Pelo segundo ano consecutivo, Campos não terá desfiles de escolas de samba, blocos e bois pintadinhos em razão da pandemia da Covid-19. Após o Carnaval do ano passado, previsto para maio, ter sido cancelado devido ao avanço do novo coronavírus no município, a Associação dos Bois Pintadinhos de Campos definiu na última semana a não realização também em 2021. A decisão foi tomada após reunião virtual envolvendo presidentes e outros representantes de várias agremiações carnavalescas.
— Aconteceu uma plenária da associação, onde chegamos ao entendimento da impossibilidade de realizar o Carnaval este ano, uma vez que a pandemia ainda é real. Por mais que exista uma vacina, a chamada imunização de rebanho para controlar o vírus ainda não vai acontecer este ano. É o que acreditamos. Enquanto não houver esta imunização de rebanho, qualquer evento com aglomeração de pessoas é impossível acontecer humanamente falando — disse o presidente da Aboipic, Marciano da Hora.
A medida em Campos seguiu o que foi definido na cidade do Rio de Janeiro, onde o prefeito Eduardo Paes (DEM) afirmou não ser possível realizar o Carnaval em 2021, ainda que em julho, como estava sendo programado pela Liga das Escolas de Samba (Liesa). Na planície goitacá, o objetivo atual é da Aboipic é traçar atualmente um planejamento junto à Prefeitura para que os desfiles voltem no próximo ano. Um ofício foi enviado à Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima (FCJOL) buscando diálogo neste sentido e, possivelmente, a criação de editais de incentivo ao setor carnavalesco.
— Nós entendemos a importância da realização do Carnaval, entendemos que essa cadeia produtiva é muito importante para a economia do estado, do país e também para a nossa cidade. Quando se realiza um evento com a importância do nosso Carnaval, você gera de 1.500 a 2.000 mil empregos direta ou indiretamente falando, incluindo soldadores, costureiras, carpinteiros, aderecistas, coreógrafos, artesãos, enfim. No dia do evento, há vários vendedores ambulantes, pessoas que estão na informalidade. A economia criativa do Carnaval é muito importante — afirmou Marciano da Hora. — Mas, nós temos a consciência de que o mais importante neste momento é preservar a vida. Não há as mínimas condições de segurança sanitária, de acordo com os órgãos competentes, para se aglomerar. E o Carnaval é uma festa calorosa, onde as pessoas têm aquele contato físico. É impossível não acontecer aglomeração no Carnaval. Então, nós temos que seguir as orientações da Organização Mundial de Saúde, da Vigilância Sanitária e dos demais órgãos competentes — pontuou.
Durante a campanha, o agora prefeito de Campos, Wladimir Garotinho (PSD), revelou em entrevista ao Folha no Ar, da Folha FM 98,3, o interesse de retornar com os desfiles de escolas, blocos e bois pintadinhos para o período oficial do Carnaval, deixando de acontecer fora de época, como ocorre desde 2009. Em 2019, os desfiles aconteceram em agosto, num Festival de Samba dentro da Semana Municipal do Folclore, marcando o retorno após dois anos sem terem sido realizados.
— A partir do momento em que a gente se programa, corre atrás de projetos incentivados, de parceiros privados para realizar o Carnaval de Campos, é possível que seja feito — disse Wladimir Garotinho em 5 de novembro. — Acho que a gente tem que ter um Carnaval regionalizado. Campos tem estrutura, tem o Cepop (Centro de Eventos Populares Osório Peixoto). Assim como, no Rio de Janeiro, todo o Grande Rio de Janeiro faz o Carnaval no sambódromo, todo o Carnaval da região pode ser aqui em Campos, no Cepop. Tem estrutura para isso: para a gente poder fazer uma festa bonita, poder trazer grandes patrocinadores, poder trazer o povo de outras cidades para cá, para comemorar, fazer a festa popular que ela é — projetou.
Nessa terça-feira (26), a Folha questionou a Prefeitura se o projeto está mantido e se há possibilidade de acontecer em 2022, bem como pediu um posicionamento sobre o cancelamento dos desfiles de 2021 por parte da Aboipic. Em nota, foi dito apenas que, “com base no curso do processo de retomada das atividades econômicas observadas no protocolo 'Regras da Vida', publicado no último dia 22 no Diário Oficial do município, 'toda e qualquer atividade com aglomerações' — ambiente tradicional das festas carnavalescas —, até mesmo as tradicionais festas pré-carnavalescas, se tornam inviáveis, dado o curso da pandemia”.
Local onde se apresentam as agremiações carnavalescas, o Cepop foi alvo de furtos em 26 de outubro, ainda na gestão Rafael Diniz (Cidadania), e nos dias 7 e 8 de janeiro. Durante visita no último dia 12, uma equipe da Fundação Cultural constatou sinais de abandono e furto de itens como cabos, fios de cobre, peças de ar-condicionado e bicos de mangueira de incêndio, além de sinais de vandalismo em pias e luminárias. No caso de 26 de outubro, o material furtado foi recuperado no dia seguinte pela Guarda Civil Municipal. O furto mais recente está registrado na 134ª Delegacia de Polícia (DP).