quinta-feira, 16 de junho de 2022

Túnel Extravasor em Petrópolis: atraso no início das obras emergenciais preocupa


Anunciada pelo Governo do Estado para começar antes do fim do mês de maio, a obra emergencial no Túnel Extravasor do Rio Palatino, na prática ainda não tem data para começar. Em nota envia à imprensa, em que anuncia o investimento deR$ 620 milhões em obras emergenciais para recuperação de áreas atingidas em Petrópolis, a Secretaria de Infraestrutura e Obras do Estado cita as obras no túnel e informa que o projeto e gerenciamento da obra de reforço estrutural estão em fase de contratação. As intervenções são fundamentais para devolver a tranquilidade e a segurança a moradores de pelo menos 250 imóveis diretamente impactados por mais de 30 crateras que se abriram nas laterais do túnel ao longo da Rua Francisco Scali (Rua do Túnel). Ao todo são mais de 600 moradias afetadas na região, considerando aquelas existentes em vilas e servidões, cujo acesso só é possível pela Rua Francisco Scali.

“A situação está muito difícil. Os moradores estão indignados com os adiamentos e toda esta demora no início das obras. O sentimento que temos é de abandono total por parte do poder público. Hoje o que vivemos é uma total insegurança e medo do próximo período de chuvas”, destaca o presidente da Associação de Moradores da Rua do Túnel, Antônio Lúcio Monteiro da Silva.

Os problemas, que já ocorriam por conta da falta de manutenção na estrutura do túnel extravasor durante décadas, se agravaram desde as chuvas de fevereiro. No temporal de março, um prédio desabou e um taxi foi engolido por uma cratera. Dias depois, o piso cedeu em outro ponto da rua, ferindo duas pessoas, entre aos quais o vice-presidente da Associação de Moradores do local, Helito Fraguas, que teve fraturas graves na perna direita. Ele passou 44 dias internado, passou por cirurgias e hoje luta para recuperar a mobilidade.

“O nosso maior medo aqui é o período de chuvas de verão, pois sabemos que o processo de obras será demorado. Se demorar pra começar, não vai dar tempo de ficar pronto antes das chuvas de verão, e vai ser preciso parar. Estamos muito preocupados. Com a chuva do último sábado, mais uma parte cedeu aqui perto da minha casa. Se estourar lá em cima, vamos morrer aqui”, relatou Helito Fraguas, que ainda está com a mobilidade reduzida por conta do acidente.

Audiência

A situação do Túnel Extravasor foi levada ao Judiciário, em uma audiência em março, ocasião em que autoridades se comprometeram a iniciar as obras, cujos prazos foram estabelecidos dentro do acordo de macrodrenagem, homologado pela Justiça.

O andamento das medidas estabelecidas no acordo preocupa o titular da 4ª Vara Cível, juiz Jorge Luiz Martins, que convocou autoridades para mais uma audiência na quinta-feira (23), em que cobrará explicações sobre os pontos acordados, entre os quais as intervenções no túnel extravasor, cujas obras emergenciais estão a cargo da Secretaria de Estado de Infraestrutura e Obras - Seinfra, e a reforma total é de responsabilidadedo Instituto Estadual do Ambiente (Inea). “Os prazos foram estabelecidos em um acordo judicial firmado no fim do mês de março. As partes foram ouvidas, as providências judiciais foram ordenadas e tenho hoje extrema preocupação com o andamento das medidas que constam no documento homologado, por isso estamos convocando mais uma audiência”, pontua o magistrado.