segunda-feira, 27 de abril de 2015

CIDADE DA CRIANÇA AINDA NÃO TEM PRAZO

(Fotos:Ralph Braz)
Quando começaram as obras da Cidade da Criança, meu filho era uma criança de colo. Agora já está com 4 anos e o tal espaço ainda não foi entregue”. A declaração, que retrata bem a frustração de parte da população com o atraso na entrega da obra, é de uma estudante universitária de 22 anos, que preferiu ter a identidade preservada. O que ela e a população campista cobram é a inauguração do espaço para crianças de zero a 12 anos, que está sendo construído desde 2011, no Parque Alzira Vargas. Inicialmente, o Parque Temático estava orçado em R$ 10,5 milhões, mas uma nova licitação para “complementação” foi feita e o projeto passou a custar R$ 16,7 milhões, segundo publicação no Diário Oficial do dia 21 de maio de 2014, sendo um reajuste de quase 60%. O espaço será o primeiro parque temático de toda a Região Norte Fluminense e está sendo construído em uma área de mais de 8 mil metros quadrados. No entanto, o quinto mês de 2015 se aproxima e o lugar ainda não foi entregue. Somente em 2013, duas datas foram definidas pela Prefeitura para a inauguração: primeiro em outubro e depois em dezembro, mas nenhuma das duas foi cumprida. “As obras da Cidade da Criança podem ser concluídas em dezembro”, afirmou, em outubro de 2013, o secretário Obras, Urbanismo e Infraestrutura, Edilson Peixoto. Dezembro de 2014 foi outro prazo apontado, também não cumprido. A assessoria da Prefeitura não havia informado previsão de entrega da obra até o fechamento desta edição.

Nas ruas, a população se mostra insatisfeita com a demora. “Desde que foi prometida, quatro Dias das Crianças já se passaram e nada de inauguração. Tem criança que já virou adolescente durante a espera. Meu sobrinho mesmo tinha 11 e agora tem 15”, relatou uma comerciante, 31 anos, que preferiu não se identificar. “As crianças que começaram a ver esta obra vão acabar ficando adultos”, disse a dona de casa Beatriz Santos, 38 anos.


Para justificar tais atrasos, o secretário de Obras apontou, ano passado, uma problemática acentuada ao longo dos últimos anos, quando o mercado da construção civil ficou mais aquecido: a falta de insumos e de mão de obra qualificada. “Muitas vezes, as empreiteiras são obrigadas a pegar profissionais com pouca experiência e, por conta disso, obrigadas a refazer os serviços”, disse. Ele lembrou ainda que os órgãos públicos não podem flexibilizar os preços da mão de obra, ao contrário da iniciativa privada, que pode oferecer melhores salários para atrair mais trabalhadores.

Até o fechamento desta edição, a assessoria da Prefeitura não havia respondido ao e-mail enviado pelo jornal na última segunda-feira (20).

Estrutura com opções de um parque temático

O espaço da Cidade da Criança será voltado para crianças de zero a 12 anos. A estrutura tem características medievais, a começar pelo pórtico principal e os detalhes do muro. São castelos, arborismo, quiosques em forma de hambúrguer, sorvete, pipoca e máquina fotográfica. No chão, haverá uma imensa bola de onde jorrará água no momento em que as crianças pisarem, além de um jardim zoológico com animais artificiais. Entre os brinquedos, um em formato de castelo e uma área onde será homenageado o índio goitacá, que dá nome à cidade.

Nos blocos I e II, funcionarão lojas. No bloco III, estão os banheiros, vestiários e fraldários. No prédio principal, tombado pelo patrimônio histórico, funcionará a administração. Toda área construída é cercada de árvores.

De acordo com a Prefeitura, o espaço conta com torres para que as crianças possam praticar a tirolesa e também há um navio de madeira e equipamentos para escalada, seguindo normas de segurança. “É uma estrutura com padrão e acabamento diferenciados, inédita no interior do Estado do Rio de Janeiro”, informou, na época, Peixoto.


Leitores indignados com toda morosidade

A demora na entrega da Cidade da Criança também foi alvo de comentários em publicações nos blogs do Bastos e Ponto de Vista, assinados por Alexandre Bastos e Christiano Abreu Barbosa, respectivamente, sendo ambos hospedados na Folha Online. Nos comentários, leitores se mostraram indiferentes à obra. “A ‘Cidade da criança’ é a obra mais cara e mais enrolada de Campos… Quando inaugurar, minha filha de 5 anos vai levar os netinhos dela para brincar”, ironizou um leitor em comentário no blog do Bastos. Um deles critica: “16,5 milhões, nesta ‘coisa’ aí? Ah, isto tem que ser devidamente apurado, auditado e conferido”, comentou outro leitor no Ponto de Vista.

Justificativas - Ainda de acordo com o blog do Bastos, no dia 24 de fevereiro, após o vereador Fred Machado (SD) questionar o fato de a obra ter passado de R$ 10,5 milhões para R$ 16,7 milhões, o secretário de Governo, Anthony Garotinho, alegou que o Parque Alzira Vargas é considerado um patrimônio histórico e que, por conta disso, a obra foi mais cara e delicada do que o previsto. Além disso, informou que durante as obras, a prefeita resolveu ampliar o projeto, transformando a “Cidade da Criança” em um Parque Temático.





Fonte: Folha da Manhã