
A Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) aprovou nesta quinta-feira (26/06), em redação final, o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) de 2026 - Projeto de Lei 5.177/25. A medida, de autoria do Poder Executivo, estima um déficit para o ano que vem no valor de R$ 15,98 bilhões, com receita total estimada em R$ 109,547 bilhões e despesas na ordem de R$ 125,527 bilhões. A proposta retornará para o Governo do Estado, que terá 15 dias úteis para sancioná-la ou vetá-la.
O PLDO estima, ainda, déficits de R$ 19 bilhões, em 2027; e de R$ 21,5 bilhões, em 2028. O presidente da Comissão de Orçamento da Alerj, deputado André Corrêa (PP) defendeu a rápida adesão do Estado do Rio ao Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag), destinado a promover a revisão das dívidas dos estados com a União. O programa poderá zerar a taxa de juros da dívida fluminense. Corrêa ainda cobrou outras medidas efetivas do Executivo. “Há previsão de R$ 6,4 bilhões de déficit primário em 2026, ou seja, o Estado do Rio continuaria no vermelho mesmo tirando os gastos com a dívida fluminense”, disse.
Durante a votação da medida na última terça-feira (24/06), os parlamentares aprovaram - por 40 votos a quatro e nove abstenções - o destaque do deputado Luiz Paulo (PSD) que rejeitou fixar o percentual das emendas impositivas para 2026 em 0,77% da receita líquida de impostos. Com isso, o valor mínimo dessas emendas para o ano que vem continua a ser de 0,37%, conforme preconiza a Lei Complementar 219/24.
As emendas individuais impositivas permitem que os deputados fluminenses incluam despesas obrigatórias ao orçamento estadual. O valor deve ser dividido igualmente entre os 70 deputados, sendo que 30% deverão ser destinados à educação e 30% à saúde. Para 2025, cada deputado teve disponível R$ 2,9 milhões.
Luiz Paulo argumentou que o Estado ainda enfrenta dificuldades fiscais e que aumentar o índice poderia comprometer a credibilidade da peça orçamentária. “Vivemos um momento de cinto apertado, em que as despesas são maiores que as receitas. O nosso grande sonho de consumo agora é conseguir prorrogar o pagamento da nossa dívida com a União até a adesão ao Propag. Como eu, de livre e espontânea vontade, vou querer dobrar o valor das emendas impositivas? O que eu estou discutindo é que não é hora de dobrar esse valor. Acho que seria irresponsável da nossa parte aprovar essa emenda, por mais que o valor seja devolvido para o Estado”, justificou.
“Este tema, a princípio, pode ser impopular, mas nosso dever é mostrar com transparência que a nossa realidade é completamente diferente do Congresso Nacional e das outras Assembleias. Nós somos, entre os 27 Estados, segundo estudos do deputado Cozzolino, um dos que tem o menor montante de emendas. Os deputados eleitos conhecem a realidade dos seus municípios melhor do que um técnico do Tesouro”, defendeu Corrêa.
Já o Líder do Governo, deputado Rodrigo Amorim (União), pediu que a base rejeitasse a incorporação dessa emenda. Ele declarou ser defensor das prerrogativas parlamentares, mas contrário a engessar ou delimitar o orçamento do Estado. “Se dobrássemos o índice das emendas impositivas, estaríamos impondo ao orçamento do Governo do Estado do Rio de 2026 um gasto, em valores absolutos, dobrado em relação a este ano. Isto impõe ao governo uma mudança naquilo que foi planejado. É uma prerrogativa do Executivo gastar esse orçamento, que já é contingenciado com os fundos setoriais e pelos gastos obrigatórios dos limites constitucionais”, concluiu Amorim, que também preside a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa.
Emendas para cobrar grandes devedores
No total, os deputados do Parlamento fluminense apresentaram 431 emendas ao texto original. A Comissão de Orçamento da Casa, em reunião realizada no dia 11 de junho, foi favorável a mais de 75% das alterações. Uma das emendas aprovadas é de autoria do deputado Rodrigo Amorim. O objetivo é que o Poder Executivo dê prioridade à cobrança administrativa e extrajudicial dos maiores devedores inscritos na dívida ativa do Estado do Rio.
Amorim afirmou que os grandes devedores já somam R$ 40 bilhões em dívidas com o Rio de Janeiro. Ele citou especificamente empresas como a Refit e a Petrobras, que concentram parte significativa dos valores devidos aos cofres públicos. “Precisamos classificar essas empresas como devedores contumazes, fazer com que percam qualquer benefício e aplicar o rigor da lei, inclusive na esfera criminal. Precisamos arrecadar e acabar com a sonegação no Rio de Janeiro, que tanto atinge as finanças fluminenses”, declarou.
A emenda de Amorim autoriza o Poder Executivo a celebrar acordos de concessão de cobrança extrajudicial com entidades especializadas, inclusive mediante instrumentos de cooperação, observados os princípios da legalidade, eficiência, moralidade e economicidade.
Redução dos incentivos fiscais
Também visando ao aumento de arrecadação tributária, o deputado Luiz Paulo elaborou uma emenda que obriga o governo realizar estudos voltados para a redução progressiva dos incentivos fiscais até 2032. O objetivo é que o montante da renúncia fiscal alcance, como limite máximo, o equivalente a 1% do Produto Interno Bruto (PIB) estadual, tomando como referência os valores oficiais disponibilizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A estimativa de renúncia fiscal para o ano que vem prevista no PLDO é de aproximadamente R$ 24,1 bilhões. “A emenda busca garantir metas claras para a diminuição dos incentivos fiscais. A previsão de redução gradual até 2032 está em consonância com a Reforma Tributária e a futura extinção do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS)”, justificou Luiz Paulo.
Receitas e despesas
De acordo com o texto, o valor previsto de arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) em 2026, 2027 e 2028 será de R$ 53,05 bilhões, R$ 55,50 bilhões e R$ 58,27 bilhões, respectivamente. Já os valores referentes aos royalties e participações especiais da produção de petróleo estão estimados em R$ 26,46 bilhões para 2026; R$ 26,39 bilhões em 2027; e R$ 26,99 bilhões em 2028.
No campo das despesas, o governo apontou que os gastos com pessoal, encargos sociais e serviços da dívida do Estado representam 62,8% de toda a despesa estadual. As despesas com pessoal e encargo social estão previstas em R$ 69,2 bilhões para 2026, R$ 70,6 bilhões para 2027 e R$ 72,6 bilhões em 2028. Já os juros e encargos da dívida estão previstos para os próximos três anos em R$ 9,6 bilhões; R$ 9,7 bilhões e R$ 9,8 bilhões, respectivamente.