(Foto: Ralph Braz | Pense Diferente) |
As pessoas passam apressadas para trabalhar logo no início da manhã e a maior parte nem nota que eles estão ali. Praticamente “invisíveis”, os moradores de rua enfrentam a triste realidade de não ter um teto, uma cama quente e às vezes nem um cobertor.
“Moça, você tem dinheiro pra eu comprar uma sandália de dedo, roubaram a minha aqui na rua e o chão está muito quente para eu andar descalço!”. O pedido é de um travesti, de 26 anos, ele prefere não se identificar, mas conta que saiu de casa aos 18 anos, porque a família não aceitava sua condição sexual. Após morar com amigos e colegas que conheceu pela vida, a condição financeira não permitiu que pagasse mais aluguel e ele foi parar nas ruas.
“Aqui é um salve-se quem puder, você tem que andar com suas coisas o dia todo pra ninguém pegar, é uma vida dura, mas é a única que eu posso ter no momento.”, conta, dizendo ainda, que não desistiu dos seus sonhos. “todo mundo quer um trabalho digno e uma casa pra morar, mas a vida não é uma novela, onde num passe de mágica aparece alguém pra te tirar da rua e oferecer tudo que você sonhou”, diz o jovem.
O jovem “mora”, junto com outras pessoas, no Centro de Campos. Por volta das 7h da manhã ainda é possível encontrar muitos moradores dormindo, principalmente na calçada do Edifício Ninho das Águias e Correios. Há também um grupo se abrigando embaixo da marquise de uma loja de fotografias fechada e outro ao lado da loja de fores, ao lado da Catedral.
O aspecto da Praça pela manhã é de abandono, poças de urina, fezes pelos cantos, muita sujeira e comida derramada. “Não consigo entender porque se permite essa bagunça, não tem um vigia, um policial, ninguém pra colocar alguma ordem aqui. Preciso chegar cedo no INSS pra resolver problema e estou com enjôo, causado por esse cheiro horroroso, Questiona Carolina Costa Freitas, de 52 anos, ela diz que entende a situação dos moradores de rua, mas questiona a sujeira que fica nas calçadas.
A sujeira permanece na rua por pouco tempo, logo após às 7h os funcionários da Limpeza Pública do município começam a limpeza do local, sem perturbar os moradores de rua que ainda dormem.
Em nota, a Prefeitura de Campos informou que "o município possui amplo equipamento para moradores de rua, um deles é o Centro de Referência para Pessoas em Situação de Rua (Centro Pop), considerado a porta de entrada para o público alvo. Segundo a coordenadora, Claudia Moura, no mês de abril, foram realizados 123 atendimentos, sendo a maioria de fora do município. Há também a Casa de Passagem com 30 leitos e o Lar Cidadão com 20 leitos.
Diariamente, o Centro Pop realizam uma média de 30 a 40 atendimentos. A equipe vai até os moradores à noite, às terças e quintas; e pela manhã, às segundas, quartas e sextas. Em muitos casos, é feita a busca ativa através de denúncias, mas a maioria já vem sendo acompanhada pela equipe que faz os encaminhamentos para a rede de atendimento no município, tanto na área de saúde como na social e de trabalho e renda, quando há aceitação daquele que não quer mais voltar para a rua.
Durante o dia, são realizadas várias atividades para que os assistidos não fiquem ociosos. Há também aqueles que são encaminhados para o mercado de trabalho. Além disso, a Secretaria busca as famílias dos assistidos e chega as encaminhar de volta a seus lares".
Fonte:Ururau