terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

MPRJ denuncia dentista de Campos por exercício ilegal da profissão


A dentista Giselle de Souza Gomes é ré em uma ação penal judicial acusada de lesão corporal gravíssima, estelionato e exercício ilegal da arte dentária. Ela teria provocado danos em pacientes em procedimentos estéticos conhecidos como harmonização facial. Na última quinta-feira (4) a Polícia Civil abriu inquérito contra a profissional (clique aqui). Nesta terça-feira (9), o advogado da acusada se manifestou por meio de vídeo em uma rede social. Ele defende que Giselle tem autorização para atuar no segmento orofacial, e que ela está “serena e tranquila”. A reportagem teve acesso à decisão judicial que afastou a dentista das funções após denúncias do Ministério Público. Giselle responde ao processo em liberdade.

O juiz Glicerio de Angiolis Gaudard acatou pedido do Ministério Público em afastar Giselle Gomes das funções, após ser acusada de cometer irregularidades na profissão. A decisão foi publicada dia 1º de fevereiro. Em seguida, a Polícia Civil realizou busca e apreensão de materiais em dois endereços da dentista. Ela injetava um produto conhecido como PMMA (Polimetilmetacrilato), em vez de ácido hialurônico em locais inapropriados do corpo. O produto aplicado não é absorvível pelo corpo humano em determinadas partes, o que pode resultar em danos graves à saúde, segundo a delegada Natália Patrão. O próximo passo é a justiça criminal notificar o Conselho Federal de Odontologia e o Conselho Regional de Medicina sobre as práticas suspeitas.

A reportagem procurou conversar com Giselle Gomes, mas não obteve retorno. Fez o mesmo com seu advogado, Eduardo Ferraz, mas não conseguiu contato. Em entrevista concedida a uma emissora de televisão, ele defendeu sua cliente.

“A doutora Giselle Gomes tem plena convicção da correção de seus atos e se encontra serena e tranquila. Ela tem autorização para trabalhar no segmento de harmonização orofacial. Os materiais por ela utilizados nos respectivos tratamentos são autorizados pela Anvisa. Ela sempre esteve à disposição das pacientes e das autoridades para discutir eventuais incongruências que tenham ou não acontecido no curso da realização dos procedimentos, comentou.

Na descrição da denúncia do MP ao juiz Glicério Gaudard, Giselle Gomes se apresentava nas redes sociais como capacitada em procedimentos de harmonização orofacial, ‘botox’, ‘preenchedor’, ‘bichectomia’, ‘fios’ e ‘lipoaspiração’, e que possuía especialização em Harvard e estudos na Argentina.
Material apreendido pela Polícia Civil em consultório da dentista (Arquivo)

No dia 7 de julho de 2020, uma vítima da profissional fez preenchimento labial no valor de R$ 1.080,00. Giselle informou que utilizaria ácido hialurônico em seus lábios – produto químico que é absorvível pelo organismo humano. No entanto, sem que a vítima soubesse, a denunciada injetou o produto polimetilmetacrilato ‘PMMA’, produto inferior e bem mais barato. Um dia depois, a paciente entrou em contato com a denunciada e disse que estava notando inchaço e roxidão. O caso se agravou e a vítima teve de se submeter a procedimento médico de urgência. Foi realizada drenagem nos lábios, retirando 2 ml de secreção purulenta espessa, totalmente infeccionada. Outras 16 pessoas se queixaram de problemas semelhantes.

Além de estar impedida de exercer a profissão até nova decisão judicial, Giselle Gomes foi recomendada a excluir das redes sociais suas contas de perfis pessoal e profissional. No Instagram e no Facebook ela conquistou diversos clientes com a propaganda de seus serviços que estão sendo investigados pela justiça.









Fonte: Terceira Via