A Comissão de Proteção Animal e a Comissão de Meio Ambiente da OAB Petrópolis publicaram uma nota de repúdio contra o evento. “A prática de criar e manter pássaros em gaiolas representa uma afronta à dignidade animal, impondo-lhes uma vida de restrição e sofrimento psicológico, com comportamentos compulsivos decorrentes da falta de espaço e da ausência de sociabilidade própria da espécie. Tal realidade fere princípios éticos de respeito à vida e ao bem-estar dos animais. Além do aspecto de crueldade, eventos desta natureza estimulam a captura e o tráfico de animais silvestres, atividade ilegal e devastadora, que coloca em risco populações inteiras de aves na natureza e compromete o equilíbrio ecológico de nossos biomas. A retirada de espécies de seu habitat natural enfraquece a biodiversidade e agrava a crise ambiental que vivemos”, diz a nota.
A vereadora Gilda Beatriz, também usou as redes sociais, para informar e manifestar sua opinião a respeito desse enevento.
"Neste fim de semana, no Parque de Exposições de Itaipava, vai acontecer um campeonato de canto de pássaros em gaiolas. Isso é um retrocesso para nossa cidade.Quero pedir a todos vocês: NÃO participem e não apoiem esse evento!Eu faço parte do Conselho Municipal de Proteção Animal (COMUPA), e a legislação determina que o conselho seja consultado com pelo menos 72 horas de antecedência em casos de eventos com animais. Isso NÃO aconteceu. O conselho não foi ouvido, e a lei foi desrespeitada.Já conquistamos vitórias importantes: conseguimos o fim das charretes e também dos rodeios em Petrópolis. Agora, precisamos dar mais um passo.E eu pergunto a vocês: é justo chamar de “campeonato” o canto de um pássaro aprisionado? Pode até parecer “bonito”, mas é IMORAL.Pássaro só canta de verdade quando está livre, nunca em uma gaiola."
O presidente da Novamosanta, Carlos Eduardo Pereira, também se manifestou contra o evento em suas redes sociais. “Uma competição de canto de pássaros, mas em gaiolas faz todos da proteção animal refletirem o que simboliza isso. Primeiro, a contramão da história. Todo o trabalho que hoje os ambientalistas e protetores dos animais fazem é pelo respeito aos seus direitos, aos direitos dos animais, pelo respeito da liberdade, que é uma das características mais importantes”, disse.
O Instituto Estadual do Ambiente (Inea) informou que o torneio em questão cumpriu todas as exigências legais conforme a Lei Estadual n.º 6908, de 17/10/2014, com a redação atualizada pela Lei Estadual n.º 7.845 de 10/01/2018 e Lei Estadual n.º 9.541 de 10/01/22, assim como os critérios estabelecidos pela Resolução SEAPPA n.º 61 de 09/07/2024.
“Reiteraram que torneios de passeriformes são competições de canto entre aves nativas e exóticas, realizadas por associações de criadores amadores com autorização de órgãos ambientais, na qual só participam aves registradas e anilhadas. O órgão considera uma série de critérios sobre o local, as espécies que podem participar, questões de ordem sanitária e licenças. A prática é legalizada e não tem relação com rinhas”, disse o Inea.
A Secretaria Municipal de Meio Ambiente informou que a organização do evento, que é particular, apresentou a documentação exigida.
Procurada, a organização do evento disse que “estamos amparados por todos os órgãos ambientais. O evento segue todos os protocolos e possui a licença dos devidos órgãos competentes. Temos federação e confederação a feepaerj e Cobrapp. O clube do Curió e Bicudo da cidade de Petrópolis possui licença ambiental e está unido ao Ibama-Inea ao combate ao tráfico de animais silvestres. Vivemos em uma sociedade onde todos têm direito de expressão onde a manifestação é um direito de cada cidadão. Assim como as leis também são para manter a ordem. Nossa resposta é não ao tráfico de animais silvestres. E nossa resposta é sim para juntos ao Ibama combatermos o tráfico de animais silvestres”, disseram.
Procuramos o patrocinador do evento, Petro Frutas, mas não tivemos retorno até o fechamento desta edição.