(Foto: Ralph Braz) |
Garotinho,
escrevo-lhe estas mal traçadas linhas para tentar abrir uma janela em sua memória e deixar a luz do sol entrar.
É bem verdade que faz algum tempo, mas somos o nosso passado. O futuro é o que haveremos de ser.
Escrevo-lhe porque não quero acreditar que o governo, cuja lanterna de proa, é você, quer repetir o gesto policialesco da finada ditadura, colhendo, numa lista, os nomes dos professores grevistas.
Não posso crer que você concorde com isso.
Lembro-me bem que, na década de 1980, participamos de todos os movimentos grevistas do Município. Todos. Fomos signatários da fundação de uma Central Sindical e chegamos à responder, judicialmente, por nossa militância ativa.
Hoje você está do outro lado do balcão, mas não, necessariamente, isso faz de você uma outra pessoa.
Ao invés de perguntar nomes, pergunte se os grevistas querem negociar, uma vez que a greve é o recurso legítimo do trabalhador que não é ouvido.
Ah, e quanto aos nomes, eles todos atendem pelo, honrado nome, de PROFESSOR!
Cordialmente,
Fernando Leite.