sábado, 10 de outubro de 2020

Biden mantém dianteira e Trump tem dificuldade em estados onde venceu em 2016


Com a corrida presidencial americana chegando à reta final, o candidato democrata Joe Biden se mantém na dianteira do presidente republicano Donald Trump nas pesquisas e nas doações, buscando expandir suas possibilidades de vitória enquanto o presidente mostra dificuldades para defender estados-chave. 

Faltando 24 dias para a eleição e com milhões de votos já sendo computados, a equipe de Biden e aliados democratas dizem que os tropeços de Trump e a força da mensagem do antigo vice-presidente criaram várias possibilidades para que o candidato alcance os 270 delegados necessários. 

O tempo para que Trump mude a trajetória da corrida está acabando -- e ele não está conseguindo capitalizar as oportunidades que existem.

Pesquisas recentes mostraram que Biden alcançou uma grande liderança a nível nacional -- 57% contra os 41% de Trump -- e também nos estados-chave do Arizona, Flórida, Michigan, Carolina do Norte, Pensilvânia e Wisconsin, onde ele poderia alcançar os 270 votos necessários se vencer três ou quatro destes. 

Dados da Universidade de Quinnipiac mostram Biden com uma liderança de 13 pontos na Pensilvânia e 11 pontos na Flórida. Segundo pesquisa da Universidade de Marquette, ele também liderava em Wisconsin, com 5 pontos de vantagem. O jornal "New York Times" e a Universidade de Siena apontam vantagem de 8 pontos para Biden no Arizona. E, por fim, a CBS e o YouGov colocaram o democrata com 2 pontos na dianteira de Trump na Carolina do Norte. 

Biden gastou mais que seu oponente em todos estes seis estados, fazendo que se tornassem o foco central de sua campanha, mesmo que também esteja ampliando seu campo de ação em Ohio, Iowa e, potencialmente, no Texas e na Georgia.

“Não existem créditos extras aqui, certo? Precisamos chegar aos 270 delegados”, disse Jenn Ridder, diretora da campanha de Biden.

A campanha de Trump tem concentrado sua atenção no seu público de homens brancos sem formação universitária, e o presidente insistiu em entrevista que eles trarão grandes números no dia da eleição. “Acho que você vai ver uma explosão de votos”, disse.

Mas há sinais ao redor do mapa de que os republicanos estão em perigo. Os candidatos democratas ao senado conseguiram arrecadar muito mais recursos que seus rivais republicanos no terceiro trimestre, dando ao partido uma forte vantagem publicitária nos últimos dias de campanha.

Com os democratas precisando vencer três cadeiras para assumir o controle do senado caso Biden vença a eleição, pesquisas mostram candidatos do partido liderando no Arizona, no Colorado, no Maine, na Carolina do Norte e em Iowa. Além disso, há desafiantes na Carolina do Sul e no Kansas com chances de vitória. Até as vagas da Georgia e do Alaska podem pender para o lado democrata.

Correndo o risco de perder sua cadeira, o senador Thom Tillis, da Carolina do Norte, disse à Politico que um senado liderado por republicanos seria “melhor para controlar uma possível presidência de Biden”, um aceno ao status de Biden como líder da corrida presidencial. 

Trump com problema

Para quem assistiu o debate de quarta-feira (7), a companheira de chapa de Biden, Senadora Kamala Harris, venceu o vice-presidente Mike Pence, aponta uma pesquisa realizada pela CNN. 

Depois disso, Trump desperdiçou um dia ligando para um programa matinal da Fox Business chamando Harris de “monstro”, culpando pais de heróis de guerra mortos, que participaram de uma cerimônia na Casa Branca, por sua infecção pelo novo coronavírus. O presidente também disse que não participaria do segundo debate contra Biden, que ocorreria na próxima semana.

Na sexta-feira (9), Trump ligou para o programa de rádio do direitista Rush Limbaugh para uma entrevista cheia de queixas e lamentos. Enquanto isso, seu secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, tentava negociar estímulos econômicos com Nancy Pelosi - uma mudança radical em relação à declaração do presidente no Twitter. Ele havia dito que iria encerrar as conversas, desperdiçando dias dos seus assessores.

Com Trump já fragilizado na discussão, o líder da maioria no Senado, Mitch McConnell, colocou em dúvida a possibilidade dos republicanos passarem qualquer acordo a tempo das eleições.

Se recuperando do novo coronavírus, o presidente prometeu repetidamente durante a semana que ele voltaria a fazer campanha neste final de semana. Ele deve receber um evento na Casa Branca no sábado, criando temores de que o vírus possa voltar a se espalhar.

As ações do republicano durante a semana provocaram uma onda de manchetes negativas que o deixaram sem o que poderia ser uma oportunidade valiosa de melhorar sua performance do primeiro debate na próxima semana.

Guy Cecil, líder do comitê pró-Biden Priorities USA, disse a repórteres que Trump “está tendo dificuldades para conquistar novos eleitores”, e “está ficando sem tempo” para fazê-lo.

“O mapa inteiro se mexeu, mas alguns estados podem sofrer mais mudanças”, disse após citar Michigan, Wisconsin e Georgia, “mas estamos vendo o mapa todo se mexer na direção de Biden.”

Fora de Washington, a campanha de Trump está minguando, tirando comerciais do ar em Ohio e Iowa -- dois estados em que o presidente ganhou mais de 9 pontos percentuais em 2016, mas pesquisas mostram que ele está empatando ou perdendo para Biden - e cortando gastos na região centro-oeste.

“O presidente Trump e sua equipe estão extremamente confiantes em relação às nossas chances nestes estados. Estamos falando diretamente com os eleitores há anos, e por várias plataformas, sobre o sucesso da agenda America First. Ao contrário de Biden, não ulitizamos só publicidade para fazer campanha”, disse a porta-voz da campanha Samantha Zager.

A realidade, no entanto, é mais dura para Trump: se ele perder em Ohio e Iowa, é certo que ele terá sido superado por Biden em todo o país.

Enquanto Trump recua, Biden -- catapultado, segundo fontes, por uma arrecadação de fundos sem precedentes em setembro, ainda maior que os US$ 365 milhões de agosto -- está buscando expandir suas possibilidades, com anúncios no Texas, Iowa e Ohio. 

Biden tranquilo

Enquanto isso, Biden está numa posição confortável. Sua campanha divulgou um vídeo da ex-primeira-dama Michelle Obama despejando um “argumento final” contra Trump e comemorou o apoio da cantora Taylor Swift, potencialmente conseguindo o apoio de jovens eleitores.

Biden e Harris estavam juntos em um tour pelo Arizona na quinta-feira (8), mas em veículos separados para evitar um possível contágio pelo novo coronavírus. A campanha do democrata afirmou que o candidato aceitou realizar um debate com perguntas do público na próxima semana, já que Trump desistiu do debate.

O antigo vice-presidente recebeu elogios por um discurso em Gettysburg, na Pensilvânia, em que evocou as famosas palavras de Abraham Lincoln ditas durante da Guerra Civil, de que vai tentar unir o país.

Sua mensagem nas últimas semanas mudou pouco em relação ao que já dizia no início de sua campanha, em abril de 2019, num discurso na Filadélfia: argumentando que “a alma da nação” está em jogo.

Assessores afirmam que essa mensagem permitiu que Biden mudasse o fluxo de estados que costumam apoiar candidatos republicanos. Pesquisas mostram que ele está liderando entre eleitores maiores de 65 anos -- um fato raro para um candidato democrata -- e se beneficia de uma grande vantagem entre as mulheres.

Eleitores afirmam que Biden está se transparecendo calmo e estável durante uma pandemia que matou mais de 210 mil americanos, além do caos criado por Trump -- qualidades que atraem grandes grupos de eleitores.

“Essa mensagem não é para os eleitores democratas; nem para os republicanos que podem mudar seus votos. Trata-se de uma campanha consistente, e para uma faixa ampla de eleitores. Por isso mapa está dessa forma”, diz Bicca Siegel, chefe de análise da campanha. “Podemos testar e pesquisar os melhores métodos, mas essa mensagem vem do nosso candidato.”







Fonte: CNN Brasil