terça-feira, 11 de fevereiro de 2025

Perspectivas e críticas sobre a Ponte da Integração para Campos , SJB e SFI

Foto: Silvana Rust

Prevista para ser inaugurada nesta quarta-feira (12), a nova ponte batizada com o nome do ex-deputado João Peixoto, liga São João da Barra a Campos dos Goytacazes e a São Francisco de Itabapoana, em um percurso de 1.344 metros sobre o Rio Paraíba do Sul. O economista e colunista Sandro Figueredo considera positiva a abertura da via, mas também faz considerações e críticas sobre o investimento.

Para Sandro Figueredo, a Ponte da Integração é um salto para o futuro e um marco para o desenvolvimento econômico e logístico da região. “Com a melhoria da mobilidade, São João da Barra pode consolidar ainda mais seu papel como polo industrial e portuário, enquanto Campos tem a oportunidade de se tornar um hub logístico estratégico, interligando a produção agrícola, industrial e comercial ao Porto do Açu”, diz.

Nesta entrevista, ele analisa pontos favoráveis e preocupantes a partir da inauguração da Ponte da Integração.



Além de São João da Barra e Campos, o que deve acontecer com São Francisco de Itabapoana?

São Francisco de Itabapoana pode se beneficiar da maior circulação de turistas e do escoamento mais eficiente da produção agrícola. Além disso, o comércio e o setor de serviços terão um aumento na demanda, criando novas oportunidades de emprego e impulsionando o crescimento local. O turismo também será favorecido, pois a ponte facilitará o acesso às praias da região, estimulando o setor hoteleiro, gastronômico e de lazer. O aumento da arrecadação tributária permitirá investimentos em infraestrutura urbana e qualidade de vida para a população.

O que considera preocupante ou crítico em relação a abertura da Ponte da Integração?

Apesar do grande potencial, a ausência de um planejamento logístico integrado impede que os benefícios da Ponte da Integração sejam totalmente aproveitados. Campos está perdendo a chance de se consolidar como um centro logístico regional, pois não há incentivos claros para empresas de transporte, armazenagem e distribuição. Sem um distrito logístico estruturado, o município pode ver os investimentos migrarem para outras cidades com melhor organização e políticas públicas mais atrativas. Será que não aprendemos com nossa história? Perdemos a Petrobras para Macaé! Agora perderemos a chance de nos tornarmos o maior Hub Logístico do Estado?

Além disso, São Francisco de Itabapoana continua isolado, sem estradas adequadas para interligá-lo eficientemente ao Porto do Açu e aos mercados consumidores. A infraestrutura rodoviária da região ainda é precária, elevando os custos de transporte e dificultando a movimentação de pessoas e mercadorias. Se não houver investimentos em vias de acesso e um plano de mobilidade eficiente, a ponte pode acabar beneficiando apenas o tráfego de passagem, sem gerar impactos econômicos significativos.




Para que os benefícios da ponte sejam maximizados, quais ações estratégicas são essenciais?

1. Melhoria da infraestrutura viária: Investimentos na recuperação e ampliação das rodovias que ligam Campos, São João da Barra e São Francisco de Itabapoana garantirão maior fluidez ao transporte de cargas e passageiros.

2. Criação de um Polo Logístico: A instalação de um distrito logístico próximo à ponte pode atrair empresas e reduzir os custos operacionais para indústrias, transportadoras e exportadores.

3. Incentivos para o Setor Empresarial: A redução de tributos municipais e a desburocratização do processo de instalação de empresas podem atrair novos negócios, fortalecendo a economia local.

4. Integração dos Modais de Transporte: A combinação de rodovias, ferrovias e transporte hidroviário pode otimizar a movimentação de mercadorias e pessoas, tornando a região mais atrativa para investimentos.

5. Promoção do Turismo Regional: Com melhor acesso, o litoral e as atrações culturais podem ser mais explorados, gerando novas oportunidades para hotéis, restaurantes e serviços turísticos.


Como viabilizar essas questões?

Apesar da importância dessas ações, até o momento não há uma política clara para viabilizá-las de maneira eficiente. A infraestrutura rodoviária ainda é deficitária, com trechos deteriorados e sem manutenção adequada. Sem um plano de mobilidade robusto, os gargalos logísticos persistem, impedindo a integração eficiente da produção agrícola, industrial e portuária.

Além disso, Campos e São João da Barra não possuem um plano estratégico de incentivos fiscais e atração de investimentos para o setor logístico. Empresas que poderiam se instalar na região acabam optando por municípios vizinhos mais preparados e competitivos (Quissamã é o mais próximo com uma ZEN funcionando a pleno vapor).

As terras em São Francisco são mais baratas, mas dificilmente empresas se instalarão lá, devido a falta de infraestrutura; a não ser que, algum fundo com um projeto sólido invista em um condomínio logístico privado.

Se essa realidade não for revertida, a Ponte da Integração poderá se tornar apenas mais uma via de passagem, sem impactos profundos no desenvolvimento econômico regional.



O que pode falar sobre a influência da infraestrutura viária no desenvolvimento regional?

A melhoria das estradas, pontes e vias de acesso são fatores primordiais para o crescimento econômico da região. Uma malha viária eficiente reduz os custos logísticos, melhora a competitividade das empresas locais e atrai novos investimentos.

No setor agrícola, a modernização das estradas permite o escoamento da produção de forma mais rápida e barata, beneficiando produtores de cana-de-açúcar, pecuária, soja e demais culturas. A indústria também se fortalece, já que a facilidade no transporte de insumos e produtos finais melhora a integração com fornecedores e consumidores.

O turismo se expande com vias de acesso mais seguras e rápidas, tornando as praias e atrações culturais da região mais acessíveis. O aumento do fluxo de visitantes movimenta hotéis, restaurantes e o comércio local, impulsionando a geração de empregos e renda


O que deve ser analisado ainda sobre esses aspectos?

Sem investimentos adequados, a precariedade da infraestrutura viária continuará sendo um entrave para o desenvolvimento. A falta de manutenção das rodovias e a ausência de projetos de modernização elevam os custos de transporte, reduzindo a competitividade das empresas locais e afastando investidores.

Além disso, a dependência excessiva do modal rodoviário sem integração com ferrovias e hidrovias mantém o escoamento da produção ineficiente e mais caro. Sem políticas públicas voltadas para infraestrutura e mobilidade, a região pode perder a oportunidade de se tornar um centro logístico de destaque. Já passou da hora dos políticos da região pararem as disputas e olharem para o futuro.

E como pode ser esse futuro de Campos, SJB e SFI a partir da Ponte da Integração?

O crescimento do turismo fica comprometido sem estradas de qualidade. Destinos promissores podem continuar pouco aproveitados devido à dificuldade de acesso, limitando o potencial econômico do setor. A falta de visão estratégica no planejamento da mobilidade urbana e regional coloca em risco o futuro da economia local.

A Ponte da Integração tem um enorme potencial para transformar a economia regional, facilitando a logística, impulsionando o comércio e fortalecendo o turismo.

Campos dos Goytacazes, São João da Barra e São Francisco de Itabapoana precisam adotar uma postura mais proativa, com políticas públicas eficazes para transformar a ponte em um verdadeiro vetor de desenvolvimento, e não apenas em mais uma via de circulação sem impacto real na economia local.



Segurança?

Devido ao grande fluxo de pessoas entre os três municípios, cidades com grande índice criminal, as rotas de fuga irão aumentar e  facilitar a vinda de criminosos para os municípios. 

Com a previsão da inauguração da Ponte da Integração, que conecta Campos, São Francisco de Itabapoana e São João da Barra, o presidente da Assembleia Legislativa, Rodrigo Bacellar (União), protocolou, nesta terça-feira (4), um pedido para a instalação de postos do Batalhão de Policia Rodoviária (BPRV) nas cabeceiras da ponte nas rodovias BR-356 e RJ-196 

A iniciativa, segundo o parlamentar, visa garantir mais segurança para motoristas e transportadores que utilizarão a rodovia, prevenindo crimes, como roubos de carga, e organizando o luxo crescente de veículos na região. 

Vamos aguardar se irá surtir efeito.





Fonte: Terceira Via | Folha da Manhã | Pense Diferente