sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

POLÍCIA FEDERAL APREENDE BENS DE EIKE BATISTA EM OPERAÇÃO NA CASA DO EMPRESÁRIO

(Fotos: Gabriel de Paiva | O Globo)
A Polícia Federal apreendeu bens de Eike Batista, em operação na casa do empresário realizada nesta sexta-feira, no Jardim Botânico, no Rio. Foram levados seis carros, documentos, quadros e até o telefone celular do empresário, além de um piano e de R$ 80 mil, que, segundo Sérgio Bermudes, seu advogado, eram usados para despesas da casa.

Entre os automóveis apreendidos está o Lamborghini Aventador LP700-4, modelo 2012 — com 700 cavalos, que atinge até 350 quilômetros por hora e chega do zero aos 100 Km/h em apenas 2,9 segundos — avaliado em R$ 2,8 milhões e que decorava a sala do empresário. Também está no pátio da PF no Rio o Porsche Cayenne de Eike, que custa entre R$ 600 mil e R$ 700 mil.

A ação foi determinada pela Justiça, para garantir o pagamento de indenizações em caso de condenação do empresário por crimes contra o mercado financeiro. Os bens de Eike e de sua familia foram bloqueados em decisão assinada pelo juiz Flávio Roberto de Souza, da 3ª Vara Criminal da Justiça Federal do Rio. A ordem abrange seus dois filhos mais velhos, Thor e Olin, sua ex-mulher Luma de Oliveira e a mãe de seu terceiro filho, Flávia Sampaio. A ordem determina o bloqueio de R$ 3 bilhões em ativos financeiros e imóveis dos cinco.

— A decisão da Justiça Federal é de uma fúria brutal. O juiz Flávio Roberto de Souza está fazendo uma clara retaliação ao fato de termos questionado sua parcialidade na condução do caso. O processo ainda não foi julgado pelo Tribunal Regional da Justiça Federal (TRF).


'NÃO FICOU DINHEIRO NEM PARA COMIDA', DIZ ADVOGADO

Bermudes questionou o fato de a defesa do empresário não ter acesso à decisão que determinou o bloqueio de bens esta semana. E afirmou que os advogados criminalistas vão recorrer, mesmo sem ter conhecimento do conteúdo da decisão assinada pela Justiça Federal. O advogado frisou que a equipe da Polícia Federal agiu com cortesia no cumprimento da ordem de busca e apreensão.

O processo de julgamento do empresário teve início em novembro de 2014, quando foi realizada a primeira audiência. Há outras ações contra o criador do Grupo X, iniciadas em São Paulo, pelos crimes de insider trading, falsidade ideológica, indução do investidor a erro e quadrilha ou bando.

No ano passado, o empresário teve bens bloqueados duas vezes. Na primeira vez, no início do ano, o pedido era de até R$ 122 milhões. Em setembro, em nova operação, o objetivo era bloquear R$ 1,5 bilhão, mas só foram arrestados R$ 117 milhões, que estavam depositados em debêntures (títulos de dívida). O empresário afirmou em entrevista ao GLOBO, na ocasião, que tinha patrimônio negativo de US$ 1 bilhão.