O sargento PM Bruno da Cruz Rosa e o assessor especial da Prefeitura de Petrópolis, Robson Esteves de Oliveira, presos nesta quinta-feira (02) durante a Operação Asfixia, deflagrada pela Polícia Civil e Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), atuavam como informantes do Comando Vermelho (CV) e ajudavam a facção a vigiar a movimentação de viaturas da corporação.
De acordo com a 106ª DP (Itaipava) e o Grupo de Atuação Especializada no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MP, os dois compravam e instalavam rastreadores GPS nos veículos a mando do tráfico, recebendo propina.
A investigação aponta que Robson comprava os aparelhos e os entregava a Wando da Silva Costa, o Macumbinha, apontado como chefe do CV na Região Serrana. O traficante, então, repassava os dispositivos a Bruno, que os instalava nas viaturas. Wando não foi preso na ação desta quinta e é considerado foragido.
Como o esquema funcionava
Com os rastreadores, os traficantes conseguiam acompanhar em tempo real a localização dos veículos e até identificar os agentes que estavam nas patrulhas. Conforme as investigações, Bruno recebia pagamentos em dinheiro e outros benefícios em troca das informações. Robson também teria repassado dados sigilosos da prefeitura à facção.
Além do policial e do assessor, outras dez pessoas foram presas na operação, que teve como foco desarticular a estrutura do Comando Vermelho na região.
Em comum, há anos nas funções
A ação descortinou uma tática usada pelos criminosos: o uso de servidores públicos, há alguns anos em suas funções, em favor do tráfico. Bruno também é acusado de facilitar a logística do tráfico. O policial atuava no 20º BPM (Mesquita), na Baixada Fluminense, e está há 20 anos na corporação.
Já Robson trabalhava há anos na Secretaria de Serviços da Prefeitura de Petrópolis. Procurada, a administração municipal disse que não tinha conhecimento das atividades ilícitas, exonerou o servidor e informou que irá colaborar com as investigações. A Agenda do Poder não localizou os advogados do PM preso ou do assessor.
Cerca de R$ 700 mil em bens foram bloqueados. Segundo os agentes, o patrimônio foi usado para sustentar atividades ilícitas.
Os criminosos na mira das investigações são apontados como os responsáveis pela expansão da facção do conjunto de favelas principalmente para Petrópolis.
Mais envolvidos
As investigações identificaram 55 envolvidos no esquema, revelando que o líder da organização, seu braço direito e outros comparsas estavam escondidos no Parque União, uma das favelas da Maré.
Eles são responsáveis por coordenar a logística de transporte dos entorpecentes. O material ilícito sai da capital para a Região Serrana, sendo redistribuído em diferentes áreas de Itaipava, cada qual sob a responsabilidade de gerentes locais.
De acordo com os agentes, o grupo também exercia o controle territorial e aplicava regras violentas à comunidade, impondo medo e repressão a quem se opunha à facção.