(Câmara de Petrópolis - divulgação) |
Nesta terça-feira (15), a maior tragédia socioambiental da história de Petrópolis completa um mês. Nessas semanas que sucederam o desastre, a cidade contabilizou 233 mortos e ainda busca por quatro desaparecidos – entre eles uma criança, Pedro Henrique, de 8 anos. Como forma de expressar a dor que ainda é sentida na cidade, um grupo formado por familiares das vítimas e lideranças comunitárias, além de voluntários que ajudaram nos resgates e na busca pelos desaparecidos, resolveu promover uma homenagem, no “Ato por Petrópolis”.
“A gente vem trabalhando desde os primeiros dias como voluntários aqui em Petrópolis. Hoje, estamos no Chácara Flora. Eu sou jornalista e o Thomas documentarista. Começou como uma intenção de registro e se tornou basicamente um trabalho de apoio e suporte às buscas por desaparecidos. Conseguimos ferramentas para ajudar o Leandro (pai do Gabriel Vila Real) nas buscas feitas nos rios pelos desaparecidos. E nesse contato com as pessoas percebemos que houve um sentimento de que o suporte das autoridades, o apoio, se deu mais nos primeiros dez dias. Depois disso houve muitas falhas de comunicação do poder público com essas pessoas e um sentimento crescente de que as coisas ficaram do jeito que estão. Muitos bairros ainda estão com cenários bem parecidos com o de um mês atrás. Nas últimas duas semanas a gente vem sentindo da população esse sentimento de esquecimento, de que as coisas não terão solução”, explica Marina Ferreira, que é da cidade do Rio de Janeiro e ajudou as famílias a organizarem o ato.
“Preferimos nos colocar como facilitadores e não organizadores. O que a
gente está fazendo é ajudar essas famílias a se organizarem, a prestar
essa homenagem aos seus entes perdidos, que é um sentimento comum
em todas elas. A gente criou um grupo no WhatsApp com várias famílias,
que querem fazer uma homenagem. Somos facilitadores, ajudamos só as
famílias a se organizarem para essa mobilização”, destaca a jornalista.
O encontro está marcado para às 16h na praça Visconde de Mauá, também
conhecida como “praça da Águia”, que fica em frente à Câmara Municipal
de Vereadores. Segundo os organizadores, a partir das 17h será lido um
texto em homenagem às vítimas e haverá momentos para que as famílias
possam falar. “Além disso, está previsto para às 18h um momento de
silêncio de 233 segundos (cerca de quatro minutos) em homenagem aos
mortos da tragédia. E, enquanto o silêncio ocorre, serão fixadas 233 cruzes
no gramado da praça”, informa Marina.
“É um ato para lembrar das perdas que essas famílias tiveram e de que
essas pessoas não serão esquecidas. Em especial, aquelas que ainda
estão desaparecidas e que cujo paradeiro é fundamental para as famílias
que querem ao menos a oportunidade de dar um sepultamento digno à
elas”, diz Marina, que afirma ainda que o ato não tem relação partidária e
que é uma iniciativa das famílias.
Fonte: Tribuna de Petrópolis