Na última segunda-feira (17), o Tratado de Petrópolis comemorou 122 anos. O termo que cessou uma disputa territorial entre Brasil e Bolívia e criou o estado do Acre, foi assinado em 1903 com grande influência de José Maria da Silva Paranhos Júnior, o Barão do Rio Branco. Confira a história do tratado que redesenhou o Brasil:
O território onde hoje se encontra o Acre fazia parte da Bolívia desde 1750, mas somente em 1879, a busca por látex fez com que os seringueiros brasileiros subissem o Rio Purus, curso d’água que percorre o Amazonas até o Peru, para começar o povoamento da localidade. Mesmo com a incapacidade boliviana de povoar o local por conta do difícil acesso, o Governo do país enviou uma missão de ocupação do Acre em 1898. Com a chegada da missão, uma revolta armada entre os colonos brasileiros e os bolivianos se iniciou.
O Tratado foi assinado por Barão do Rio Branco, Ministro das Relações Exteriores e Joaquim Francisco de Assis Brasil, ex-governador do Rio Grande do Sul, o Presidente da Bolívia Fernando E. Guachalla e o Senador Claudio Pinilla, e, acertou que a Bolívia cederia o estado do Acre em troca de alguns territórios brasileiros no Mato Grosso, além de £2 milhões, que correspondem atualmente a cerca de um bilhão de reais. Para estreitar laços entre os dois países, o Tratado ainda estabeleceu uma relação de comércio e navegação para que a Bolívia utilizasse os rios brasileiros para alcançar o Oceano Atlântico. O Brasil ainda assumiu a obrigação de construir uma ferrovia que ligava o porto de Santo Antônio até o Mamoré, na Bolívia. A construção da ferrovia começou em 1907 e só acabou em 1912, o que custou cerca de 25 milhões de dólares, correspondente a dois bilhões de reais na cotação atual.
O Acre foi anexado e transformado em Território Federal em 1904. Cinco anos depois do Tratado ter sido assinado, o Brasil assinou outro termo, desta vez com o Peru, para a cessão de 40 mil km² dos 190 mil km² pertencentes ao Acre. O contrato foi assinado com intuito de estabelecer uma boa relação diplomática entre os dois países que disputavam parte do local. O território só virou Estado em 1962, por intermédio do ex-governador José Guiomard dos Santos. O projeto de Guiomard chegou ao Congresso Nacional em 1957, onde foi aprovado em 15 de junho de 1962,após muitas disputas entre o Partido Social Democrático (PSD) e o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), que eram a favor e contra o projeto respectivamente.
O Tratado de Petrópolis é levado como um triunfo diplomático brasileiro e contribuiu para as relações diplomáticas entre o país e o resto da América do Sul. A data 17 de novembro é feriado estadual no Acre e celebrado como um marco na identidade acreana. Hoje, o Acre é um Estado brasileiro com cerca de 880 mil habitantes e 152 mil km² de área. Em 1912, trocou o nome da capital de Vila Pennápolis, para Rio Branco em homenagem ao Barão que foi fundamental na criação do Estado.


