(Foto: Ralph Braz) |
A sanção da lei que institui a gratificação especial para os profissionais médicos emergencistas da rede pública municipal, com o corte de 20%, não tem garantido o atendimento adequando na rede de Saúde, já que algumas unidades estão ficando sem plantonistas, principalmente nos finais de semana.
A própria Superintendência de Atenção Regional da Fundação Municipal de Saúde (FMS) relaciona os problemas enfrentados na rede com a falta de médicos que estão pedindo demissão.
Para o presidente do sindicato dos Médicos de Campos (Simec), José Roberto Crespo, os pedidos de demissão estão ocorrendo porque, supostamente, os prestadores de serviços estariam com salários atrasados e sem perspectivas de futuro. Entre o final de janeiro e início de março deste ano, os médicos do Hospital Ferreira Machado (HFM), Hospital Geral de Guarus (HGG) e secretaria de Saúde entraram em estado de greve em repúdio ao corte nos salários, proposto pelo governo municipal. A Prefeitura não comentou o assunto. Nos últimos dias, leitores da Folha voltaram a reclamar da falta de médicos no Posto de Urgência (PU) de Guarus e também na unidade psiquiátrica da Saldanha Marinho.
— Os profissionais terceirizados estariam de 2 a 3 meses sem receber os seus vencimentos, e também, com o “boato” de que pode haver demissões em massa, os profissionais estariam abandonando os locais de trabalho — relatou José Crespo, destacando também que a Prefeitura precisa reestruturar a rede para que a população não seja prejudicada. “Há muitos postos de saúde que são implantados sem necessidade. Há 1.500 mil médicos em Campos e não vejo motivos para o município ficar carente do profissional. É preciso organização”, disse.
Falta – No último fim de semana, pacientes que procuraram os Postos de Urgência de Guarus e da Saldanha Marinho encontraram dificuldades, já que faltavam médicos, inclusive para o atendimento emergencial psiquiátrico. A FMS respondeu na ocasião que “em virtude do grande número de pedidos de demissão de médicos plantonistas da Unidade Pré-Hospitalar de Guarus, alguns dias estão sem clínicos e os pacientes estão sendo direcionados para outras unidades de saúde. As escalas estão sendo reorganizadas, mas ainda não há número suficiente de médicos para promover as substituições integrais. Profissionais estão sendo chamados para cobrir as lacunas deixadas pelos plantonistas de domingo, segunda-feira e terça-feira, que pediram demissão”.
Gratificação – No último dia 13, o Diário Oficial do município publicou a Lei de número 8.629/2015, que institui a gratificação especial para os profissionais médicos emergencistas da rede pública municipal. O benefício contempla os profissionais quando nos plantões 24 horas com gratificações no valor de R$ 1.000 (por plantão em dias úteis) e de R$ 1.200 nos finais de semana (sábado e domingo). A lei foi sancionada após reivindicação da categoria, e depois que a Câmara de Vereadores aprovou decreto da Prefeitura de Campos que suspendeu a gratificação aos médicos. “Como o combinado, o benefício retornou, mas com o corte de 20%. Outra questão que vai ser discutida com a Prefeitura é um dos requisitos da lei que não oferece a gratificação aos médicos que estiverem de férias ou com atestado médico. Isso precisa ser revisto”, finalizou José Crespo. A Folha tentou contato com a secretaria de Comunicação da Prefeitura, mas não teve êxito.
Antes - Após a Câmara de Campos ter aprovado um pacote com “medidas econômicas” enviado pela prefeita Rosinha, que incluiu o corte total da gratificação de médicos plantonistas do HFM e do HGG, os profissionais entraram em estado de greve, em repúdio. Durante quase dois meses o impasse seguiu entre a categoria até que um encontro entre representantes do sindicato e da Prefeitura definiu pela volta do benefício, mas com a redução.
Fonte: Folha da Manhã