(Foto: Ralph Braz) |
A Santa Casa de Misericórdia de São João da Barra passa por uma crise financeira por falta de recebimento dos convênios. A direção da unidade, que é filantrópica, afirma que não é feito o repasse do governo federal enviado ao municipal desde março. Além de não receber o repasse do SUS, o hospital não recebeu o convênio firmado com a prefeitura de São João da Barra, referente ao mês de julho. Com a falta de verbas, há médicos sem receber o pagamento de julho e haverá diminuição no quadro de funcionários. Segundo o provedor da Santa Casa, Renato Batista, que está no cargo há nove anos, a secretaria de Saúde mandou suspender o atendimento de urgência e emergência da ortopedia e a justificativa foi problemas orçamentários.
O município mandou parar a ortopedia e fez planos para voltar o ambulatório em agosto, mas as cirurgias eletivas de urgência e emergência serão encaminhadas para Campos — afirmou o provedor.
Renato diz que se os convênios não forem liberados o mais rápido possível a Santa Casa terá que suspender todos os atendimentos. “Temos custos altíssimos, material hospitalar que nem o valor do SUS cobre. Há pacientes internados há mais de dois meses, temos a maternidade, exames, curativos, funcionários, alimentação, 42 leitos e muito mais”.
A secretária de Saúde, Denise Esteves, respondeu sobre a demora do repasse do SUS. “A secretaria de Saúde passou de gestão básica para gestão plena, quando isso acontece, o gestor responsável passa a ser o secretário. Nós não tínhamos dotação orçamentária, então, tivemos que enviar um projeto de lei para a Câmara dos Vereadores criando uma rubrica orçamentária, que é o meio legal de utilizar este recurso. Este projeto de lei foi aprovado e será feito um decreto autorizando o acréscimo desta rubrica (crédito especial). Antes a Santa Casa recebia direto do governo federal”.
O economista da Santa Casa, Jorge Tadeu, lamenta a dificuldade para manter o hospital de portas abertas. “Só Deus sabe o sacrifício e o malabarismo que fazemos para não deixar de pagar nada. Até agora temos nossas contas em dia, mas estamos financiando a prefeitura. Uma catástrofe está para acontecer, exemplo disso é se não conseguirmos pagar a folha de funcionários. Agora teremos que fazer uma séria de demissões”.
Mesmo sem o convênio e o repasse o hospital continuou realizando os atendimentos e exames que são marcados pela própria secretaria. Jorge Tadeu conta que a prefeitura pactua um número de exames, mas que esse número sempre é ultrapassado em vista das demandas.
Só no mês de julho a Santa Casa realizou 1.999 consultas especializadas, enquanto a prefeitura pactuou 1.307. De exames de raio-x foram 990, pactuados 200. Jorge conta que não se faz menos de 900 por mês e que não existe como limitar os médicos nos pedidos dos exames: 40 endoscopias, 306 ecos cardiograma, 460 eletrocardiogramas, 176 testes de esforço, 18 colonoscopias (tendo o serviço e alguns pacientes encaminhados para o Álvaro Alvim), 1.289 procedimentos de fisioterapia, sendo pactuados 300 e ainda há 85 pacientes na espera, mais 1.141 curativos, sendo pactuados 150. Nos exames rotineiros, como sangue, fezes e urina, a unidade realizou 23.937, no mês de julho, enquanto a prefeitura pactuou 10.000. O total de cirurgias foi de 41, sendo 24 só de ortopedia.
Sobre o convênio do mês de julho, Denise Esteves, disse que o controle interno está analisando a prestação de contas, mas o valor será liberado o mais rápido possível.
Fonte: SJB online