A ameaça de demissões no Superporto do Açu, no litoral de São João da Barra, continua. Ontem, durante uma reunião ocorrida pela manhã na sede do sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil, em Campos, com representantes de empreiteiras, não houve acordo. Segundo o presidente do sindicato, José Eulálio, só a Armatec informou que pretende demitir 200 trabalhadores na próxima segunda-feira, o que não foi aceito. “Isso seria descumprimento do acordo que foi firmado entre o sindicato e as empresas”, afirmou Eulálio, lembrando que, pelo que foi acordado desde que se iniciou a crise no megaempreendimento, há alguns meses, não pode haver mais de 40 demissões a cada 15 dias.
O sindicato também quer informações documentadas sobre o real número de demissões nas obras do Superporto. Há pouco mais de duas semanas, a entidade havia confirmado 1.460 trabalhadores dispensados. Na reunião de ontem, nenhum representante da OSX compareceu à entidade. “Na reunião de hoje (ontem), a Armatec informou que pretende demitir os 200, mas a ETE se comprometeu em manter os trabalhadores”, afirmou o dirigente sindical, mostrando-se preocupado com o futuro da categoria que atua nas obras.
Hoje está marcada nova reunião, às 11h, também a portas fechadas, para tentar resolver o impasse sobre possíveis demissões. A crise no Superporto do Açu vem de alguns meses, mas ganhou dimensão maior depois que a coluna Holofote, da revista Veja, publicou informação apontando que as fundações e estruturas do megaempreendimento, que está sendo construído pela LLX, e do Estaleiro, pela OSX, estariam apresentando problemas, correndo o risco de afundar. Na ocasião, o Ministério Público Estadual de Campos requisitou ao Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (Crea) a realização de vistoria nas obras.
Além das 1.460 demissões confirmadas pelo sindicato, dados apresentados no dia 27 de maio durante audiência no Ministério Público do Trabalho em relatório realizado pela força-tarefa do órgão apontavam para 23 visitas que culminaram em 204 autos de infração por descumprimento da lei por parte das empresas contratadas.
Em nota, a assessoria da LLX garantiu que nenhum representante do grupo participou da reunião no sindicato, embora Eulálio tenha afirmado que sim.
O gerente administrativo da Armatec, identificado apenas como Igor, num primeiro contato feito pela Folha, por telefone, informou que falaria posteriormente porque estaria numa reunião. Contatos foram feitos no início da noite, sem êxito.
Já a assessoria da OSX informou que “Conforme divulgado em Fato Relevante pela OSX em 17 de maio, o novo Plano de Negócios da companhia prevê o faseamento das obras de implantação do estaleiro do Açu, tendo em vista a atual carteira de encomendas da companhia e o cenário do mercado no País. Diante deste faseamento, estão sendo realizadas adequações no quadro de colaboradores próprios e de terceiros alocados na construção do empreendimento. A companhia reafirma a sua percepção quanto ao valor estratégico do projeto original do estaleiro e reafirma sua expectativa de que as medidas que ora são adotadas preservam o objetivo de concluir a construção do empreendimento no longo prazo, mediante novas demandas e investimentos de capital correspondentes”. A nota também afirmara que “O referido sindicato não representa a companhia...”.
Fonte: Folha da Manhã (Cilênio Tavares)