(Foto: Ralph Braz) |
QUISSAMÃ e MACAÉ – Cerca de 50 quilômetros separam Quissamã de Macaé, mas, ao ver a realidade dos dois municípios do Norte Fluminense e suas relações com o petróleo, a distância parece ser muito maior. Quissamã é considerada por especialistas como melhor exemplo do uso dos royalties no Brasil. Lá, de fato, foi transformada a realidade de sua população de 22 mil pessoas com investimentos pesados em saúde, educação, cultura e em projetos sociais. Macaé, por outro lado, é onde ficam mais nítidos os efeitos da voraz indústria do petróleo. Sua população mais que dobrou em duas décadas — com impactos até em sua identidade, pois hoje os forasteiros representam mais da metade dos moradores —, gerando problemas de cidade grande ao município de 250 mil habitantes, como trânsito caótico, favelas, poluição, especulação imobiliária e um custo de vida exorbitante.
Em meio ao forte debate sobre a divisão dos recursos do petróleo — que já chegou ao Supremo Tribunal Federal, onde os estados produtores tentam garantir recursos de compensação, apesar de o Congresso ter aprovado uma lei que trata de maneira semelhante locais afetados por petróleo e os estados não produtores, e com a possibilidade de um novo debate entre governadores sobre o tema, conforme antecipado pelo GLOBO na semana passada — moradores das duas cidades acompanham os acontecimentos em Brasília. Sabem que, dependendo do que ocorrer, o bem-estar social de Quissamã pode acabar ou, em Macaé, os problemas trazidos com a indústria de petróleo podem agravar o caos urbano.
Fonte: O Globo