quinta-feira, 15 de abril de 2021

Fraude e manipulação de mercado: fundo chinês que promete investir bilhões na MMX de Eike Batista


Impossibilitado de assumir cargos executivos, o empresário Eike Furkhen Batista da Silva, que já figurou em listas dos homens mais ricos do mundo, tem atuado para evitar aquilo que seria mais um tombo em sua história recente. Com o objetivo de conter a falência da mineradora MMX, uma das poucas companhias do grupo EBX que restaram em suas mãos, o ex-bilionário se uniu ao fundo de private equity China Development Integration Limited (CDIL), que prometeu aportar até 200 milhões de dólares no país.

Boa parte deste montante seria para transformar a MMX, que sobrevive com três funcionários e tem apenas uma fonte de receita atualmente, no colosso que sempre desejara se tornar. Em fato relevante divulgado em 25 de março, a mineradora disse que havia chegado em um acordo para receber 50 milhões de dólares da companhia sediada em Hong Kong. Tudo indica que essa ‘verba infinita’, no entanto, possa não existir. A Associação Brasileira de Investidores, a Abradin , constatou, por meio de uma pesquisa no registro de empresas de Hong Kong, que o capital do fundo “multibilionário” CDIL é de apenas 128,6 dólares.

Além disso, o único diretor da empresa, Andy Lai, presidente do conselho da CDIL, é ligado a um escândalo envolvendo uma corporação criada para evasão de divisas e lavagem de dinheiro. Ele ainda é diretor de aproximadamente 20 empresas, todas sediadas no mesmo endereço.

A revelação pode colocar em xeque os planos do CDIL de fazer barulho no mercado brasileiro. Além de prometer um cheque em branco. para desenvolver os projetos da mineradora de Eike, o fundo asiático acenou com a possibilidade de compra do Porto do Açu (outra obra do ex-bilionário) e participação ativa nos leilões promovidos pelo Ministério da Infraestrutura, com investimentos em aeroportos, ferrovias e portos, além de oportunidades em geração de energia eólica e solar.

Esse portfólio de ativos dos sonhos foi definido pelo fundo de investimentos Rubicon, parceiro dos chineses no Brasil. “Fomos à Brasília conversar com o ministro (da Infraestrutura) Tarcísio Freitas para entrarmos no Aeroporto de Viracopos”, diz Pedro Guimarães, CEO da Rubicon. “Visitamos o Porto do Açu. Há um interesse enorme para desenvolver um projeto de energia lindo lá”, complementa. Um funcionário do governo confirmou a conversa com integrantes da pasta, mas desdenhou dos planos do fundo chinês. “Falaram ‘por alto’ em investir no país. Mas é furada. Sabemos distinguir o que é sério do que não é”, disse.

Desde que a Rubicon anunciou, em novembro, que receberia 200 milhões de dólares para iniciar a expansão dos chineses em solo brasileiro, nada de concreto aconteceu. O patrimônio declarado por parte do fundo brasileiro se manteve na faixa dos 11 milhões de reais, algo distante do aporte anunciado, e não houve qualquer investimento anunciado no país fora o da MMX.

Segundo Aurelio Valporto, presidente da Abradin, há evidências fortes de fraude – não só no mercado financeiro, como no judiciário. “Estamos diante de uma manipulação de mercado deslavada”, diz. “Esse fundo chinês não é sério e o que está sendo feito é, acima de tudo, uma tentativa de humilhar o judiciário brasileiro, com uma fraude processual”, ataca. 

fundo chinês não é sério e o que está sendo feito é, acima de tudo, uma tentativa de humilhar o judiciário brasileiro, com uma fraude processual”, ataca. 








Fonte: Veja