domingo, 13 de junho de 2021

Falta atenção da prefeitura de Campos para a Orla de Guarus: acumulo de lixo e entulhos

(Foto: Ralph Braz | pense Diferente)

No meio do caminho, muito lixo e entulho. Para seguir adiante, é preciso desviar da estrada abandonada e abarrotada de materiais descartados irregularmente. O problema antigo começa no Parque São Jorge, no subdistrito de Guarus, em Campos. Pela Avenida Francisco Lamego, no Parque Prazeres, até chegar à extinta Usina São João, o estado de abandono pode ser conferido todos os dias. Moradores se queixam do declínio da região desde o fechamento da indústria de açúcar e álcool. A Prefeitura de Campos diz que cuida da área, mas ainda não consegue se livrar do vandalismo e do descarte irregular de resíduos, praticados por pessoas de vários lugares.


O despejo de lixo e entulho no prolongamento da Avenida Francisco Lamego, segundo um morador, acontece diariamente. “São carroceiros e até caminhoneiros que trazem entulho e lixo de vários lugares da cidade. A Prefeitura de Campos, por meio da empresa Vital, costuma de vez em quando, fazer a remoção. Aí, eles limpam, e logo depois chegam mais carroças e veículos para despejarem o material”, comenta.

Há quase duas décadas, desde a falência da Usina São João, os bairros em seu entorno passam por período de decadência. Apesar de muito próximos à área central, no São Jorge e no Parque Prazeres a sensação de abandono é revelada com cuidado pelos moradores. Temendo represálias, sobretudo de indivíduos ligados ao tráfico de drogas, falar sobre problemas nos bairros causa desconforto e apreensão. A reportagem conversou com algumas pessoas, mas todas pediram para não serem identificadas.

Até a época em que a Usina São João operava na região de Guarus, a partir do Parque Prazeres, a Avenida Francisco Lamego possuía pista dupla calçada em paralelepípedos. Durante a última gestão do então prefeito Arnaldo Vianna, durante uma enchente do Rio Paraíba do Sul, a Defesa Civil interditou uma das pistas às margens do rio com barreiras para impedir o avanço das águas em mais alagamentos. Passada a cheia, pouco tempo depois, o local continuou fechado ao trânsito e nunca mais foi aberto. Com o trânsito liberado em apenas uma pista, a parte interditada passou a ser usada como depósito de lixo.

“Com a falência da usina e o fechamento da avenida, o abandono só aumentou. Daqui do Parque Prazeres até aos prédios da São João, a gente se sente esquecido pelas autoridades. Nunca mais houve melhoria na região. Até o ônibus não vai mais até o antigo ponto”, comenta um outro morador. A questão de segurança também é citada por ele. “A Polícia Militar está sempre por aqui. A gente sabe de tráfico e até prisões, mas isto parece nunca acabar. Melhor ficar quieto e não se envolver”, diz.

Por meio de nota, a Prefeitura de Campos se manifestou sobre o acúmulo de lixo e entulho na Avenida Francisco Lamego, e sobre a interrupção do tráfego na pista.

“A Secretaria de Serviço Públicos informa que vem realizando a limpeza em vários bairros e inclusive no local já foi feito, mas infelizmente a população insiste em descartar lixo e entulhos em locais inadequados. Os trabalhos do órgão seguem um cronograma e será realizados novamente assim que possível”, comentou sem apresentar uma solução mais clara e definitiva para o problema.

Depois de três anos fechada, a Parque Prazeres Usina de Reciclagem voltou a operar na região como um depósito de compra e venda de materiais recicláveis. O empresário José Rogério Lobo diz que é preciso valorizar os catadores de plásticos, alumínio e vidro, cobre, metal, baterias e ferros. Ele reclama do despejo de material irregular próximo ao seu estabelecimento.

“É preciso fiscalização e combate pelo poder público. Quem joga lixo aqui não tem consciência e respeito ao meio-ambiente. Creio que a solução só virá quando inaugurarem a ponte estadual ligando São João da Barra a Gargaú, em São Francisco. Quando isso ocorrer, esta avenida e toda a rodovia RJ-194 terão que ser recuperadas. O trânsito vai aumentar por aqui”, cogita. Enquanto isto não acontece, lixo e entulho ainda ameaçam quem quer seguir livremente pelo caminho.







Fonte: Terceira Via