quinta-feira, 26 de setembro de 2024

Propostas dos candidatos a prefeito de Petrópolis para mobilidade urbana


No próximo dia seis de outubro, os moradores de Petrópolis vão às urnas para votar e definir quem será o prefeito entre o início de 2025 e o fim de 2028. Dr. Santoro (Novo), Eduardo Blog (Republicanos), Hingo Hammes (PP), Rubens Bomtempo (PSB) e Yuri (Psol) são os nomes que concorrem nesta eleição. Para contribuir com o voto consciente, o Diário buscou ouvir propostas dos candidatos sobre um tema que impacta diretamente toda a população: mobilidade urbana e trânsito.

A cidade deve chegar, ainda até o fim do ano, à marca de 200 mil veículos registrados. Em julho, de acordo com o Detran.RJ, já eram 198,2 mil, somando todos os tipos (automóveis, moto, ônibus, caminhão, trator, entre outros). Em vários pontos da cidade, como na Rua Cel. Veiga, na entrada do Carangola e em Itaipava, há retenções em horários de pico pela manhã e no fim da tarde, que fazem os motoristas perderem tempo de viagem para o trabalho, estudo ou outros compromissos.


No transporte público, reclamações sobre quebra de ônibus, perda de viagens e atrasos são constantes, além dos problemas causados com o incêndio na garagem da Petro Ita e da Cascatinha, duas empresas com processo conturbado de licitação - que ainda não avançou.

Outro problema frequente é o estacionamento irregular. O Anuário Estatístico do Detran.RJ divulgado em 2022 mostra que 40,7% das multas aplicadas no município (13,8 mil, no total) eram por "estacionar em desacordo com a regulamentação". Entre os cinco maiores tipos de infrações cometidas na cidade ainda apareceram "estacionar no passeio público" e "estacionar em local/horário proibidos".

Além disso, pensar em mobilidade urbana envolve analisar o tempo e a distância que serão necessários para chegar ao trabalho, escola ou voltar para casa, ou para conseguir algum tipo de atendimento ou produto. Outro cuidado é sobre localização de cada serviço, já que concentrar muitos estabelecimentos de uma mesma atividade pode forçar o deslocamento de uma grande massa populacional para o mesmo lugar, ao mesmo tempo.

Diante desse cenário, os candidatos foram perguntados sobre o que fazer para melhorar o trânsito em diversas regiões da cidade, o transporte público, a fiscalização e os planos para descentralizar serviços e permitir o deslocamento não motorizado.

As perguntas foram enviadas pelo Diário aos candidatos na segunda-feira (23/09) e as respostas serão apresentadas com candidatos organizados em ordem alfabética, de acordo com o nome que vai aparecer na urna eletrônica.


1. Como vai enfrentar os problemas de trânsito em locais como o corredor Centro-Quitandinha, pela Rua Coronel Veiga; a Rua Hermogênio Silva, entre o Retiro e o acesso ao Carangola; e a Estrada União e Indústria, nos trechos de Corrêas, Bonsucesso e Itaipava? Das obras para melhorar o trânsito, quais considera prioritárias?

Dr. Santoro (Novo): Sem dúvidas todas essas obras são prioritárias, não porque existe uma preferência do futuro prefeito por área X ou Y, mas pela real necessidade de ampliar o acesso aos bairros. O mais importante é que todas as análises referentes à duplicação e ao escoamento desse trânsito, vão ser feitas de maneira técnica por um plano de mobilidade, realizado através da licitação da contratação de uma empresa especializada para essa finalidade.

Eduardo Blog (Republicanos): A ligação Bingen-Quitandinha pode desviar até 30% do fluxo de veículos do Centro e ainda vamos implementar o projeto da COPPE UFRJ para mobilidade em Itaipava. Essas serão nossas prioridades. Além disso, temos estudos prontos para a duplicação de pontes, novas vias, criação de rotatórias e a construção de um transbordo de carga pela iniciativa privada (PPP) que vai tirar grandes veículos do Centro e de bairros como Quitandinha, Bingen e Itaipava, que já sofrem muito com congestionamentos.

Hingo Hammes (PP): 
Meu foco será em melhorar a infraestrutura viária e implementar soluções que aumentem a fluidez e segurança no trânsito. Na Coronel Veiga, revisaremos sinalização e acessos, além de reduzir o fluxo de veículos pesados. Na Rua Hermogênio Silva, ampliaremos faixas para facilitar o acesso ao Carangola. Já na Estrada União e Indústria, construiremos rotatórias e um anel viário em Itaipava para redistribuir o tráfego e reduzir engarrafamentos. O projeto dos anéis viários é uma ação prioritária para garantir um trânsito mais fluido.

Rubens Bomtempo (PSB): A partir do estudo da COPPE/UFRJ, vamos fazer um novo acesso a Cascatinha, desafogando a entrada do Carangola. Corrêas terá uma segunda ponte. Em Itaipava, o alargamento da Rua Agante Moço já está em execução. Construiremos uma nova ponte, na altura do Hortomercado, além de duplicar a ponte do Arranha-Céu. Também vamos estudar construção de baias, rotatórias e ampliações de trechos no corredor da zona sul, a partir da General Rondon, com rotatórias, baias e trechos duplicados.

Yuri (Psol): Garantir gestão de tráfego nos picos, com agentes de trânsito e intervenções, e aos fins de semana pela presença de turistas. Estruturar vias alternativas aos corredores. Pactuar obras com o Governo Federal para o Retiro e Carangola, com a criação de rotatórias. Em Itaipava, alterações próximo ao Bramil, na entrada do Hortomercado e na geometria do Trevo de Bonsucesso. Duplicação da Ponte de Bonsucesso e criação de retorno no Buriti. Trabalhar novos acessos e saídas para a BR-040.

2. Em relação ao transporte público, quais as soluções para melhorar o sistema e garantir menos quebras e atrasos e mais qualidade dos veículos em circulação na cidade?

Dr. Santoro (Novo): Nós vamos extinguir a CPTrans, um dos maiores gargalos de corrupção na Prefeitura de Petrópolis, substituindo por uma agência petropolitana de mobilidade, ocupada por gestores técnicos. Vamos ter um plano local e com base nele uma licitação referente de todas as linhas de ônibus, renovação de toda a frota, com modicidade de preços, e uma modelagem inteligente que crie tarifas mais baratas. Vamos convidar empresários de diversos meios de transporte para investimento na cidade com inovação tecnológica.

Eduardo Blog (Republicanos): Vamos acabar com a CPTrans e trazer a responsabilidade para o Governo. Nós vamos fiscalizar, quando necessário multar e fazer cumprir os contratos para garantir a manutenção dos veículos, os direitos dos rodoviários, a volta de 100% das linhas e dos cobradores. A Prefeitura vai assumir a sua responsabilidade e iniciar o pagamento das suas dívidas com o sistema. Não é possível pedir correção e não dar o exemplo. Empresa que não prestar um bom serviço e não se adequar perderá a concessão.

Hingo Hammes (PP): 
Proponho como prioridade a modernização das frotas para garantir veículos de melhor qualidade e reduzir quebras e atrasos. Além disso, intensificar a fiscalização das empresas de ônibus, exigindo a manutenção regular para que os veículos em circulação estejam sempre em boas condições. Outras ações importantes são a abertura de novas licitações para substituir empresas que não estejam cumprindo com o serviço adequadamente, a implementação de novas linhas e reestruturação dos terminais rodoviários.
Rubens Bomtempo (PSB): Conquistamos junto ao Governo Federal, por meio do PAC, linha de crédito para trazer 200 novos ônibus, inclusive elétricos. Com isso, vamos retomar as linhas nas comunidades que foram retiradas pelo governo interino. Nos últimos dois anos e meio, fizemos quatro intervenções para resolver a crise no transporte, que começou em 2018 e foi agravada quando o governo interino autorizou a venda de parte da frota. A Petro Ita e a Cascatinha estão proibidas de circular e a licitação está em andamento.

Yuri (Psol): Tomar o controle do sistema de transporte público, garantindo ônibus com segurança e manutenção, horários respeitados e trajetos combinados com a população. Trazer de volta os cobradores, garantir os salários, os direitos e os empregos dos rodoviários. Reformar os terminais e ampliar o bilhete único. Criar um Fundo Municipal de Transporte Pública para a implementação gradual da Tarifa Zero.

3. Sobre fiscalização de trânsito, como será o trabalho para coibir estacionamento irregular? Como será a gestão do serviço de reboque?

Dr. Santoro (Novo): Não será feita em hipótese alguma pela Guarda Municipal. Teremos agentes específicos para essa finalidade e o apoio logístico da Polícia Militar, já que o papel da Guarda será o combate à criminalidade. Além disso, vamos realizar uma licitação ampla e transparente para a contratação de profissionais com essa finalidade, porque não dá mais para aceitar o direcionamento licitatório que virou regra na cidade. O foco é garantir uma gestão eficiente, combatendo o estacionamento irregular de forma justa e eficaz.

Eduardo Blog (Republicanos): Vamos intensificar as fiscalizações investindo em profissionais e equipamentos. Precisamos garantir a mobilidade não apenas no Centro e nos distritos, mas também nos bairros onde o transporte público, coleta de lixo entre outros serviços são prejudicados. A gestão do serviço de reboque será pensada dentro da legalidade e do bom senso.

Hingo Hammes (PP): 
A fiscalização do trânsito será intensificada com mais agentes da Guarda Civil nas ruas e o reforço do Centro Integrado de Monitoramento (CIMOP), que já usa câmeras para identificar infrações em tempo real. Expandiremos o sistema para combater irregularidades de forma mais eficiente. O serviço de reboque terá regras claras e será transparente, garantindo que os veículos sejam recuperados rapidamente e sem burocracia. Nosso foco é melhorar o trânsito e agilizar a mobilidade para os petropolitanos.

Rubens Bomtempo (PSB): Com o concurso público feito pela atual gestão após 18 anos já estamos convocando novos agentes de trânsito, que estão reforçando as equipes nas ruas. Esse ordenamento será intensificado nos centros dos bairros. Vamos intensificar o trabalho já iniciado de utilizar as câmeras do Cimop para fiscalizar o estacionamento irregular, garantindo ordenamento para o trânsito. Com relação ao reboque, o serviço está licitado e em funcionamento.

Yuri (Psol): Fiscalização ativa, garantindo a mobilidade, sem carros nas calçadas e com estacionamento rotativo justo. Acabar com os parquímetros e tirar a Sinal Park, o Município vai gerir o estacionamento rotativo, favorecendo o comércio e sem indústria da multa. O mesmo vale para o reboque, pois iremos investir em educação para o trânsito, abordando de forma informativa, até que seja necessário qualquer remoção, pela garantia da mobilidade.

4. Quanto à mobilidade urbana, qual o plano para evitar concentração de pessoas, serviços e veículos em poucas regiões da cidade? Há planos para ampliar outras formas de deslocamento não motorizados, como o uso de bicicletas e o deslocamento a pé?

Dr. Santoro (Novo): A nossa prioridade será sempre o transporte coletivo, e não meios de transporte individuais como a bicicleta. O mais importante é que o planejamento urbano continuará a ser pensado de maneira descentralizada, fortalecendo os bairros para que eles criem seus próprios serviços e desenvolvam autonomia. Caso seja viável desenvolver algum plano como ciclovias e projetos de corredores específicos, podem ser estudados e dependendo da viabilidade, até sejam implementados.

Eduardo Blog (Republicanos): Ao melhorar a mobilidade, vias, estacionamentos irregulares nos bairros, além de valorização haverá investimentos. Se existe serviço bancário em um bairro, milhares de pessoas deixam de vir ao Centro. Outra medida é levar serviços da Prefeitura até os bairros regularmente. Investir em transporte alternativo é zelar pela saúde da nossa gente e pelo meio ambiente, mas não existe milagre para ampliar vias em áreas completamente urbanizadas. A construção de ciclovias e faixas e o incentivo à instalação de bicicletários será política pública do nosso governo no entanto, deixo claro que não abriremos mão da segurança das pessoas.

Hingo Hammes (PP): 
Um dos maiores desafios da mobilidade urbana é a concentração de atividades em áreas específicas da cidade. Vamos incentivar a descentralização, criando polos de desenvolvimento em regiões como Itaipava, Bonsucesso e Corrêas, para reduzir deslocamentos longos e aliviar o trânsito. Também vamos incentivar o uso de bicicletas com a criação de ciclovias seguras. Já o deslocamento a pé será facilitado com a ampliação e a melhoria das calçadas.

Rubens Bomtempo (PSB): Em 2004, iniciamos a descentralização e transformamos regiões basicamente residenciais, como Itamarati e Corrêas, em polos comerciais. O transporte alternativo merece atenção do nosso Plano de Governo pela importância de novas formas de deslocamento em curtas distâncias. Teremos sistema de locação de bicicletas em pontos estratégicos, como terminais, além de ampliar a malha cicloviária - incluindo a construção de um parque linear com ciclovia às margens da Barão do Rio Branco.

Yuri (Psol): Descentralizar os serviços e fortalecer os bairros. Isso vai melhorar a mobilidade urbana, diminuir os gargalos no trânsito e dar mais autonomia aos distritos. Tirar do papel o plano cicloviário, implementando ciclovias e parcerias por estações de bicicletas para uso comum. Fundamental também garantir a zeladoria das calçadas e faixas de pedestres. A cidade precisa ser acessível para todos, incluindo PCDs, idosos e pessoas com mobilidade reduzida.