O governador do Rio, Cláudio Castro (PL), decidiu manter a exoneração do ex-secretário estadual de Transportes, Washington Reis (MDB), encerrando dias de especulações.
De acordo com O GLOBO, a decisão de Castro foi comunicada a um grupo de deputados estaduais durante uma reunião no fim da tarde, na qual o secretário estadual de Governo, André Moura, leu uma mensagem oficial do governador. O encontro contou com a presença do presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), Rodrigo Bacellar (União), e mais de 30 parlamentares da base aliada.
Apesar de manifestar desconforto com a forma como a exoneração foi conduzida, Castro optou por não desautorizar o ato de Bacellar, avaliando os riscos de um conflito direto com a Alerj.
Em comunicado lido por Moura, Castro reconheceu que a saída de Reis já estava em discussão antes de sua viagem, embora tenha considerado a ação de Bacellar “intempestiva”. O governador também afirmou que a decisão atende a um pleito da base aliada e reiterou que “projetos políticos não podem ser guiados por interesses pessoais” — um recado indireto ao comportamento de Reis, que recentemente fez aparições públicas ao lado de adversários do grupo político de Castro.
Bastidores da crise
Nos bastidores, a tensão foi agravada pela atuação de Flávio Bolsonaro. O senador chegou a se reunir separadamente com Bacellar e Reis, e sugeriu a Cláudio Castro um gesto de reconciliação entre os dois aliados. A proposta foi mal recebida por Bacellar, que interpretou a movimentação como uma tentativa de Flávio — e do próprio Castro — de empurrar para terceiros o ônus da decisão.
A crise também colocou em xeque a coesão da base governista. No jantar promovido por Bacellar na noite desta quarta-feira, mais de 20 parlamentares — incluindo bolsonaristas do PL, deputados do Republicanos, do União Brasil e até da oposição, como Dani Monteiro (PSOL) — manifestaram apoio ao presidente da Alerj.
Na terça-feira, Castro já havia se reunido com a chamada “tropa de choque” de Bacellar na Alerj — composta por Alan Lopes (PL), Alexandre Knoploch (PL), Filipe Poubel (PL) e Rodrigo Amorim (União) — e com o próprio André Moura, que assumiu interinamente a Secretaria de Transportes após a saída de Reis. Na ocasião, o governador foi avisado que insistir no retorno do ex-secretário poderia lhe custar o apoio de partidos-chave como União Brasil e PP, este último em vias de se federar com o partido de Bacellar.
Apesar de ter cogitado suspender suas férias — previstas para começar nesta sexta-feira — diante do impasse, Castro acabou optando pela manutenção da exoneração. O gesto foi lido como um sinal de que o governador pretende preservar sua governabilidade e evitar desgastes com a Alerj em meio ao cenário de antecipação eleitoral.