O Partido Socialista, de centro-esquerda em Portugal, conquistou a maioria parlamentar nas eleições gerais deste domingo (30), confirmando um novo mandato forte para o primeiro-ministro António Costa.
Os social-democratas de centro-direita ficaram em segundo lugar com menos de 30% dos votos, de acordo com resultados preliminares, contra cerca de 42% dos socialistas.
O Chega, partido de extrema-direita emergiu como a terceira maior força parlamentar, dando um grande salto de apenas um assento na legislatura anterior para pelo menos 11.
O resultado, impulsionado por uma afluência acima do esperado apesar da pandemia de coronavírus, surpreende depois dos socialistas terem perdido grande parte da vantagem em recentes pesquisas de opinião.
A votação foi convocada em novembro, após os ex-aliados comunistas e do Bloco de Esquerda de Costa se juntaram à direita para derrubar o orçamento de seu governo minoritário.
Os dois partidos de extrema-esquerda pagaram o preço, perdendo mais da metade de seus assentos, de acordo com pesquisas de boca de urna.
Após as sondagens de opinião da semana passada, Costa reconheceu que os portugueses não lhe queriam dar a maioria absoluta e disse estar disposto a fazer alianças com partidos com ideias semelhantes, o que já não é necessário.
“Maioria absoluta não significa poder absoluto. Não significa governar sozinho. É uma responsabilidade acrescida e significa governar com e para todos os portugueses”, disse Costa no seu discurso de vitória.
Antes dos resultados finais chegarem, Costa disse que o partido havia conquistado 117 ou 118 assentos no parlamento de 230 assentos, acima dos 108 conquistados na eleição de 2019, e seus apoiadores explodiram em celebrações barulhentas, cantando o antigo hino revolucionário “Grandola” e acenando bandeiras.
Costa, que chegou ao poder em 2015 após a crise da dívida de 2011-14, presidiu um período de crescimento econômico constante que ajudou a reduzir o déficit orçamentário e até mesmo a obter um pequeno superávit em 2019, antes da pandemia.
Ainda assim, Portugal continua a ser o país mais pobre da Europa Ocidental e depende dos fundos de recuperação da pandemia da UE.
O economista Filipe Garcia, consultor-chefe da Informação de Mercados Financeiros no Porto, disse que os investidores provavelmente apreciarão o novo mandato forte de Costa, dado o corte recorde do governo no déficit orçamentário.
“Além disso, os socialistas não precisarão se comprometer (com outros partidos), o que garante estabilidade e uma linha de ação clara. O maior desafio será promover o crescimento potencial”, disse.
Um governo estável seria um bom presságio para o acesso de Portugal a um pacote de 16,6 bilhões de euros (US$ 18,7 bilhões) de ajuda à recuperação da pandemia da UE e seu sucesso na canalização de fundos para projetos para impulsionar o crescimento econômico.
Com mais de um décimo dos 10 milhões de portugueses estimados em isolamento devido a Covid-19, o governo permitiu que pessoas infectadas votassem presencialmente, e os funcionários eleitorais vestiram roupas de proteção à tarde para recebê-los.
A participação estava a caminho de bater o recorde de baixa participação de 49% em 2019.
Como em muitos países europeus, as infecções aumentaram, embora a vacinação tenha mantido mortes e hospitalizações mais baixas do que em ondas anteriores.