segunda-feira, 23 de maio de 2022

Servidores de Campos se manifestam em frente à Prefeitura no sétimo dia de greve


(Fotos: Silvana Rust)

Um grupo de servidores municipais se concentraram, na manhã desta segunda-feria (23), em frente à sede da Prefeitura de Campos dos Goytacazes para um novo protesto pela falta de reajuste salarial. A manifestação marca o sétimo dia de paralisação, iniciada no dia 17. De acordo com o Sindicato dos Profissionais Servidores Públicos Municipais (Siprosep), o ato foi reforçado com adesão de mais profissionais da Educação ao movimento.

Outro protesto, durante a manhã, foi promovido por um grupo de marisqueiras do Farol de São Thomé. Elas alegam não terem recebido o pagamento da Prefeitura referente ao período do defeso no ano de 2022.


Os manifestantes do Siprosep segue acampados em frente ao prédio da Prefeitura Municipal. A presidente do Siprosep, Elaine Leão, afirma que a paralisação vem crescendo entre profissionais da Educação e que muitas creches e escolas só não pararam por causa do grande número de funcionários em regime de RPA que está contratado para as unidades.

Ela também afirma que profissionais da Saúde também têm aderido ao movimento grevista. “Já tem, inclusive, unidades de saúde fechadas, como, por exemplo a UBS do Santa Helena, que não funcionou hoje. Nós, inclusive, pedimos ao prefeito e ele não nos informou quanto é gasto com RPA e quantas pessoas em regime de RPA estão na Prefeitura”, disse Elaine.

Elaine também comentou que não há previsão para o fim da greve. “Nós estamos nos revezando, todo dia tem um grupo que dorme aqui na porta, nós continuamos acampados e não sabemos quando a greve vai terminar, nós só vamos parar quando a situação se resolver. São 47% de perdas salariais nestes quase sete anos sem aumento e nós só estamos pedindo 15%”, ressalta.

O auxiliar de creche Paulo Francis alega que decidiu aderir à greve não só pela questão salarial, mas também por causa das condições de trabalho. “Entrei na Prefeitura por meio de concurso em 2015 e, desde então, não tive aumento, não tive reposição salarial. Além disso, as condições de trabalho também são difíceis. Às vezes a gente não tem o básico para trabalhar. É comum faltar xampu, faltar fralda, ter chuveiro com defeito. Então, é por tudo isso que eu estou aqui”, relatou o servidor.

Renata Rangel é acompanhante de crianças portadoras de necessidades especiais na Escola Municipal José do Patrocínio. Ela reclama, além do salário sem reajuste, das condições de trabalho. Ela é a única profissional da escola para atender a 40 crianças com laudo que comprovam a necessidade de acompanhante.

“A lei da inclusão é linda e trabalhar com essas crianças é muito gratificante, mas uma pessoa para atender 40 crianças é impossível. Nós precisamos da redução de carga horária e também de reajuste. Infelizmente o que eu recebo não sustenta minha família. Eu, quando saio da escola, ainda tenho outro emprego pra suprir minhas necessidades, porque eu sou chefe de família”, desabafa a servidora.

A Prefeitura de Campos informou, por meio de nota, que o secretário de Administração e Recursos Humanos, Wainer Teixeira, afirma que é sensível à causa dos servidores e, em várias reuniões com os representantes do Siprosep, deixou claro que o reajuste não seria possível neste momento em virtude das limitações impostas pelo Termo de Ajustamento de Gestão (TAG) firmado com o Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ), que impede o município de aumentar despesas com a folha de pagamento utilizando recursos dos royalties.

Protesto de marisqueiras

Também na parte da manhã, um grupo de mulheres que trabalham como marisqueiras em Farol de São Thomé fez um protesto em frente à Prefeitura. Elas alegam ter direito a receber o seguro defeso diretamente da Prefeitura de Campos e afirmam que, este ano, mesmo já estando no final do período em que a pesca do camarão é proibida, não receberam nenhuma parcela do pagamento. Elas já haviam feito um protesto na semana passada e foram recebidas pelos secretários de Agricultura e Pesca, Almy Júnior, e Desenvolvimento Humano e Social, Rodrigo Nogueira de Carvalho.

Segundo Joselane Nunes, a Jô do Farol, o grupo só sairá da frente da Prefeitura quando for recebido pelo prefeito Wladimir Garotinho.

A Prefeitura de Campos informou, também por meio de nota, que esteve e está aberta ao diálogo com a categoria e que, além disso, a secretaria municipal de Agricultura, Pesca e Pecuária tem uma equipe atendendo às marisqueiras para orientá-las como garantir os direitos. A Prefeitura disse, ainda, que a secretaria municipal de Desenvolvimento Humano e Social informou que a Câmara Municipal de Vereadores aprovou por unanimidade, em novembro de 2021, a Lei Municipal nº 9109, que compila benefícios eventuais, criando uma política integrada de assistência para pessoas em situação de vulnerabilidade.

“As marisqueiras estão contempladas no bojo geral desta legislação, que aprovada por unanimidade, revogou a Lei nº 7201, de 2000. A Secretaria de Desenvolvimento Humano destaca que a Prefeitura de Campos na atual gestão ampliou os números de atendimentos sociais em 46%”, disse a nota.





Fonte: Terceira Via