quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025

Joice Pedra: " o município para se desenvolver, ele precisa de logística"


Nessa terça-feira (25), o programa Folha no Ar, da rádio Folha FM 98,3, recebeu a vereadora de São João da Barra, Joice Pedra (PV). Ela falou sobre a sua eleição pelo Partido Verde, com 1.034 votos, e comentou sobre a vitória da prefeita Carla Caputi (União), que obteve uma votação histórica. Joice destacou que São João da Barra é um município rico e com muitas mulheres fortes. Ela também enalteceu o trabalho desenvolvido. A vereadora falou também sobre o desempenho de Soninha Ferreira (PT), a segunda mulher eleita presidente da Câmara de SJB. Como ex-secretária de Meio Ambiente, Joice também abordou assuntos ligados ao avanço do mar em Atafona, que é um problema que dura anos, e o desenvolvimento gerado pelo Porto do Açu.


Trajetória política — “Não sou de família política. Com muito orgulho vim da classe pesqueira, mas desde sempre acreditei na política. Acredito na política, naquela política que realmente traga benefício para a população. Eu como agente de transformação, tenho que acreditar que a educação ela transforma vidas. E não há é caminho melhor do que transformar a vida das pessoas, do que trabalhar pela qualidade da vida das pessoas, se não for a política. Então, a partir do momento que eu me vi nesse cenário político, vi o quanto poderia contribuir para o nosso município estando na política.”

Referências — “Ser mulher já é difícil. E ser filha de pescador, de uma família humilde também é muito difícil. E ser nascida e criada no conjunto estadual de habitação, também é muito difícil. Então a gente tinha que fazer diferente. E eu até hoje busco mesmo conhecimento, fiz técnico em meio ambiente, depois fiz minha primeira graduação que foi biologia. Depois fiz cinco pósgraduações. Pesca, meio ambiente, aquicultura, gestão ambiental, educação ambiental, engenharia ambiental e biologia marinha. E agora estou na minha segunda graduação, que é engenharia civil.”


Eleição — “A nossa expectativa era realmente um número bem maior, mas a gente entende e que é o nosso município. É um município pequeno, onde as pessoas se conhecem. Na minha família mesmo, vieram candidato duas pessoas, eu e o Fábio Pedra, que também é meu primo. Então a gente acaba dividindo votos. É uma disputa muito acirrada, no qual cada um usa as armas que tem. Eu tive os 1.034 votos que Deus permitiu que eu tivesse. Então, essa foi minha hora, esses são os votos que vão me fazer trabalhar cada vez mais.”

Apoios — “Eu tive a sorte de ter um cabo eleitoral do Chico, que é do 5º Distrito, que é o Helinho. E que ele escolheu me ajudar. Então não foi o Chico que chegou para ele e falou, você vai ajudar a Joice. Não, ele falou assim, eu quero ajudar a Joice, porque o meu filho já trabalhou com Joice no Porto do Açu. Oito meses que a Joice ficou aqui na Câmara, sempre ela apresentava os requerimentos, as indicações baseadas em leis. Então eu quero ajudar a Joice, e foi muito bom por isso. É claro que as pessoas falam muito. Quando teve também a eleição da Câmara, eu deixei claro que eu iria analisar o aspecto profissional, o aspecto técnico, pessoal de cada candidato. E aí eu iria também ouvir a nossa prefeita Carla Caputi. Então eu não queria no primeiro momento ficar nesse jogo de empurra empurra, indo em uma pessoa, em um candidato, tirando uma foto, indo em outro candidato, tirando uma foto. Esse não é meu perfil. Me mantive desde o início onde as pessoas colocaram seus nomes como candidatos, firme em um propósito e eu iria analisar. E que eu iria ouvir a minha prefeita Carla Caputi para chegar à conclusão. Alguns candidatos tiveram apoios de secretários, apoios de empresários, e eu tive a sorte de ter apoios de amigos.”


Presidência da Câmara — “Soninha eu acho que chegou a hora dela. Isso é uma questão de competência. Ela tem um coração muito bom, uma pessoa que sempre trabalha pensando no próximo, vereadora por quatro mandato. E a gente tem que respeitar isso. E chegou a hora dela, voltei nela. Como falei antes, a gente estava analisando os cenários e eu desejo uma gestão de muito sucesso, sabendo que estou aqui também para contribuir e que ela pode contar comigo sempre”.

Desenvolvimento — “Eu sempre falo que para o município se desenvolver, ele precisa de logística. Essa ponte ela vai contribuir muito para o desenvolvimento do município, principalmente pela mobilidade urbana. Ela, na verdade, vai conectar tanto Campos quanto São João da Barra e São Francisco. E hoje a gente tem aqui no município o Porto do Açu, que a gente sabe também que precisa de logística. Então, não é só pensando na ponte. A gente também precisava duplicar a BR 356. A gente tem que rever essa questão das ferrovias, porque a gente tem que abrir acessos a ponte, a ponte e também para ligar o Porto do Açu. A gente precisa de logística. Eu trabalhei durante oito anos e meio no Porto e eu vejo que hoje talvez seja o maior vetor de desenvolvimento e crescimento do município de São João da Barra. Mas não adianta o Porto crescer sozinho. Nós precisamos de políticas públicas eficazes até mesmo para que o progresso venha em conjunto.”


Saneamento — “O município ainda tem que avançar muito nessa parte, da distribuição de água potável, no gerenciamento de resíduos sólidos, na drenagem pluvial. E também pensar que não adianta você olhar o município e pensar só no hoje. A gente tem que se programar, se planejar para o futuro. Tudo requer investimento, mas o município hoje, graças a Deus, além dos royalties a gente tem os impostos, que até mesmo o Porto do Açu acaba contribuindo e muito. E a gente tem que rever essas questões. Na semana passada eu entrei com duas indicações na Câmara. Considero de extrema importância para o desenvolvimento do município, que é revisão do nosso plano diretor e revisão da lei de incentivo fiscal. É justamente para isso, justamente para a gente atrair negócios, atrair investimentos.”


Diálogo com o Porto — “É importante também esse contato, essa relação institucional é muito importante até para o município. Ter esse planejamento, entender quais são as empresas que estão chegando, qual é a especialidade das mãos de obras que o Porto vai requerer, vai exigir até mesmo para a gente estar formando nosso pessoal. Porque a gente entende também que quando o Porto estava no processo de instalação, que seria a construção, era uma mão de obra mais operacional, então nós tínhamos uma grande quantidade de funcionários, mas que não exigia uma capacidade mais técnica, porque era para atividade de construção. Hoje é diferente. O cenário hoje mudou, então o Porto está em constante operação. Então realmente as pessoas tem que buscar se qualificar, se especializar e concorrer a vaga, botar a cara na reta mesmo e falar assim, eu tenho capacidade, eu sou competente, eu posso concorrer com outras pessoas. E o município entra com um papel importantíssimo nisso, de valorizar a mão de obra local, mas ajudando também na qualificação profissional.


Porto do Açu hoje — “A gente precisa entender o que o Porto do Açu hoje significa para São João da Barra, para o país, para o mundo. E se aproximar mesmo, estreitar essas relações institucionais. Eu não quero que o Porto do Açu se desenvolva dentro do meu município, enquanto o seu entorno ainda continua parado. Eu não quero isso, eu quero crescer junto, quero que realmente a população ela sinta os benefícios de um complexo portuário. Quais são os impactos reais, quais são os impactos positivos que isso vai trazer para gente. E que a população também acorde, acorde no sentido de buscar mais se qualificar, de trabalhar. Porque se não fizer isso, com certeza dará oportunidades pra outras pessoas que estão chegando.”

Vetor de crescimento — “A gente tem que entender que o Porto é privado também. A empresa tem o seu corpo de RH, então muitas vezes a gente quer realmente que entre o sanjoanense, a gente quer valorizar a mão de obra local. Mas ela seus critérios de contratação. A gente não pode chegar e obrigar a empresa a contratar. O que o município pode fazer com política pública é incentivar a contratação, que é essa lei de incentivo fiscal. Ou seja, se você apresentar 40% do seu quadro da mão de obras do município, você vai ter uma redução nos seus impostos. É como se fosse uma via de mão dupla. A gente pode incentivar. Agora, chegar e obrigar, não.”



Intrusão salina — "A gente tem esse problema em São João da Barra. Até mesmo a Cedae ela tem que paralisar a captação e a distribuição por várias horas durante o dia, justamente pelo índice de sal na água. Tanto que hoje o município tem a captação de água pelo Rio, mas a gente trabalha muito mais com os poços profundos, que trazem uma qualidade melhor de água para a gente. E tem a Cedae, que faz a gestão da água, mais ali na sede do município, Atafona, Grussaí e o 5º Distrito fica mais de responsabilidade do poder público municipal, que é a sob gestão da Secretaria Municipal de Meio Ambiente. A gente precisa sim resolver esse problema, porque a água é saúde pública, é básico, é direito básico de todo cidadão. Mas acredito que o poder público, a prefeita, ela está fazendo esse estudo para verificar o que que vai ser melhor, qual vai ser a melhor forma de trabalhar no município e trazer qualidade de vida para a população. Tem a parte da autarquia, porque acredito que tem que ter uma equipe técnica especializada para isso. E também tem a parte da concessão, porque não envolve só a parte de captação e distribuição, tem toda a parte de investimentos também. Tem toda a parte de planejamento, de infraestrutura. Mas acredito que o poder Executivo, a prefeita, ela já está verificando isso para ver qual vai ser a melhor forma a ser aplicada no município.

” Assoreamento e erosão costeira — “Os pescadores hoje, com o Rio assoreado, muitas vezes não tem como sair para pescar. O canal de navegabilidade está todo assoreado, envolve também a parte da captação de água. O município hoje de São João da Barra, os piores impactos ambientais que nós temos são erosão marinha e também o assoreamento do Rio Paraíba. A gente fala em obra de contenção, mas não é só obra de contenção do mar. Nós temos também que ter uma obra de contenção do Rio. São João da Barra é uma planície que ela é margeada pelo dique que protege o nosso município, que é também uma questão das esferas tanto a parte municipal quanto a parte estadual e federal. A gente também tem que conseguir recursos, conseguir licenciamento apropriado para a gente trabalhar com obras ali de contenção. Então, o município hoje precisa conter o avanço do mar e conter também o Rio.”