terça-feira, 25 de novembro de 2025

Moraes determina que Bolsonaro comece a cumprir pena na sede da PF


O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta terça-feira (25) o início do cumprimento da pena de 27 anos e 3 meses de prisão imposta ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A decisão foi tomada após o trânsito em julgado das ações do chamado núcleo 1 da trama golpista, no qual Bolsonaro foi apontado como líder da organização criminosa que tentou mantê-lo no poder após as eleições de 2026.

Com o trânsito em julgado, encerram-se todas as possibilidades de recurso, e a pena passa a ser executada em caráter definitivo. Bolsonaro já se encontra sob custódia desde sábado (22), quando foi detido preventivamente após decisão de Moraes, mas agora inicia formalmente o cumprimento da condenação em regime fechado. Ele permanecerá na Superintendência da Polícia Federal em Brasília, local onde está detido.

Condenação por crimes ligados à tentativa de golpe


Segundo a sentença confirmada pelo STF, o ex-presidente foi condenado por organização criminosa armada, tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça contra patrimônio da União, além de deterioração de bem tombado. O entendimento da Corte é de que Bolsonaro articulou e liderou um esquema destinado a impedir a alternância de poder após o pleito de 2026.

A decisão desta terça-feira, que determinou o trânsito em julgado, também alcança outros réus do núcleo central da ação penal. Moraes entendeu que nenhum dos acusados apresentou recursos dentro do prazo legal, o que abriu caminho para o início do cumprimento das penas.

Prisão atual e situação processual paralela

Embora comece agora a cumprir a pena referente ao processo da trama golpista, Bolsonaro segue tecnicamente preso preventivamente por outro inquérito: o que investiga coação contra o Judiciário e no qual também é investigado seu filho Eduardo Bolsonaro (PL-SP).

Esse processo foi o responsável pela ordem de prisão domiciliar decretada pelo STF em 4 de agosto.

Semana passada, Moraes decretou a prisão preventiva de Boslonaro por considerar que o ex-presidente violara as medidas cautelares impostas — entre elas, o uso da tornozeleira eletrônica.

Bolsonaro admitiu ter manipulado o dispositivo com um ferro de solda, ato que classificou como fruto de “curiosidade”. Posteriormente, alegou ter tido “alucinações” envolvendo supostos dispositivos de escuta no equipamento.


Tentativa de fuga e vigília mencionada pela PF

Moraes também levou em conta informações da Polícia Federal de que uma vigília convocada pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), marcada para ocorrer em frente ao condomínio onde o ex-presidente residia, poderia criar condições propícias a uma eventual fuga. Com base nesse risco, a prisão preventiva foi decretada em 22 de novembro.

Desde então, Bolsonaro está detido na custódia da PF em Brasília. A defesa informou que deve apresentar novo pedido de prisão domiciliar sob argumento de fragilidade de saúde — Bolsonaro tem 70 anos —, mas o STF já havia rejeitado anteriormente a solicitação de prisão domiciliar humanitária.

Defesa deve insistir em domiciliar

A equipe jurídica do ex-presidente trabalha para tentar reverter pelo menos parcialmente o regime da pena, buscando transferi-lo para prisão domiciliar. A Corte, porém, tem entendido que as sucessivas violações às medidas cautelares, especialmente a adulteração da tornozeleira, pesam contra a concessão de qualquer flexibilização.

Com a execução da pena iniciada e a manutenção da prisão preventiva no processo paralelo, especialistas apontam que a defesa terá um cenário jurídico mais restrito para reverter a permanência de Bolsonaro atrás das grades.