(Foto: Marco Antônio Teixeira | Agência O Globo) |
Após 13 anos sem reajustes de preços, a Petrobras resolveu aumentar o GLP (gás de botijão) a partir desta terça-feira. Na segunda-feira, a estatal comunicou às distribuidoras que aumentou em 15% o preço do produto vendido em suas refinarias.
de acordo com estimativas do mercado, a expectativa é que esse reajuste seja repassado integralmente ao consumidor. Com isso, o IPCA, índice de inflação que baliza as metas do governo, deve subir 0,16 ponto percentual numa taxa esperada de 9,29% este ano.
No caso do INPC, que capta os efeitos da inflação em lares de menor renda, o reflexo será maior, de 0,26 ponto percentual. O aumento do gás vai anular a redução na conta de luz, de aproximadamente 2%, que virá com o corte de 18% na bandeira vermelha incluída na conta.
Atualmente, são vendidos 35 milhões de botijões por mês no Brasil por meio de 21 distribuidoras. O aumento no preço do GLP ocorre quando vem caindo a cotação do petróleo no mercado internacional.
Como o último reajuste ocorreu em dezembro de 2002, a Petrobras ficou com defasagem média de 40% nos últimos anos com a venda do produto, segundo o Centro Brasileiro de Infra Estrutura (CBIE). Só em julho deste ano, o GLP estava sendo vendido no país 17% mais barato em relação ao mercado internacional.
PREÇO NO RIO DEVE SUBIR PARA R$ 46,56
Com base na pesquisa de preços da Agência Nacional do Petróleo (ANP), o preço médio do botijão no Estado do Rio deve passar dos cerca de R$ 43,83 para R$ 50,40. Já na cidade do Rio, o preço tende a subir de R$ 40,49 para R$ 46,56. Segundo Sergio Bandeira de Mello, presidente do Sindigás, que reúne as distribuidoras do setor, o repasse para o consumidor vai depender de cada empresa.
Em nota, o Sindigás esclarece que, “como os preços são livres em todos os elos da cadeia e o mercado tem autonomia para fixá-los, a alta do preço do produto nas refinarias aumenta a pressão de custos sobre o GLP para o consumidor final”:
— Foi uma surpresa esse reajuste, pois chegou quando há outras pressões inflacionárias.
O economista Paulo Bruck, especialista em índice de preços, disse que, se os 15% foram repassados para o consumidor, algumas regiões do país vão sentir mais os efeitos, como Recife, Belo Horizonte, Salvador, Vitória, Belém e Campo Grande:
— É um impacto grande a ponto de anular os ganhos com a redução da bandeira vermelha nas contas de luz. O aumento no preço do botijão será mais sentido no INPC, que abrange as famílias com até cinco salários, nas quais predominam casas sem gás encanado.
Segundo Adriano Pires, do CBIE, o país não tem uma política de preços dos combustíveis definida. Ele lembrou que a Petrobras acumula perdas de R$ 60 bilhões nos últimos seis anos por não ter reajustado os preços de gasolina, diesel e GLP.
— Esse aumento no GLP acaba punindo o consumidor, mas, como ficou tantos anos sem reajustes, os preços hoje ainda estão defasados em relação ao exterior. E a Petrobras precisa fazer caixa.
Procurada, a Petrobras ainda não se pronunciou.
Fonte: O Globo