Moradores e turistas, de um modo geral, têm sido contundentes nas críticas à deficiência dos serviços públicos, essenciais ou não,em São João da Barra, município que ostenta confortável oitavo lugar no ranking brasileiro de maiores PIBs per capita. A dificuldade operacional da administração local começou em meados de 2013, poucos meses depois da posse do prefeito José Amaro Martins, o Neco (PMDB), mas ganhou evidência regional nesta alta temporada, em virtude da população flutuante que chega à cidade e às praias no verão. Uma desorganização que reflete externamente uma crise interna: desde que decidiu romper com a ex-prefeita Carla Machado, hoje filiada ao PT, a quem apoiou quando exercia o mandato de vereador e de quem teve apoio na sucessão da Prefeitura, Neco tem apresentado uma mudança de postura que vem surpreendendo até colaboradores mais próximos.
Neco deu nova cara ao secretariado, mas o novo estafe ainda não se alinhou. Em pleno ano eleitoral, mantém silêncio em relação às suas escolhas para outubro, mas dá sinais que vai seguir a cartilha do governador Sérgio Cabral e seu vice Pezão, mesmo na disputa proporcional. Uma fonte próxima ao prefeito, que prefere não se identificar alegando um “clima confuso e de pressão” neste começo de ano, afirma que a única certeza do grupo é decidir por um nome para a Assembleia Legislativa capaz de tentar prejudicar o projeto de Carla. E enquanto a criatura se volta contra a criadora, a gestão pública vai ficando em segundo plano. “O prefeito sabe que o governo enfrenta problemas de gerenciamento em várias áreas, mas o foco é na política eleitoral, na queda de braço que quer disputar dentro do próprio grupo”.
No meio do fogo cruzado, aliados de Carla e Neco no período da sucessão e que permaneceram no governo enfrentam o peso da desconfiança e insegurança quanto à sua manutenção nos cargos. Pessoas que tiveram funções de destaque na gestão anterior foram exoneradas ou permanecem na Prefeitura, mas com atribuições menos relevantes, vivendo a expectativa da publicação de suas exonerações. “Há quem não saia de casa para o trabalho sem olhar antes o Diário Oficial, porque tem sido praxe exonerar sem sequer avisar na véspera da publicação”, conta a fonte, um assessor que também teme perder o cargo, mesmo cumprindo as obrigações da função.
Para manter o grupo seleto longe de todos os antigos aliados que não considere leais apenas ao seu projeto, o prefeito vem abrindo mão até mesmo de oferecer serviços adequados à população. Prefere não contratar pessoas ou empresas, mesmo que tenham capacidade e excelência no trabalho, utilizando critérios políticos e não técnicos.
Enquanto o governo Neco, em sua nova fase de isolamento político, não encontra o rumo da gestão, o povo sanjoanense continua reivindicando melhores serviços e melhor uso do dinheiro público. Mas pelo menos até outubro a tendência é que a administração perca espaço para o jogo da política.
Fonte: SJB online