segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

A importância de Dom Pedro II na saga da ciência no Brasil e no mundo


Em um passado não tão distante, o país já foi ovacionado por seu interesse na área científica e saúde pública.

Em 1824, durante o primeiro reinado com Pedro I, o Ministério da Ciência foi concebido com o dever de receber o “tratamento prioritário do Estado, tendo em vista o bem público”, segundo também consta na atual Constituição Brasileira, de 1988.

— A Constituição de 1824 foi uma das primeiras do mundo a dedicar um capítulo específico à ciência.
Desde então, o impulso significativo que a pasta recebeu foi dado a partir dos anos de 1840 já no reinado de Pedro II, ainda na primeira metade do século XIX, quando foi criado novos colégios e faculdades e a expansão das já existentes.

Além disso, foi neste período que programas educacionais de ciência começaram a ser implantados, oferecendo bolsas de estudo para brasileiros estudarem e desenvolverem pesquisas no exterior com a condição de voltarem ao Brasil posteriormente para exercer a profissão aqui.

Em 1875, segundo artigo publicado no site do Senado Imperial, o setor chegou ao seu auge.

Principalmente pelo o grande incentivo de Pedro II, muitas vezes tirando de seus próprios proventos.

A Bolsa do Imperador foi uma grande conquista individual de Pedro II contra todo o parlamento que não aprovou seu pedido e não contribui financeiramente em nenhum momento.

Porém, após esse crescente incentivo à ciência, a bolsa foi finalizada em 1889, o que culminou o encerramento total com o golpe militar em 1889 e a Constituição Republicana de 1891.

Atualmente, o investimento em Ciência vem sendo cada vez mais reduzido.

Para se ter ideia, em 1885, foi investido R$ 18,97 bilhões (valores atualizados).

Em 2015, 130 anos depois, foram apenas R$ 5 bilhões.

Essa queda implicou em cortes em programas de bolsas tanto na graduação, quanto na educação básica e em programas de fomento à pesquisa.

Porém, esse desdenho pela ciência nem sempre foi assim.

Para reviver isso, no entanto, precisamos voltar aos tempos do Brasil Império, mais precisamente para a figura de Dom Pedro II.

Monarquia científica
Último imperador do Brasil, Dom Pedro II foi derrubado em um golpe militar que instituiu uma República Ditatorial em 1889.

Em sua época de reinado, o Magnânimo era conhecido, também, por seu amor às artes e à ciência.
“Nasci para consagrar-me às letras e às ciências", registrou o monarca em uma página de seu diário em 1862.
Antes disso, vale ressaltar, o desenvolvimento da ciência já havia sido iniciado por Pedro I, mas o seu ápice só foi atingido graças ao Segundo Reinado.

Dom Pedro II era o responsável pela seleção dos pedidos de patentes e invenções.

Mas seu papel na área não se resumia a isso, foram além do Brasil, atingindo patamar internacional.

É sabido que o monarca gostava de conversar com grandes escritores e intelectuais, como Victor Hugo, porém, ele também trocava cartas com grandes personalidades ligadas à ciência, como o químico Louis Pasteur; o inventor Alexander Graham Bell; e o naturalista Charles Darwin.

Além de sua visita ao Brasil, o biólogo britânico também tinha boas ligações com nosso país por conta de Dom Pedro II.

"O Imperador faz tanto pela ciência, que todo sábio é obrigado a demonstrar a ele o mais completo respeito” disse Charles Darwin.
A importância do monarca também era reconhecida por grandes sociedades científicas, das quais ele se tornou membro, como: a Royal Society, da Inglaterra; as Reais Academias de Ciências e Artes da Bélgica; a Academia de Ciências da Rússia; academie dês Science, da França; e a Sociedade Geográfica Americana.

Além de tudo, Pedro também usava de recursos pessoais para financiar pesquisas, ajudando não só estudiosos brasileiros, como importantes pesquisas estrangeiras.

Para se ter uma ideia, em 1888, patrocinou quase por completo a fundação do Instituto Pasteur, na França.

Anos antes, ele já havia iniciado contato com Louis Pasteur demostrando sua preocupação com a febre amarela.

Devido a isso depois de séculos a febre amarela começou a ser realmente combatida nas metrópoles brasileiras.

Foi nessa ocasião que passou a admirar o cientista, investindo na inauguração de sua entidade, a primeira no mundo a estudar as doenças infecciosas.

O inventor Alexander Graham Bell foi outro que contava com o respeito e admiração do monarca brasileiro.

Os dois se conheceram em um estudo de Pedro II para integrar crianças e adultos surdos mudos nos colégios e faculdades brasileiras, assistiu aulas do senhor Graham Bell que estava desenvolvendo um método muito eficaz sobre o assunto.

Se reencontraram na grande Exposição da Filadélfia, em 1876, onde o britânico apresentou uma de suas invenções: um protótipo do que seria posteriormente o telefone.

Na grande exposição o senhor Graham Bell não teve muita repercussão inicialmente, mas Pedro II transformou a invenção do telefone do senhor Bell em o maior atrativo e mais premiado invento de toda exposição.
Transformando a vida do humilde inventor para sempre.

Isso fez com que, em menos de um ano, o Brasil se tornasse o segundo país do mundo a contar com uma linha telefônica e o primeiro de uma linha telefônica residencial.

Patrono da Astronomia

Admirador do espaço e dos astros, o imperador tinha um observatório próprio no terraço do palácio da Quinta Imperial de São Cristóvão, sendo um dos laboratórios mais modernos da época no mundo.

Por lá, não só acompanhava as pesquisas astronômicas, como também fazia suas próprias observações em seus cadernos e compartilhava com grandes astrônomos do mundo inteiro.

Sua paixão pelo céu era tão grande que sempre visitava observatórios quando viajava ao exterior.

Esse interesse fez com que o Dia Mundial da Astronomia fosse estabelecido em 2 de dezembro, mesma data de seu aniversário.

Como forma de homenageá-lo e o torná-lo patrono, um fato inédito até hoje, um monarca Patrono mundial de uma modalidade científica.

Outro ponto que muitos sabem é que Dom Pedro II era fascinado por fotografia e foi o primeiro fotógrafo brasileiro.

Quando tinha apenas 14 anos, em 1840, comprou um daguerreótipo (avô da câmera fotográfica) sendo o primeiro monarca a fazer tal feito e usar a nova máquina em literalmente milhares de momentos.

A própria Rainha Vitória, a monarca mais poderosa do mundo, só adquiriu o aparelho 3 anos depois.
Foi então que se tornou um entusiasta na nova forma de registrar imagens, o que ajudou a difundir a fotografia por aqui.

Antes de ser expulso do Brasil, depois do Golpe militar, o Imperador doou todo seu acervo, o que compreendia mais de 285 mil fotos, à Biblioteca Nacional RJ e a instituição que ele mesmo criou o Instituto Histórico Geográfico Brasileiro IHGB.

O Acervo de fotografias que Pedro II doou ao Brasil é a maior coleção fotográfica do século XIX do mundo.

Sendo considerado patrimônio da humanidade pela UNESCO.

O nome da gigantesca coleção e verdadeiro tesouro foi a única exigência de Pedro II para doar ao governo do Brasil tal patrimônio de valor incalculável, o nome de sua exigência foi uma homenagem à sua amada e respeitada esposa Teresa Cristina, Coleção Thereza Christina Maria.

A Coleção Thereza Christina Maria está em grande parte na Biblioteca Nacional RJ, felizmente não estava no Museu Nacional da Quinta da Boa vista.

Então pelo menos até agora tal grande preciosidade está preservada em meio ao descaso e pouco cuidado, mas ainda existe.









Com informações : Facebook Pedro II do Brasil