terça-feira, 19 de novembro de 2024

Visitas do Imperador D. Pedro II a Campos


Campos foi visitada quatro vezes pelo Imperador D. Pedro II. A primeira visita ocorreu em 24 de março de 1847, quando os campistas prepararam para o jovem imperador, então com 22 anos, grandes festas e manifestações de estima e amor. Mas a grande curiosidade desta viagem era o canal Campos-Macaé, recém inaugurado. É de se aceitar mesmo que conhecer este canal, aberto pelo braço escravo, tivesse sido o objetivo maior dessa viagem a Campos. O imperador fez mais três viagens a Campos, em 1875, 1878 e 1883, essa última para a inauguração da energia elétrica. Campos foi a primeira cidade da América do Sul a possuir energia elétrica, inaugura em 23 de junho de 1883. A projeção da cidade de Campos no império era algo de impressionante.

(Escavação do Canal Campos- Macaé, por escravos)

Em 1847, o imperador D. Pedro II fez sua primeira viagem para Campos, onde veio inspecionar as obras do canal. Na sua visita os campistas prepararam para o jovem imperador, então com 22 anos, grandes festas e manifestações de estima e amor. O canal foi escavado pelos escravos. É considerado uma das maiores obras de engenharia do país à época do Império. O seu percurso, com uma largura de 15 metros, estendia-se por 106 quilômetros. Considerando-se apenas a extensão, é o segundo canal artificial mais longo do mundo, sendo superado apenas pelo Canal de Suez.


Percebemos que as três últimas datas de visita do Imperador, 1875, 1878 e 1883 são datas em que o fotógrafo, Guilherme Bolckau já estava presente e atuando na cidade de Campos, e é de se estranhar que não tenha fotografado o Imperador considerando que não encontramos nenhuma imagem produzida por ele referente às visitas.


Acreditamos que essas fotos provavelmente devam ter sido feitas, mas infelizmente se perderam ou apareçam mesmo como anônimas, por falta de identificação do autor.




Em 1883, essa última visita foi para a inauguração da energia elétrica. Campos foi a primeira cidade da América do Sul a possuir energia elétrica, inaugura em 23 de junho de 1883. A projeção da cidade de Campos no império era algo de impressionante.


Datas das visitas a Campos


No dia 20 de março de 1847, Pedro II embarcou com sua comitiva no Rio de Janeiro, no navio a vapor “São Salvador”, rumo ao Norte da Província. Há relatos que ela parou em Macaé para uma visita. De lá, seguiu para Campos de barco pelo canal Campos-Macaé. Um dos objetivos foi conhecer a grande obra de engenharia do recém-construído canal. Ele teria descido nas terras da Usina do Queimado, no dia 25 de março. A visita do imperador a Campos dos Goytacazes se estendeu a São João da Barra e a São Fidélis, em deslocamentos de barco pelo Rio Paraíba do Sul. Esta temporada durou 41 dias.

Antes de regressar ao Rio de Janeiro, no dia 15 de abril de 1847, Pedro II participou de diversas solenidades, jantares, missas, bailes e festas. Nos documentos, constam que integrantes da Lyra de Apollo, banda histórica de Campos, participaram dos festejos musicais. O imperador foi hospedado pelos barões de Muriaé, no antigo solar onde hoje funciona a sede do Corpo de Bombeiros; e na região de Sapucaia, no prédio do Solar da Baronesa, pertencente à Academia Brasileira de Letras, na atualidade.

Nas visitas seguintes, Pedro II veio acompanhado da esposa, a imperatriz Tereza Cristina. A segunda vinda a Campos se deu em 13 de junho de 1875, para o lançamento da pedra fundamental da estrada ferroviária Campos-Carangola. Ele passou pela fazenda da Usina do Limão, no distrito de Goytacazes; e pela Fazenda do Colégio, no distrito de Tócos.

Documentos registram que a terceira visita de Pedro II a Campos aconteceu em 22 e 23 de novembro de 1878, para a inauguração da Usina de Barcelos. A última vinda do imperador à cidade aconteceu no dia 24 de junho de 1883 para a inauguração da luz elétrica. Campos é pioneira na América Latina a contar com esse tipo de serviço. Pedro II e sua comitiva teriam embarcado no dia 22 em Porto das Caixas, em Itaboraí, parado em alguns lugares, antes de cumprirem compromissos em Campos.

“Os relatos dão conta de que ele era muito querido e festeiro. Caminhava a pé por vários pontos centrais da cidade, frequentava as Igrejas São Francisco, Mãe dos Homens e do Santíssimo Salvador. Segundo pesquisa da campista Thalita de Oliveira Casadel, o imperador costumava dar muitas esmolas aos pobres nos percursos. O uso do trem para as três últimas viagens passou a ser regular. Após a inauguração da energia elétrica em Campos, Pedro II não retornou mais a esta região”, cita Maria da Glória.


D. Pero II e Teresa Cristina 

HISTÓRIA

Em 1879, Thomas Edison inventou a primeira lâmpada incandescente prática, barata e capaz de competir com a iluminação a gás.

Três anos depois, em 1882, ele inaugurou, em Nova Iorque, a primeira central americana de serviço público de geração e distribuição de eletricidade: a Pearl Street Central Station.

Nesse mesmo período, no Brasil, a Câmara Municipal da cidade de Campos dos Goytacazes, no estado do Rio de Janeiro, aprovava, em 1881, a substituição da iluminação pública a gás pela iluminação a energia elétrica.

Dois anos depois, em junho de 1883, nessa mesma cidade, era inaugurado o primeiro serviço público de iluminação elétrica da América do Sul, na presença do imperador D. Pedro II.

Sua Majestade hospedou-se no solar do Visconde de Santa Rita, na Rua 7 de Setembro. A neta do visconde, Anita, casou-se com o jovem deputado Nilo Peçanha, mais tarde Presidente da República. Nilo, “mestiço de Morro do Coco”, era filho de um padeiro. A família da noiva se opôs ao casamento e, graças à determinação da jovem Anita – que fugiu de casa – os dois puderam se casar na Igreja de São João Batista da Lagoa, no Rio.

O casamento foi realizado pelo ilustre Padre Pelinca, que fora vigário da Paróquia de São Salvador - atual Catedral - e que a esta altura já havia sido expulso da cidade.