(Secretaria de Saúde de Campos- Foto: Ralph Braz | Pense Diferente) |
Durante anos e sucessivos mandatos, desde Arnaldo Vianna, passando por Alexandre Mocaiber e Rosinha Garotinho, prefeitos eleitos em Campos aumentaram o número de equipamentos e incharam a folha de pagamento da Prefeitura de Campos, pesando o custeio da máquina pública, contando com as enormes receitas vindas da exploração de petróleo.
Atraídos pelo custo/benefício interessante, nos anos dourados, de bons salários com carga horária prática baixa, apesar de oficialmente ela ser alta, os melhores profissionais da área de saúde em Campos prestaram concurso e, com mérito, viraram servidores públicos.
Receitas voláteis e finitas pagando despesas fixas e infinitas não era uma boa equação e um dia a matemática, ignorada nos anos de fartura, iria cobrar a conta. Eis que chegamos a situação atual, fruto do declínio da Bacia de Campos e da queda do preço do barril de petróleo de 2014 para cá.
Com a queda das receitas, a folha de pagamento passou a consumir uma enorme parte do orçamento, tornando-se insustentável, inviabilizando investimentos e gerando sucessivos déficits. Hoje a folha mensal custa R$ 85 milhões. No ano, contando com o 13º salário, o custo vai a R$ 1,1 bilhão.
R$ 1,1 bilhão de folha de pagamento para uma receita estimada no orçamento em R$ 1,7 bilhão. Mesmo sem reajustar servidores há anos, que é uma maneira de reduzir o salário pela inflação, a folha de pagamento é insustentável neste quadro.
O prefeito eleito Wladimir Garotinho, se não quiser ver o seu governo naufragar pela questão financeira como ocorreu com seu antecessor Rafael Diniz (não foi o motivo único, mas o principal), terá que enfrentar o problema, preferencialmente agora no começo do seu mandato, quando seu capital político está alto.
Cerca de 60% do custeio da folha de pagamento é na Saúde. Dos inúmeros profissionais da saúde, aproximadamente 700 não se reapresentaram em seus locais de origem no início do novo governo, conforme solicitado. Destes, 100, até hoje, não deram as caras e enfrentarão um PAD (Processo Administrativo Disciplinar), podendo culminar em sua demissão.
Há aproximadamente 1200 médicos na Prefeitura de Campos. Destes, cerca de 300 não estão "na ativa", pelos mais variados motivos. Não entrando no mérito dos motivos, é impressionante e surreal em qualquer instituição que 25% da força de trabalho receba e não atue. Fosse uma empresa privada, já tinha quebrado.
Hoje há um enorme contrassenso na área de Saúde. Os melhores profissionais de saúde de Campos são servidores públicos. Eles trabalham em alguns dos piores equipamentos de saúde da cidade, pelo sucateamento dos hospitais públicos e postos de saúde em geral, devido à falta de manutenção e investimentos.
É necessário um pente fino nessas questões e em todas as demais áreas para que a Prefeitura de Campos possa otimizar a sua folha de pagamento, manter adequadamente os seus equipamentos e recuperar um pouco da sua capacidade de investimento.
Fonte: Blog Ponto de Vista