Lista tem médicos, empresários, ex-secretários, ex-reitor de universidade, conselheira tutelar, produtor cultural, entre outros perfil
As eleições municipais acontecem no dia 6 de outubro em todo país. Em Campos, como em toda eleição, há expectativa por renovação na Câmara de Vereadores. Pré-candidatos que estão estreando no pleito, sejam eles impulsionados pelo governo Wladimir Garotinho ou oposicionistas, já surgem em partidos de direita, centro e esquerda, vistos como perfis com potencial e representatividade até mesmo para desbancar velhos conhecidos na política local, detentores de mandatos. Diante deste cenário, o Jornal Terceira Via fez um levantamento junto aos principais partidos que abrigam esses nomes.
Podemos
O Podemos traz um nome leve e integrador, o ex-secretário municipal de Governo, Ângelo Rafael, formado em Direito pela Faculdade de Direito de Campos (FDC), já presidiu o Partido Progressista(PP), atual partido do prefeito Wladimir e também o PSD. Ângelo é fiel escudeiro da família Garotinho, onde está desde 1994, para o governo do Estado com Anthony.
Depois caminhou junto nas gestões da Rosinha, tanto no governo do estado, como na prefeitura e hoje estamos mais uma vez junto com o Wladimir.
No mesmo grupo político há 27 anos no cumprimento de tarefas no trabalho de bastidores.
"Decidi colocar o meu nome e minha experiência à disposição da população da minha cidade. Obviamente que não foi uma decisão fácil, pois todos sabemos que para uma empreitada dessas, precisamos abdicar de muitas coisas, nas relações familiares, com os amigos, dos momentos de lazer, enfim, é abrir mão por um objetivo maior e muito importante, "comenta Ângelo.
Partido Progressista (PP)
No Partido Progressistas (PP), sigla escolhida pelo prefeito Wladimir para concorrer à reeleição, as possíveis novidades na legenda estão no ex-subsecretário de Saúde, o médico e militar Marcos Gonçalves, conhecido como Dr. Maninho; o ex-secretário de Administração e Recursos Humanos, professor Wainer Teixeira; o ex-secretário de Desenvolvimento Humano e Social, Rodrigo Carvalho; e a médica Dra. Hélen Espírito Santo.
Dr. Maninho (Foto: Arquivo)
Maninho foi o subsecretário de Saúde durante o governo Wladimir. Além da experiência na gestão municipal, tem trajetória como ortopedista no Hospital Ferreira Machado (HFM) e atua como major médico da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ).
“Acredito que minha trajetória me confere credibilidade e mostra meu compromisso com o bem-estar da nossa comunidade. Minha campanha será baseada em propostas concretas, nascidas da minha vivência de trabalho nos hospitais públicos e das demandas que ouvi diretamente da população”, comenta.
(Foto: Josh)
Rodrigo Carvalho é advogado, com pós-graduação em Direito Público Administrativo. Atuando há mais de uma década com políticas públicas no município, começou como conselheiro tutelar em 2009. Exerceu os cargos de presidente da Fundação Municipal da Infância e Juventude (FMIJ) e secretário Municipal de Desenvolvimento Humano e Social durante o governo Wladimir.
“Aceitei esse desafio com o objetivo de lutar ainda mais pela garantia de direitos e assistência para as pessoas em situação de vulnerabilidade social em Campos”, afirma.
(Foto: Arquivo Pessoal)
Hélen Espírito Santo é médica oftalmologista há 33 anos, diretora do Serviço de Atendimento Domiciliar (SAD) do município há três anos e atuante também na emergência do Hospital Ferreira Machado. Ela surge como uma das mulheres na briga para mudar o cenário da Câmara Municipal, que hoje é 100% composta por homens.
“Meu objetivo é continuar contribuindo pela evolução na saúde do município, como vem acontecendo no SAD. Com minha experiência, me sinto preparada para integrar o legislativo da cidade e poder ajudar de forma mais efetiva a população”, enfatiza.
Wainer Teixeira (Foto: Silvana Rust)
Wainer Teixeira lecionou por 22 anos na antiga Faculdade Filosofia de Campos (Fafic) em diversos cursos. Na mesma universidade, implantou o Curso de Filosofia – sua área de formação. É diretor de Gestão de Pessoas na Fundação Benedito Pereira Nunes desde 2006 e também já foi presidente da Companhia de Desenvolvimento de Campos (Codemca). Atuou como secretário de Administração e Recursos Humanos da atual gestão.
“Quero continuar contribuindo com propostas para Campos crescer ainda mais. Avançamos desde 2021 e quero estar na Câmara para somar com uma visão ética, de gestão e de cuidado com o próximo, com a coletividade”, declara.
Republicanos
Dudu Azevedo (Foto: Instagram)
A expectativa nos bastidores da política local aponta para Dudu Azevedo (Republicanos) como um dos perfis mais promissores como estreante na disputa por uma vaga no Legislativo. Dudu é empresário do ramo de eventos há mais de 20 anos. Na política, teve participação ativa nas campanhas que elegeram Bruno Dauaire (União) deputado estadual em 2016, e Wladimir Garotinho a deputado federal em 2018 e prefeito de Campos em 2020.
“Essa vivência nos bastidores me ensinou a navegar pelos processos burocráticos e a formular políticas públicas eficazes, sempre com o objetivo de trazer benefícios concretos para a população. Com minha bagagem, acredito que estou preparado para ser uma peça importante para acelerar os avanços que nossa cidade precisa”, avalia.
Partido Democrático Trabalhista (PDT)
Marcelo Feres (Foto: Arquivo Pessoal)
O Partido Democrático Trabalhista (PDT) chega ao período de pré-campanha com perfis bem distintos: o ex-secretário de Educação, Marcelo Feres; a conselheira tutelar Mannu Ramos e o influenciador digital Fernando Borges.
Marcelo Feres é servidor do Instituto Federal Fluminense (IFF) desde 1996, com atuação na área de tecnologia da informação. Doutor em Educação e mestre em engenharia de software, ele atuou no Ministério da Educação entre 2008 e 2016. No MEC, foi Diretor de Integração das Redes de Educação Profissional e responsável pela implantação do Programa Pronatec.
“Espero usar minha experiência para contribuir significativamente pela melhoria da educação e da sociedade como um todo, trazendo boas práticas e inovação para o cenário político”, pontua Feres
Assistente social, mestre em Desenvolvimento Regional e Políticas Públicas, Mannu Ramos é a atual conselheira tutelar mais votada de Campos e coordenadora estadual do Movimento Negro Unificado.
“Sou militante antirracista há mais de 10 anos, engajada também na luta pelos direitos das mulheres, crianças e adolescentes. Coloquei meu nome na corrida à Câmara pela primeira vez para fazer a população de Campos, de maioria feminina e negra, se sentir representada”, afirma.
Fernando Borges é fotógrafo, produtor cultural com mais de uma década de atuação na cidade, e se define também como comunicador e possui trajetória também no empreendedorismo cultural.
“Desde sempre trabalhei para construir espaços com o intuito de que meu universo possa ser acolhido e existir dentro deles. Quero chegar à Câmara para fiscalizar e elaborar leis em defesa da cidadania LGBTQIAP+, cultura e arte, bem como a inclusão cultural e social de Guarus”, comenta.
Movimento Democrático Brasileiro (MDB)
No Movimento Democrático Brasileiro (MDB), além de Leonardo Mantena, coordenador do projeto Esporte Vida, a legenda aponta quatro mulheres como possíveis surpresas: Adriana Venâncio, Kamille Luna, Lucimara Muniz e Patrícia Cabral.
Leonardo Mantena coordena há quatro anos o Esporte Vida. Iniciativa que, através de parceria entre Prefeitura e Governo Federal, atende mais de 10 mil pessoas.
“O esporte está voltando a ser destaque na cidade e precisa ter representatividade na Câmara. Quero lutar por essa bandeira e seguir dando oportunidade a crianças e adolescentes de mudar a história de suas famílias”, destaca Mantena.
Filha do ex-vereador Ederval Venâncio, Adriana Venâncio é professora e fonoaudióloga. Ela se coloca como pré-candidata, acreditando na trajetória do pai (recordista de mandatos na Câmara) e levantando a bandeira de representar o distrito de Travessão.
“Minha trajetória me ensinou a importância do diálogo e da construção de soluções para o bem-estar de todos. Batalho desde cedo pela justiça, igualdade e inclusão e acredito que posso lutar por pautas como essas, levando a representatividade feminina”, declara.
Kamille Luna é pastora, psicóloga e conselheira tutelar, com trabalho ativo no subdistrito de Guarus. Ela chega às eleições com o apoio do presidente estadual do MDB, Washington Reis.
“Atuo na proteção e garantia de direitos das crianças e adolescentes. Na pandemia, começamos a desenvolver um trabalho social no bairro Novo Eldorado e assim pudemos descobrir muitas outras vulnerabilidades das crianças e famílias da nossa cidade”, diz.
Lucimara Muniz é fundadora do Instituto de Desenvolvimento Afro Norte e Noroeste Fluminense e atual vice-presidente da Associação Quilombola do Rio de Janeiro.
“Comecei desde os meus 15 anos a participar dos movimentos sociais, até o despertar da identidade e essência negra quilombola. A minha pré-candidatura surgiu a partir de um processo de decisão coletiva, junto ao meu nicho de trabalho”, destaca.
A empresária Patrícia Cabral se lança pré-candidata a vereadora pelo seu engajamento em pautas dedicadas à proteção de mulheres em situação de violência.
“Vejo a ausência de mulheres na Câmara como um reflexo de desigualdades profundas em nossa sociedade. Quero defender a criação de um programa habitacional para atender mulheres em situação de vulnerabilidade social”, afirma.
Partido Liberal (PL)
Ainda no amplo campo de apoio ao prefeito Wladimir Garotinho, o PL chega ao pleito com a expectativa de um bom desempenho na corrida pela Câmara. Entre as possíveis novidades do partido, aparecem Lena Souza e Patrick de Carvalho.
Lena é empresária e fundadora do instituto Sawanna Por Todos. Criado em 2016, o instituto hoje assiste mais de 460 famílias com pacientes oncológicos, doenças raras e degenerativas.
“Quero ser uma representatividade feminina, na luta por pautas como: construção de um Hospital de Referência em Oncologia Infantil, benefício vitalício para pacientes oncológicos e um programa de Qualificação e Empregabilidade”, diz.
Patrick de Carvalho surge como representante da extrema direita em Campos, tentando repetir a votação expressiva obtida pelo irmão, conhecido como CVC na eleição passada (quase 2.300 votos).
“Passei a me posicionar firmemente a partir do momento em que comecei a estudar filosofia e acompanhar o filósofo Olavo de Carvalho, do qual me considero aluno. Em 2018 fizemos uma forte campanha em Campos para eleger Jair Bolsonaro. Em 2022, colaboramos nas eleições do deputado federal Carlos Jordy (líder da oposição na Câmara) e Poubel a deputado estadual”, comenta.
Partido dos Trabalhadores (PT)
Já na oposição ao governo municipal, três partidos apresentam nomes conhecidos e que podem surpreender: no campo da esquerda, o PT se coloca com Tezeu Bezerra, Elaine Leão, Raul Palacio e Gilberto Gomes. No PSOL, Natália Soares concorre na expectativa de repetir o bom desempenho da eleição anterior, quando foi candidata a prefeita.
Há 18 anos na Petrobras, Tezeu Bezerra é coordenador do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF) desde 2017. Atualmente, também é diretor de Relações Institucionais e Jurídicas da Federação Única dos Petroleiros. Ele chega ao pleito com a expectativa de repetir a votação expressiva feita por José Maria Rangel em 2020 (2934 votos) e desta vez fazer o PT voltar a ter uma cadeira na Câmara.
“No âmbito nacional, esse último ano foi de reconstrução da Petrobras, dos direitos dos trabalhadores. E esse é meu intuito na Câmara de Vereadores: lutar pelos servidores do nosso município”, enfatiza.
Elaine Leão é servidora pública na área da saúde de Campos há 22 anos, reeleita em 2024 à presidência do Sindicato dos Profissionais Servidores Públicos Municipais (Siprosep). Também é coordenadora regional da Central dos Trabalhadores e das Trabalhadoras do Brasil.
“Nesses quatro anos como presidente do sindicato, lutei muito por direitos trabalhistas. E não tenho dúvida da importância dos vereadores para garantia desses direitos. Visitei também escolas públicas e percebi a falta de condições de trabalho e a questão da falta de inclusão das crianças atípicas. Essa pauta me ajudou a tomar a decisão”, destaca.
Raul Palacio foi reitor da Uenf nos últimos quatro anos e no fim de 2023 ajudou a eleger Rosana Rodrigues (sua então vice) como a primeira mulher reitora da universidade.
“Quero diminuir o individualismo e a exclusão da população nos debates da política local. A cidade precisa discutir projetos voltados para o seu desenvolvimento a partir do que pensa a coletividade. Através da minha experiência como gestor de uma universidade como a Uenf, me sinto preparado para essa missão”, comenta.
Gilberto Gomes é assessor parlamentar do deputado federal Lindbergh Farias e tem forte atuação também no movimento estudantil da cidade. Foi diretor geral do Diretório Central de Estudantes (DCE) da Uenf por quatro gestões consecutivas.
“A minha candidatura tem duas linhas de frente: primeiro, um perfil territorial forte, com uma relação intensa com o Travessão, de onde toda minha família é e sou morador. Minha outra frente de atuação é o movimento estudantil. No DCE da Uenf, estive à frente de conquistas importantes, que foram o restaurante universitário, o reajuste das bolsas, além da criação do Auxílio Moradia”, declara.
Partido Socialismo e Liberdade (PSOL)
Natália Soares surpreendeu na última eleição municipal, somando 11.622 votos na disputa pela Prefeitura. Agora, se coloca no pleito em busca de uma cadeira na Casa de Leis. “Penso que a Câmara precisa se tornar um lugar com representatividade, quero contribuir pela igualdade de direitos, a luta do povo negro, das mulheres e dos trabalhadores”, afirma.
União Brasil
O União Brasil, capitaneado pelo presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), Rodrigo Bacellar, é o principal grupo político de oposição ao prefeito Wladimir. Na sigla, quem surge como novidade é a jornalista Cláudia Eleonora. Jornalista há mais de 30 anos com atuação em diversos meios de comunicação, Cláudia pela primeira vez se arrisca no cenário político.
“A política sempre fez parte da minha trajetória. Faço política quando defendo uma educação de mais qualidade, saúde mais acessível, mobilidade urbana que atenda a todos, mais emprego, e por mais ações que promovam o desenvolvimento. Aceitei o desafio em um momento no qual é urgente a participação da mulher”, afirma.
Quociente partidário tem papel essencial
Em uma eleição, existem cargos que são preenchidos pelo quociente partidário. Para prefeito, governador, senador e presidente, vale a performance individual. Já para conquistar uma vaga como vereador, deputado estadual e federal, o sistema tem outro cenário.
Primeiro, é calculado o quociente eleitoral. Ele é conhecido da seguinte forma: divide-se a quantidade total de votos para tal cargo, pelo número de vagas a serem preenchidas (25 cadeiras no caso da Câmara de Campos).
A partir daí, entra o quociente partidário. Ele leva em conta o desempenho de cada partido ou federação (união de partidos) para definir quantas vagas cada sigla terá. Assim, além do número de votos, o candidato nestes casos precisa contar com a sua legenda.
“Nas Assembleias Estaduais, na Câmara Federal e nas Câmaras de Vereadores, o voto não é o chamado voto majoritário, mas sim o voto proporcional. Neste caso, conta mais a performance do grupo. Assim, se privilegia o voto proporcional, justamente porque, na prática, até mesmo o funcionamento de votação nas câmaras obedece o princípio da formação de grupos. Na Câmara dos Deputados, por exemplo, vemos a formação das bancadas temáticas. Então, esse processo se aplica exatamente porque a atuação nesse tipo de poder é coletiva”, explica o cientista político George Coutinho.
Fonte: Terceira Via