(Fotos: Ralph Braz) |
Um desperdício de água acontece há mais de um mês nas obras de rebaixamento do solo para a construção de alicerces que sustentem um edifício na avenida Pelinca, área nobre da cidade. Em meio à crise hídrica que a região atravessa, um verdadeiro jogo de empurra entre construtora, órgão ambiental e município, 20 mil litros de água estariam se perdendo, diariamente.
Segundo o engenheiro residente da obra, Alexander Nascimento, sob responsabilidade da empresa RMZ Engenharia Ltda., a água desperdiçada encontra bueiros da galeria de águas pluviais e, por ela, chega aos canais Campos-Macaé, o canal Tocos onde alcança a Lagoa do Jacaré, extensão da Lagoa Feia.
O engenheiro disse ainda que não há nada a ser feito para evitar o desperdício, uma vez que a Prefeitura de Campos e o Instituto Estadual do Ambiente (INEA) teriam sido muito “burocráticos” - colocando empecilhos para o correto despejo da água do lençol freático. Segundo o secretário de Obras, Edilson Peixoto, assim que recebeu a denúncia, no mês passado, a empresa responsável pela obra teria sido notificada. No entanto, até a manhã desta segunda-feira (16), a situação se mantinha inalterada.
O INEA também se pronunciou e, apesar de atribuir a falta de responsabilidade ambiental à Prefeitura de Campos, acrescentou que o grande volume de água não está sendo perdido. Após desembocar na Lagoa Feia seria despoluída pela Estação de Tratamento de Esgoto da empresa de saneamento Águas do Paraíba.
De acordo com a concessionária, o consumo mínimo de água por residência em Campos chega a 120 litros por dia, neste caso, o vazamento corresponde ao consumo de água de 4 mil pessoas em um dia. “Se o vazamento persistir por 30 dias, serão 14.400.000 litros de água perdidos, o que equivale ao consumo deste mesmo número de pessoas durante um mês”, estimou o economista Alexandre Delvaux.
Guilherme Castro, responsável pela obra da empresa InterRio Incorporadora - parte no consórcio que executa os trabalhos - disse que o procedimento é normal e segundo ele, o vazamento ainda deve demorar para ser sanado.
Para quem mora próximo ou passa perto da construção resta a revolta e a indignação. O empresário Ailton Dias, de 57 anos, disse que o desperdício está fazendo parte do cenário. “Passo aqui todos os dias para ir trabalhar e já nem percebo o vazamento, mas é revoltante, é uma falta de consciência de todos os lados”.
Fonte: Terceira Via