O coreto principal da Praça Barão do Rio Branco, mais conhecida como Jardim do Liceu, em Campos, está em completo abandono. O espaço, que deveria estar interditado por determinação do Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac), chegou a receber tapumes para as obras de resolução de problemas estruturais apontados pelo órgão. No entanto, com a tapagem danificada, pessoas ainda conseguem acessar o coreto, que está com muito lixo e sujeira.
A interdição do coreto, que é tombado como patrimônio histórico pelo Inepac, foi determinada em julho de 2023. Antes da decisão, a possibilidade do fechamento total da praça foi ventilada, porém foi descartada, já que o Jardim do Liceu recebe diversos eventos culturais ao longo do ano, como o tradicional Samba da Praça do Liceu.
A secretaria municipal de Obras e Infraestrutura informou à época que foi notificada pelo Inepac e que estava trabalhando na realização do projeto de recuperação. Com a depredação e quantidade de lixo no coreto, não há, neste momento, sinais de avanço na recuperação do coreto.
“A luta pela restauração do coreto vem desde 2022. Em 2023, quando, por m, a gene conseguiu a determinação para a interdição, foram colocados tapumes e ficamos aguardando a finalização do projeto de restauração. No decorrer do tempo, o espaço vem sendo alvo de atos de vandalismo e arrombamento, com pessoas em situação de rua invadindo o coreto. Nós enviamos duas notificações ao município para a recolocação da tapagem, sendo que a última foi enviada em outubro de 2024, mais ainda não tivemos respostas. A gente soube que o processo de restauração está na pauta, mas também não fomos comunicados de novidades", disse.
O diretor regional do Inepac ainda falou sobre a estrutura do coreto. Ele explica que além da importância cultural para a cidade, existe a preocupação com os riscos que a estrutura oferece para quem frequenta o Jardim do Liceu, principalmente para quem passa parte do coreto ou fica dentro dele, como as pessoas que invadem para dormir ou vandalizar.
O arquiteto e urbanista, conselheiro Conselho de Preservação do Patrimônio Arquitetônico Municipal (Coppam) pelo Instituto Histórico e Geográfico de Campos dos Goytacazes, Renato Siqueira, reforçou que o coreto do Jardim do Liceu apresenta sinais de deterioração e uso indevido há um certo tempo. Para ele, o espaço, que chegou a ter eventos culturais interrompidos e, atualmente, a interdição total com tapumes, não passou por uma avaliação para que seja revertida a situação crítica na qual se encontra.
“É preocupante perceber que um patrimônio central e tão valioso perdure tanto tempo sem uma ação efetiva por parte do Governos do Estado, que liberou recentemente uma quantia significativa para o asfaltamento de ruas da cidade, mas, não se sensibilizou com a situação crítica do Coreto", disse.
O especialista ainda disse que o Inepac precisa definir medidas para que o coreto seja resguardado além do isolamento com os tapumes para a sua preservação.
“É preciso que o escritório local do INEPAC, intervenha firmemente junto ao escritório da sede, no Rio de Janeiro, a m de iniciar medidas urgentes e efetivas, que ultrapassem o simples isolamento, em especial pelos registros de arrombamento da estrutura de isolamento e do próprio Coreto, antes que avance mais o estado atual de avarias, visto que não é o desejável para um patrimônio tão significativo e reconhecido na cidade, por pessoas de várias gerações e idades”, finalizou.
O jornal entrou em contato com a Prefeitura de Campos para saber o que tem sido feito para evitar que o coreto do Jardim do Liceu seja invadido novamente, com reposição de novos tapumes, já que o que está no local foi arrombado. A reportagem ainda perguntou se existem novidades em relação ao projeto de revitalização do coreto do Jardim do Liceu.