segunda-feira, 11 de outubro de 2021

Outubro rosa: não é fácil aceitar o câncer de mama


A trajetória da vida não é algo planejado. E, por mais que as pessoas tentem, o curso da existência mostra todos os dias que não é possível saber o que vai acontecer amanhã. Mas, a assistente social Ana Cristina Matos, de 45 anos, acreditava nos seus planos e achava – como a maioria dos indivíduos – que tudo estava sob controle. Em 2019, no dia do aniversário, 1º de fevereiro, ela recebeu o diagnóstico de câncer de mama. Depois de uma longa jornada, veio a cura e também o seu lado escritora. No próximo dia 14 de outubro, no mês de conscientização à doença, haverá o lançamento da obra “Nem tudo é vaidade”, um relato sobre aceitação e vitória.

“A vida começa aos 43 anos”. Era essa a frase escrita em uma camisa que Ana havia mandado fazer para usar no aniversário. Mal ela sabia que tal trecho faria tanto sentido naquele momento. “A Ana antes do câncer de mama era a Ana que estava reconstruindo a vida. Eu havia me divorciado e sofria o impacto da separação. Minha autoestima era muito baixa. Eu sou uma pessoa cuidadosa com a minha saúde e, por eu ter a disfunção mamária, obrigatoriamente, eu tinha que fazer anualmente os exames. Em 2018, eu deveria fazer os procedimentos, mas recebi a notícia de que minha irmã mais velha havia sido diagnosticada com câncer no intestino. Fiquei envolvida nos cuidados com ela e o tempo passou. Em janeiro do ano seguinte, fui procurar o médico, como de costume. Na ultrassom, ele notou algo um pouco diferente, mas devido à disfunção, não pensei que fosse grave. Foi necessário fazer um complemento e aí eu comecei a suspeitar de algo errado”, lembra.

Diagnóstico

Ana Cristina revela que o diagnóstico de câncer veio e o primeiro pensamento foi a morte. Era algo complemente novo e ela não sabia o que fazer. “Como atuo na área da saúde, tenho muitos amigos especialistas e as opiniões deles se dividiram. Ouvi falar de cirurgia, de retirada da mama e tudo aquilo me assustou. Eu passei por cinco médicos diferentes, porque eu queria entender toda a situação e também pensava na minha vaidade. Como eu ficaria? Só que o tempo estava passando”, conta.

Acolhimento

Por ter passado por vários especialistas, a ficha de Ana Cristina foi parar no setor de oncologia do Hospital Dr. Beda. A gerente administrativa do setor, Viviane Vieira, já conhecia a assistente social por causa do trabalho e porque as duas são da cidade de Quissamã, município vizinho. “Eu estava de plantão, quando a Viviane me ligou. Com todo cuidado, por causa do assunto, ela disse que estava com a minha ficha e perguntou se era realmente eu. Ela também me questionou o porquê de eu não ter procurado ajuda antes. Eu respondi que estava muito perdida. Aquela conversa foi um divisor de águas. Eu recebi todas as orientações, fui acolhida. Eu consegui trilhar um caminho que me levou a fazer a cirurgia e ficar curada. Havia ainda o risco de o tumor se espalhar, mas, por um milagre, isso não aconteceu. Eu agradeço todo carinho que eu recebi no OncoBeda, fui muito bem tratada e isso faz muita diferença”, revela Ana.

Capa do livro da autora

Nem tudo é vaidade

A ideia do livro surgiu através de uma pergunta da filha da Ana Cristina. A menina questionou a mãe se ela já estava curada. Naquele momento, o lado escritora foi aflorado novamente. O objetivo era dar o testemunho de fé e assim ajudar a salvar vidas. “Eu já tinha cinco títulos para cinco livros, mas nunca pensei em escrever sobre câncer. Veio uma inspiração e me surgiu o título ‘Nem tudo é vaidade. Quem perde para si ganha para Deus’. A publicação é uma oferta de gratidão por eu ter recebido a vida novamente. Eu penso tenho que dar aquilo que ganhei de graça. Não há dinheiro nenhum que pague o que Deus fez por mim. Agora, eu quero salvar outras pessoas através do livro”, ressalta.

Para 2021, o Instituto Nacional do Câncer (Inca) fez uma projeção de 66 mil novos casos de câncer de mama no Brasil. O diagnóstico precoce eleva as chances de cura da doença. E falar sobre o assunto diminui não só o medo, mas aumenta a confiança das mulheres. A paciente deve ser acompanhada por uma equipe multidisciplinar. A campanha Outubro Rosa acontece todos os anos e incentiva o combate, a conscientização e a detecção da doença no país. Neste mês, são realizadas diversas ações voltadas para a sociedade e também como forma de encorajar quem está passando pelo problema.

“A mensagem que eu tenho que deixar é que o medo de morrer vem, mas nós precisamos ter fé. Acreditem que os desafios são para tratar e para curar, primeiramente, a nossa alma e depois o corpo físico”, garante Ana Cristina.







Fonte: Terceira Via