(Fotos: Silvana Rust) |
A falta de manutenção nas estradas de acesso à região do Imbé, em Campos, já gerou manifestações e protestos da população que, sem transporte público e sem ter como escoar a produção agrícola, diz ser cerceada do direito fundamental de ir e vir. O problema também afeta a economia do local, já que dificulta a atividade pecuária e industrial.
Há mais de 20 anos com reparos pontuais, a estrada tem um ponto específico que, por décadas, gerou uma queda de braço entre a Prefeitura de Campos e o Departamento de Estradas de Rodagens do Rio de Janeiro (DER-RJ), sendo considerado um dos piores trechos das estradas da região e que vem gerando despesas com o conserto dos veículos utilizados no escoamento e traslado da produção, além de aumento no valor do frete cobrado aos produtores. Eles chegaram a se juntar para custear a manutenção de um trecho, com maquinário cedido pelo poder público.
A medida amenizou parte do problema, mas a parte da estrada considerada mais crítica ainda continua com a recuperação indefinida. O secretário de agricultura de Campos, Almy Júnior, revelou que a Prefeitura reconhece o trecho como de sua responsabilidade e que o mesmo já entrou no radar das obras de recuperação de estradas.
Considerado um dos maiores produtores de búfalo do Estado do Rio de Janeiro, Paulo Roberto Guimarães contou que o consórcio feito pelo grupo de produtores pagou combustível e mão de obra para recuperar uma estrada de chão em que uma parte é de responsabilidade da Prefeitura e a outra, de competência do Estado. Ele reclama dos altos custos com manutenção dos veículos que trafegam pelas vias esburacadas da região.
“O custo de manutenção dos carros que rodam ali são altos. Eu, por exemplo, gastei R$ 20 mil só no mês passado. Além disso, eu compro cevada, para ração das vacas, e vem de longe, de Friburgo. A entrega tem que entrar por Rio Preto. Não pode entrar pela Tapera, porque tem muito buraco na estrada. Eu mando diariamente um caminhão de silagem para lá e também tem que dar a volta por Rio Preto, para andar pela RJ-190 e não pegar o trecho de buracos que caminhões pesados não aguentam”, reclama Paulo Sérgio.
A estrada à qual ele se refere começa na RJ-158, em Santa Cruz, passa por um cruzamento com a RJ-208, que vem de Tapera e segue margeando Lagoa de Cima até Conceição do Imbé. Nela, há ainda outro trecho que, há anos, é motivo de discórdia entre a Prefeitura de Campos e o DER-RJ. Segundo os produtores, a Prefeitura diz que é responsabilidade do DER; já o órgão estadual afirma que é do município.
Outro problema apontado pelos produtores é a RJ-190, que começa no município de Conceição de Macabu e termina na localidade de Itereré, distrito de Morangaba, em Campos. A via também está com trechos que dificultam a passagem de veículos. Sobre o ponto, em nota, o órgão estadual informou que “uma operação tapa buracos já foi realizada na rodovia, desde Itereré até a divisa entre Campos e Santa Maria Madalena. As pontes sobre o Rio Mocotó e sobre o córrego Berrador também estão passando por obras”.
Messias Filho é produtor de leite da região do Imbé e também diz contabilizar os prejuízos que a falta de manutenção das estradas gera para todos da região.
“Os dois carros, o do meu filho e o meu, toda vez que a gente vai mexer, contando mão de obra e peças, dá em torno de R$ 3 mil, R$ 4 mil. E nós fazemos isso a cada quatro meses, no máximo seis, por causa das condições precárias das estradas. Isso afeta a produção de leite e também impacta na cadeia de produção, porque, com a estrada do jeito que está, o custo/benefício para buscar o leite não compensa. Isso deixa o preço do produto insignificante, ainda mais para os pequenos produtores. Ninguém vai querer botar o caminhão naquela estrada, com risco de quebrar uma peça para pegar apenas mil ou dois mil litros de leite”, explica Messias.
Recuperação em breve
O DER disse que as operações tapa-buracos citadas na RJ-190 tratam-se de serviços de conservação e manutenção rotineira: “O DER realiza frequentemente essas intervenções, em todas as rodovias de sua responsabilidade, conforme necessidade. Em relação às pontes, os pontilhões de madeira que existiam no local estão sendo substituídos por concreto armado. Quanto ao trecho Santa Cruz – Conceição do Imbé, confirmamos ser de responsabilidade municipal”.
Já o secretário de Agricultura de Campos Almy Júnior disse que a Prefeitura reconhece o trecho entre Santa Cruz, passando pelo entroncamento com a RJ-208, até Conceição do Imbé como de sua responsabilidade e que o mesmo já está no cronograma de obras de recuperação de estradas.
“Sempre houve uma confusão naqueles trechos da estrada, mas a Prefeitura sabe o que tem que ser feito. Inclusive, metade já foi feita em uma operação tapa-buraco importante, no ano passado, de Santa Cruz a Lagoa de Cima. Essa operação emergencial já foi feita. A estrada já está muito melhor do que estava no início do ano passado. Falta um pedaço de aproximadamente 15 km, que vai de Lagoa de Cima até Conceição do Imbé, que já tem um plano de ação. Não sabemos, ainda, estimar tempo, mas aquele processo vai ser feito. Falei ontem com o secretário de Obras. É uma demanda nossa, da Agricultura. A gente cuida das estradas de leito natural, estrada de terra e tem várias outras que a gente tem para entrar com obras no entorno”, revelou o secretário.
Fonte: Terceira Via