segunda-feira, 21 de março de 2016

R$ 11 milhões em dívidas: Uenf tem risco de fechar

(Foto: Ralph Braz | Blog Pense Diferente)
R$ 11 milhões em dívidas, incluindo contas de água e luz em atraso, possibilidade de fechamento e ainda o risco de perder mais de 20 anos em pesquisas. Esta é a realidade da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (Uenf), segundo o reitor Luiz Passoni e outros professores da instituição. A situação, que já havia sido divulgada na última sexta (18), foi explicada para a imprensa e parte da comunidade acadêmica em uma coletiva de imprensa na tarde desta segunda-feira (21).

Segundo o reitor, a universidade acumula R$ 6 milhões em dívidas do ano passado, além de R$ 5 milhões em débitos deste ano. As consequências até o momento foram o corte nos telefones, o corte da verba para gasolina dos veículos, a paralisação dos serviços de limpeza, além de ameaças de cortes de luz, água e gases usados em pesquisas.


“Nós precisamos que o governo cumpra o orçamento aprovado, o que não acontece. Também pedimos que seja feito o pagamento mensal de 1/12 do orçamento. Porque nós ficamos meses sem receber os repasses e nunca sabemos qual quantia vem. Nossas dívidas estão se acumulando e os fornecedores sempre ameaçando parar de nos fornecer os materiais que precisamos”, explicou o reitor.

Prejuízo das pesquisas

Atualmente, uma grande preocupação dos professores é com o andamento das pesquisas. Listada em 1º lugar do estado do Rio de Janeiro e em 11º lugar no país entre as 226 melhores universidades no ranking do Ministério da Educação, a Universidade corre o risco de ver todo o trabalho de pesquisa feito na instituição se perder.

“A possibilidade do corte de água e de luz é gravíssima. Precisamos deixar claro que é intolerável que tenhamos que parar. Será o caos. Todas as pesquisas serão prejudicadas severamente. A minha pesquisa não sobreviverá. Isso é injusto. Tirem dinheiro de outro lugar”, desabafou o professor e pesquisador Enrique Medina, que atua na área de análises de DNA.

Atualmente, a Uenf tem mil projetos de pesquisa, sendo que todos têm temática regional. “Temos materiais biológicos de valor incalculável e a perda seria irreparável. Nós não podemos ficar uma hora sequer sem luz. Isso envolve pesquisas de todas as áreas. Temos pesquisas de doutorado de quem está há quatro anos trabalhando no projeto e que pode ter todo o trabalho jogado fora. Eu nunca vi uma crise deste tamanho na Uenf”, alertou a pró-reitora de Pesquisa e Pós-graduação da Uenf, Rosana Rodrigues.

Pedido de socorro

Segundo o reitor Passoni, além do atraso nos repasses, outra causa para a crise na Uenf é o corte de verbas. Somente para o orçamento de 2016 – que tem valor total de R$ 180 milhões – houve um corte de R$ 25 milhões.

“Temos ido ao Rio de Janeiro praticamente toda semana e com gastos dos nossos bolsos. Estamos em tentativas desesperadas com a Comissão de Educação da Alerj e com a Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia para conseguir o repasse o mais rápido possível, mas não temos informação de quando nem o quanto teremos de verba”, explicou Passoni.

Sobre a Uenf

A Uenf foi inaugurada em 16 de agosto de 1993 e tem 23 anos. A universidade é a 11ª melhor do país, a primeira do Estado do Rio de Janeiro e a segunda estadual brasileira, segundo o Índice Geral de Cursos do MEC (IGC) 2013, divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP). Atualmente, mais de 4 mil alunos estudam na instituição, sendo cerca de 1.600 cotistas. Os estudantes estão em greve desde o início do ano.









Fonte: Terceira Via | Priscilla Alves