Questão ainda mais relevante, o estado de degradação em que se encontra faz com que o Mercado Municipal não cumpra de forma plena função econômico-social que lhe é própria: a de ser o espaço mais acessível e democrático disponível ao consumidor – em particular aos menos favorecidos – na compra de produtos de valor mais em conta e com maior variedade.
Exemplos que Campos não seguiu
Conhecido como “Mercadão”, o Mercado Municipal de São Paulo – com suas bancas de bacalhau norueguês, todos os tipos de frutas e diversificada gastronomia – é famoso no Brasil e no exterior, sendo um dos pontos mais procurados pelos que visitam a capital paulista. O de Belo Horizonte, no coração da cidade, não fica atrás: restaurantes, comidas típicas, lanchonetes, pastéis exóticos e um sem número de lojas com todos os tipos de artigo.
Ressalve-se, nenhum dos dois tem 100 anos. O de SP é de 1933 e o de BH de 1929. Mas Campos não seguiu os exemplos e parou no tempo no até chegar à triste situação em que se encontra. Ainda sobrevive pela tradição.
Mudança
Como o desleixo vem de longe, infelizmente nada de mais significativo haveria de esperar para o ano do centenário, que coincide com a pandemia e a crise econômica porque passa o município.
Todavia, no tempo que for possível e com a urgência que o assunto exige, é preciso que o projeto de restauração, de reforma e de melhoria se concretize. É inaceitável que um bem público da importância do Mercado siga, ad aeternum, cercado por tapumes e com aspecto que chega a lembrar o de ruínas.
O MM de Campos tem uma história de 100 anos e um legado que não pode ser jogado no lixo. Ali existe uma memória viva, um espaço que pertence ao povo e que um dia foi motivo de grande orgulho para nossa gente.
Fonte: Terceira Via