Uma operação do Conselho Tutelar de Campos constatou que, pelo menos, três abrigos do município estão sem alimentos básicos para os menores acolhidos. A operação ocorre durante esta quarta-feira (10), após denúncia da Promotoria de Infância e Juventude do Ministério Público, e já fiscalizou três instituições. No total, oito abrigos devem ser vistoriados. Estes locais acolhem bebês, crianças e jovens de zero a 18 anos incompletos. Alguns não têm nem feijão para alimentar os abrigados.
Segundo a conselheira tutelar Geovana Almeida, a situação é delicada. “Essas crianças estão nesses abrigos por questões como falta de alimentação e pobreza em seus antigos lares, que geram outros problemas. Só que eles saem da família e estão passando algo tão semelhante no acolhimento. Então, o que encontramos aqui nos deixa muito entristecidos porque as crianças, além de estarem fora dos seus lares, continuam também sem alimentação aqui, que é uma obrigação do município”, contou.
Ainda segundo ela, um relatório detalhado sobre a situação dos abrigos constatada durante a fiscalização será entregue ao Ministério Público para que providências urgentes sejam tomadas para solucionar o problema.
“Temos acolhimentos que amanhã não terão feijão, que hoje não têm o leite. A gente só quer pedir ao Poder Público que entenda que essas crianças já estão fragilizadas fora de suas famílias e passar por falta de alimentação dentro do acolhimento é deplorável. Ainda hoje vamos entregar um relatório robusto pedindo também à promotoria que atue para que o problema seja resolvido em no máximo de 24 horas, porque barriga de criança não espera”, desabafou a conselheira.
Atualmente, o alimento e material de higiene que ainda restam nestes locais são provenientes de doações da comunidade em geral e dos próprios funcionários.
“Identificamos graves deficiências nos fornecimentos alimentícios, como de leite, arroz e feijão. Graças às doações que esses acolhimentos vêm recebendo por parte da sociedade é que essa alimentação não foi interrompida em sua totalidade”, informou o conselheiro Hugo Pereira.
O Jornal entrou em contato com a Prefeitura de Campos, que enviou a seguinte nota sobre o assunto:
“De acordo com o Presidente da Fundação Municipal da Infância e Juventude (FMIJ), Igor Pereira, quando assumiu a o cargo em janeiro, encontrou uma situação caótica: os empenhos para as compras de mantimentos que abastecem os acolhimentos institucionais não tinham sido realizados pela administração anterior, automóveis dos Conselhos Tutelares sucateados e muitos outros problemas.
Imediatamente após assumir a FMIJ, o presidente deu entrada no processo definitivo para a compra dos gêneros alimentícios – que, em virtude dos trâmites burocráticos naturais, encontra-se em processo.
Enquanto a licitação definitiva não é concluída, foi realizada uma compra emergencial, que está em fase final, para que não faltasse alimentos às crianças e adolescentes assistidos nestas instituições.
A FMIJ está tomando todas as providências necessárias, num ambiente de transparência e diálogo com todas as instituições”, informou a nota na íntegra.
Fonte: Terceira Via