sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

UTI DO HGG SEM AR CONDICIONADO: PACIENTES CORREM RISCO DE INFECÇÃO

(Foto: Ralph Braz)
Há cerca de duas semanas os pacientes internados na enfermaria e na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Geral de Guarus (HGG) estão sofrendo com a alta temperatura e o risco de proliferação de bactérias. É que os aparelhos de ar condicionado da unidade queimaram após um curto-circuito na rede elétrica e, até o momento, o problema não foi tratado como emergencial. A denúncia foi feita por familiares de pacientes que dizem estar indignados com tamanho descaso.

Para confirmar a informação, a equipe de reportagem do jornal Terceira Via esteve no HGG na última terça-feira (3) e abordou os familiares e amigos dos pacientes que aguardavam o horário de visitação. Não foi preciso muita espera até encontrar alguém disposto a falar sobre a situação. O irmão da professora Marilene Gonçalves de Oliveira, de 52 anos, está internado na enfermaria da unidade. Ela disse que precisou pedir uma autorização no setor de enfermagem para levar o ventilador de casa para o irmão. “Ele estava sentindo muito calor, o que o deixava nervoso. Outros pacientes também estão usando o ventilador de casa para se refrescar, mas nem todos têm”, contou. Outra visitante, que preferiu não se identificar, disse que na UTI estava “bem quente”.

Para o engenheiro hospitalar, André Luiz Evangelho Lopes, o tratamento do ar em um hospital, principalmente em uma Unidade de Terapia Intensiva, não é apenas importante, mas essencial. Segundo ele, existem pelo menos três legislações básicas que tratam o assunto. Uma delas é a NBR-7256, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) que “estabelece os requisitos mínimos para projeto e execução de instalações de tratamento de ar em estabelecimentos assistenciais de saúde”.

Outra resolução é do Ministério da Saúde que exige o Plano de Manutenção, Operação e Controle (PMOC). Esse Plano dispõe sobre os procedimentos de manutenção, operação e controle dos sistemas de climatização e limpeza dos ambientes climatizados, para que não tragam riscos à saúde dos trabalhadores que os executam, nem aos ocupantes dos ambientes climatizados.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), na Norma Regulamentadora nº 9, orienta sobre “os padrões de qualidade de ar interior em ambientes de uso público e coletivo, climatizados artificialmente”. De acordo com o documento, “a faixa recomendável de operação nas condições internas para verão, deverá variar de 23°C a 26°C; para condições internas para inverno, a faixa recomendável de operação deverá variar de 20°C a 22°C”.

“A qualidade do ar pode influencia na velocidade de recuperação dos pacientes e também na ocorrência de infecções hospitalares, porque o risco de proliferação de fungos, protozoários e outras bactérias e vírus é grande e as resoluções citadas obrigam o tratamento e renovação do ar constante. Além disso, é importante frisar que somente o ar condicionado com expansão indireta deve ser utilizado nesses espaços. Nem o Split, nem o ar de janela podem usados, porque eles não renovam o ar do ambiente”, explicou. O engenheiro disse ainda que os equipamentos do hospital também precisam estar resfriados para funcionar adequadamente.

Sempre respeitando o princípio do contraditório e buscando diferentes versões para o mesmo fato, o Terceira Via entrou em contato por e-mail com a assessoria de imprensa da Fundação Municipal de Saúde (FMS). Por meio de nota, a FMS confirmou a denúncia. Segundo o órgão, “vários piques de energia na rede de fornecimento da Ampla queimaram 80% dos equipamentos de ar central da UTI e foram danificados oito motores de ventilação e oito compressores de ar condicionados”.

Na nota, o diretor geral do HGG, Wilson Cabral, disse que “90% dos equipamentos já foram recuperados ou trocados e até esta sexta-feira (6) todo o sistema de ar condicionado deverá estar funcionando normalmente”.




Fonte: Terceira Via