quarta-feira, 25 de outubro de 2023

Alagamentos da Cel. Veiga seguem como preocupação em dias de chuva em Petrópolis



Uma das cenas mais comuns em Petrópolis em dias de chuva é o transbordamento do Rio Quitandinha, provocando inundações pela Rua Cel. Veiga, a principal rota entre o Centro e o Quitandinha. Essa situação recorrente, que acontece há décadas na cidade e se repetiu na semana passada, trazendo novamente preocupação com o problema.

Na madrugada do dia 17, essa região foi a que teve maior quantidade de chuva registrada: até às 6h, o volume foi 52,6 mm durante quatro horas. O Sistema de Alerta de Cheias do Inea (Instituto Estadual do Ambiente) alertou às 4h08 daquele dia sobre a subida de nível do Rio Quitandinha. Às 4h30, a Defesa Civil emitiu alerta sobre o risco de inundação da via. Por causa disso, a via acabou fechada pelo sistema de cancelas automáticas 10 minutos depois. O transbordamento foi registrado pelo Alerta de Cheias às 5h02. Mais 12 minutos e a Defesa Civil reabriu a passagem pelo local - ou seja, a interdição do trecho durou 34 minutos. O nível do rio já estava baixando às 6h17, como informou o Inea.



Um estudo feito por dois pesquisadores da Universidade Federal Fluminense (UFF) - Daniel Taboada Plácido e Sandra Baptista da Cunha - apontou (com base em relatos de jornais da cidade) que entre 1966 e 2010 houve pelo menos 96 inundações na cidade, a maioria no trecho que compreende uma concessionária, o Instituto Teológico Francisco e a Comdep. A instalação de pontes entre as edificações na margem esquerda do rio e a rua (cada uma com padrão construtivo diferente), a existência de vários tipos de tubulações de água, esgoto, gás e o aumento populacional ao longo das décadas são alguns dos motivos apontados para a recorrência dos casos.


Governo do Estado: dragagem e Plano de Contingência


O Diário questionou o Governo do Estado e a Prefeitura de Petrópolis sobre medidas planejadas ou executadas para enfrentar esse problema.


O Instituto Estadual do Ambiente (Inea) respondeu em nota que "já executa a limpeza de diversos corpos hídricos da cidade de Petrópolis por meio do Limpa Rio" e que o programa terá uma nova fase, contemplando todos os 92 municípios fluminenses.


O órgão não citou planejamento de obras de grande porte para a região, mas disse que está elaborando um Plano de Contingência: "o Governo do Estado tem se reunido por meio do Comitê Permanente de Chuvas para analisar e discutir estratégias dos órgãos estaduais a fim de minimizar os impactos negativos de grandes precipitações em todo o Rio de Janeiro. Diversos setores de governança estão contribuindo ativamente para a criação de um Plano de Contingência com foco em ações emergenciais contra os riscos de alagamentos e desabamentos".


Prefeitura: dragagem, limpeza de bueiros e cancelas automáticas


Já a prefeitura destacou que faz, junto com o Inea, desde o ano passado, o que ela classifica como "maior dragagem da história do município". "No ano passado, 10 frentes de trabalho atuaram de forma simultânea pela primeira vez na cidade, fazendo a limpeza mecânica e manual dos rios. A Comdep também atuou na limpeza de mais de 20 mil bueiros, calhas e bocas de lobo em todo o município", aponta a prefeitura, em nota. O município ressaltou ainda o projeto de fechamento da Cel. Veiga por meio das cancelas automáticas.


"Essas cancelas efetuam o fechamento automático da via a partir do acionamento realizado pela equipe técnica da Defesa Civil, que monitora o nível do rio e a quantidade prevista de chuvas. O objetivo é impedir o trânsito de veículos e pessoas em áreas inundadas. Nesses casos, a orientação é que as pessoas busquem a Ilha de Segurança mais próxima e aguardem o nível de água diminuir. A partir do fechamento da via, uma varredura no trecho é feita por agentes da Defesa Civil para garantir que não há pessoas no local, e a via permanece fechada até o nível da água diminuir", explicou a prefeitura.



Fontes ouvidas pelo Diário apontaram que a junção desses três fatores (dragagem do Rio Quitandinha, limpeza de bueiros e uso da cancelas automáticas) permitiu reduzir o impacto da chuva, que não deixou vítimas ou provocou desalojamentos.

A nota enviada ao Diário também cita a adoção de medidas "não estruturais", como capacitação da população, dos taxistas, motoristas de aplicativos, motoristas de ônibus, a formação e capacitação dos Nudecs, as Escolas Resilientes, "bem como todos os demais programas da Prefeitura para diminuir a vulnerabilidade local, o que torna a cidade mais preparada para receber os impactos das possíveis ameaças".


"As chuvas intensas não podem ser evitadas, como toda e qualquer ameaça natural. A Prefeitura busca reduzir os riscos atacando as vulnerabilidades, seja na necessidade de realização de obras, chamadas ações estruturais, bem como as ações não-estruturais, além da capacitação e treinamento através de diversos programas reconhecidos nacionalmente e internacionalmente, como por exemplo os Núcleos de Defesa Civil Comunitários (Nudecs) e o Mapeamento Participativo", finaliza a nota.









Fonte: Diário de Petrópolis