quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

PORTO DO AÇU EM SJB É MULTADO POR SALINIZAR CANAIS



A causa da salinização dos mananciais hídricos de água doce e do solo na Baixada Campista, que provoca perdas para agricultores e pecuaristas por causa do excesso de sal na água dos bebedouros do gado, já tem origem: as obras do Super porto do Açu, 5º distrito de São João da Barra (SJB). Os milhões de metros cúbicos de areia escavada e lançados com água salgada em áreas na faixa litorânea nos últimos três anos, afetou as águas do Canal Quitingute, e já chegou ao lençol freático, bem como aumentou consideravelmente o nível do teor de sal nas águas de canais secundários, e de algumas lagoas, como a Lagoa do Salgado e Lagoa de Iquipari, conforme levantamentos técnicos feitos por pesquisadores Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf).

(Pesquisadores da UENF/ Foto: fmanha)

Quem afirma também são as duas maiores autoridades ambientais do Estado do Rio: o secretário de Estado do Meio Ambiente, Carlos Minc, e a presidente do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), Marilene Ramos. De acordo com informações dadas à imprensa, o secretário Carlos Minc disse que na próxima semana será divulgado as ações que a LLX – responsável pelas obras do super porto -, deverá executar para correção dos danos. Já o Inea, além de declarar que a empresa deverá dobrar (para 16) a quantidade de poços de monitoramento do local para identificar a extensão da possível contaminação das águas subterrâneas, garantiu ainda que “certamente” haverá alguma multa, só não sabe de quanto.

(Fotos: Daniel Marenco/ Folhapress)
O canal mais atingido foi o Quintingute. Principal fonte de abastecimento dos agricultores locais, ele foi caracterizado como de água doce pelo estudo de impacto ambiental, mas atualmente tem 2,1 de salinidade, quando o adequado para irrigação é de, no máximo, 0,14.



De acordo com ela, o transbordamento já foi corrigido com um novo sistema de drenagem. Agora restam as análises das águas subterrâneas. O objetivo é identificar se elas foram contaminadas pela água salgada do processo de dragagem do porto.
Através de nota, a LLX informou que “monitora a salinidade em mais de 40 pontos, e informou também sobre as providências adotadas. Eis a nota na íntegra:

Informação à Imprensa

A LLX monitora os níveis de salinidade em mais de 40 pontos situados na área de influência do Superporto do Açu (São João da Barra, RJ), de acordo com as exigências do licenciamento. A empresa também possui convênio, desde 2010, com universidades locais, como a UFRRJ (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro) para monitoramento dos canais utilizados para irrigação, sem qualquer indicação de alteração da atividade agrícola.




A empresa informa ainda que firmou parceria com universidades e especialistas em meio ambiente do Rio de Janeiro, São Paulo e Estados Unidos, para ampliar o monitoramento na área de influência do Superporto do Açu. Apresentou, também, o plano de ampliação da malha amostral desse monitoramento para análise do órgão ambiental responsável.

A LLX reafirma seu compromisso com a adoção das melhores práticas na construção de seus empreendimentos, com foco no desenvolvimento sustentável, e mantém o diálogo com os órgãos competentes para implementar quaisquer medidas preventivas que se façam necessárias”, informou.

Arte: Folha de SP

Água salgada na água doce

Em entrevista ao Portal de Notícias da Folha de São Paulo, a presidente do Inea, Marilene Ramos, detalhou que o problema ocorreu após o transbordamento da água salgada do sistema de drenagem da dragagem do porto. A água, que deveria voltar para o mar, atingiu reservatórios de água doce, principalmente o Quintingute, um dos importantes mananciais da malha de 1.200 quilômetros de canais da extensa Baixada que irrigam terras dos municípios de Campos, Quissamã e São João da Barra.

Segundo relatório do estudo de impacto ambiental, realizado por empresa especializada, contratada pela própria LLX, nas especificações internacionais, atualmente a água do Quitingute apresenta 2,1 de salinidade, quando o adequado para irrigação é de, no máximo, 0,14.

Marilene Ramos adiantou que a LLX teria corrigido a falha na realização da drenagem que resultou no transbordamento, com a adoção de um novo sistema de drenagem.
Contudo, não falou se é possível e quais serão as providências para “desalinizar” o lençol freático (águas subterrâneas), atingido pela água salgada.


Pesquisadores da UENF são ameaçados por MILÍCIAS da LLX e da guarda municipal de SJB. Relembre o caso


Fonte: O Diário