(Foto: Reprodução) |
A vigorexia, que em inglês denomina-se “overtraining” – ou seja, “excesso de treino”, trata-se de um transtorno que acomete diversas pessoas. Quem apresenta vigorexia é adicto, dependente mesmo de exercícios físicos.
A Associação Psiquiátrica Americana classifica hoje a chamada vigorexia, ou dismorfia muscular (DISMUS), como um tipo de transtorno dismórfico corporal que está relacionado à distorção da autoimagem corporal. Esse tipo de distúrbio é caracterizado pela preocupação excessiva com a aparência de partes do corpo, atrapalhando o desempenho profissional, social e de outras áreas da vida. É aquele perfeccionismo exagerado com o reflexo no espelho, quando uma única aparente dobrinha causa desespero.
Provavelmente, quem frequenta academia conhece o tipo: é aquele que valoriza de forma fanática o treino físico, a tal ponto de exigir constantemente do corpo sem se importar com as consequências e contraindicações que isso implica. Por isso, o transtorno dismórfico está intimamente ligado à vigorexia. O problema ocorre justamente porque não se encontram limites nesse caso e, do mesmo modo que acontece com a anorexia, há uma necessidade absurda de ver cada vez mais os resultados. Se quem sofre de anorexia busca o aparecimento dos “ossinhos” ao ponto de apresentar caquexia (extrema desnutrição), a vigorexia não mede esforços para fazer com que os músculos sejam maiores, melhores, mais definidos… Até onde entra o bom senso nesses casos? Malhamos para entrar em forma, para ficar saudável e, mesmo no caso do fisiculturismo, é necessário saber onde os hábitos estão passando dos limites. Como disse, todo o extremo faz mal e atenção: a perfeição não existe!
Essa constante procura pelo corpo definido perfeito é um problema, pois, além de estar relacionado com o padrão de beleza que vendem por aí, o transtorno dismórfico, que é uma das causas, faz com que a pessoa se torne complexada com o próprio corpo. Se a sociedade, como um todo, dita que para você resolver qualquer problema e se tornar bem sucedido e feliz, é necessário ser belo e forte, como sair disso? Muitos jovens, e uma porcentagem considerável de adultos também, jogam traumas que passaram durante a fase escolar, por não se “encaixarem” na própria forma física. Pensam que se não foram “aceitos” era porque não eram fortes e, por isso, não conseguiam parceiras ou parceiros. Logo, entram em academias e dietas loucas para atingir uma meta e, quando alcançam uma boa forma, querem sempre mais. A insegurança é tamanha que o transtorno só pode ser explicado por ser mental. As pessoas acabam verdadeiramente perdendo a noção de sua própria corporeidade e nunca param ou ficam satisfeitas.
Os sintomas se evidenciam pela obsessão em tornar-se musculoso, sempre checando no espelho e, mesmo assim, se veem “fracos”. Desse modo, todas as suas horas são preenchidas com exercícios e treinos duros, para aumentar a musculatura de um jeito nada saudável. Veja, não há nenhum problema em malhar e querer sempre um resultado melhor. Mas se torna um problema sério a partir do momento que a pessoa nunca está satisfeita com os resultados que são visíveis! Portanto, atenção, vocês conhecem alguém assim?
Esse tipo de distúrbio normalmente acompanha efeitos clínicos importantes com frequentes sintomas psiquiátricos, como depressão, psicoses e pensamentos suicidas. Se os profissionais de saúde e de educação física mais ligados à pessoa também forem adeptos da pratica de exercícios físicos, a probabilidade de identificarem o problema em fase inicial é maior. Isso porque, ao contrário da anorexia, que é percebida com maior facilidade pelos profissionais de saúde devido a uma visível devastação física, o indivíduo com transtornos dismórficos – incluindo a vigorexia ou dismorfia muscular – tem uma aparência saudável!
Não há nenhum problema em malhar e querer sempre um resultado melhor. Mas a partir do momento que a pessoa nunca está satisfeita com resultados que são visíveis, isso se torna um problema e um perigo. Não tenha medo de procurar ajuda de um psicólogo ou psiquiatra. Esse conceito de corpo ideal tem que mudar! Você não precisa ceder à ditadura imposta pela mídia. Lembrando que quase tudo que a mídia lhe empurra como cultura é fruto de interesses comerciais da Indústria, da “Matrix”. Você não precisa estar preso a isso! Ser feliz é ser livre para se olhar no espelho e encontrar beleza, independente do que lhe impõem como referencial.
Fonte: Blog do Dr. Barakat