quinta-feira, 22 de dezembro de 2022

Auxílio Brasil tem o dobro de beneficiários do Bolsa Família


Em pouco mais de um ano de existência, o Programa Auxílio Brasil, em Petrópolis, praticamente dobrou no número total de famílias beneficiadas. Em novembro de 2021, quando passou a vigorar, o benefício continha em sua folha de pagamento cerca de 13.300 núcleos familiares. Agora, em dezembro de 2022, a quantidade passa dos 26 mil.

Com isto, inclusive, o Auxílio Brasil também supera os números de beneficiários no qual o Bolsa Família possuía na cidade antes da transição (13.500). Traduzindo os números em quantidade de pessoas auxiliadas, o total representa 39 mil cidadãos. O Auxílio Brasil conta com 62.500 atualmente. Ou seja, em um único ano de Auxílio Brasil, o total de pessoas é superior ao acumulado de 18 anos do Bolsa Família. Se considerado apenas novos inscritos, os números de ambos os programas também se igualam.

O economista Juan Campos, que já conversou com o Diário anteriormente sobre esse assunto, reforça que o estado econômico atual, que proporciona a condição de uma pobreza latente, é o principal motivo do crescimento. “Uma explicação para essa porcentagem é a condição deplorável de pobreza que o país tem passado, com cesta básica cara e salário real achatado, assim colocando as condições necessárias de sobrevivência muito difíceis”, afirma ele.


“Real necessidade?”

Apesar de reconhecer a necessidade que muitos têm de uma assistência econômica do governo, Campos critica a forma na qual o acréscimo de beneficiários foi feita. “Eu acredito que o número de famílias beneficiárias de auxílios aumentou muito ultimamente somente por causa das eleições que ocorreram este ano. Contudo, saliento que é uma visão pessoal minha, uma vez que não foram apresentadas justificativas plausíveis para explicar tais situações, pois nos anos de 2020 e 2021 o país precisou muito mais e enfrentamos diversos problemas, mesmo tendo sido implantado alguns benefícios”, pontua.

Além disto, ele também afirma que há àqueles que usufruem do benefício sem real necessidade. “Além disso, o auxílio é de R$ 600. Tendo um salário mínimo de R$ 1.212, os agentes econômicos têm uma escolha entre ganhar dinheiro e ter lazer, com um auxílio nesse valor, ou um salário baixo. As pessoas acabam preferindo o lazer, pois é mais fácil ganhar R$ 600 sem fazer nada, do que trabalhar de domingo a domingo, pegando horas e horas de trânsito em transporte público para ganhar um salário mínimo”, critica.


Falhas no sistema

Atualmente, o benefício médio do Auxílio Brasil é de R$ 607,60, com cerca de R$ 15 milhões repassados para o município para cobrir esta demanda. Além disto, o benefício é para todos que tem uma renda familiar de meio salário mínimo por pessoa. Isto é, se em uma casa uma pessoa recebe R$ 1.500 e na casa moram três pessoas, sendo duas sem salário, a renda por pessoa é de R$ 500.

Todavia, o economista Juan Campos explica que hoje, com a reforma trabalhista, há uma dissonância que faz com que pessoas sejam consideradas empregadas, mas que, no entanto, necessitam do benefício. “Para ser considerado empregado para os órgãos de estatística, basta trabalhar somente dois dias na semana, não necessariamente ter carteira assinada. Logo, com a reforma trabalhista que flexibilizou as formas de contratações, se uma pessoa trabalhar duas vezes por semana, totalizando oito dias no mês, essa pessoa não é considerada desempregada”, explica ele.

Porém, no fim, Campos afirma que a resolução deste problema se encontra na geração verdadeira de empregos formais, para que assim, se abandone as políticas assistencialistas. “A única forma recente que o Governo Federal e outras instituições governamentais buscaram de criar e dar renda, foi através de políticas assistencialistas. No entanto, políticas voltadas somente para ‘reformas’ que nada ajudam ao crescimento, têm demonstrado serem nada eficientes. Então, o Governo Federal necessita de aquecer nossa capacidade produtiva através de investimentos públicos em infraestruturas, para que assim se crie empregos produtivos”, finaliza.