Fotos: Silvana Rust |
São muitos anos de espera pela restauração do centenário “Solar de Santo Antônio”, sede do Asilo Nossa Senhora do Carmo, em Campos dos Goytacazes. As marcas de abandono desta “senhora” construção de 178 anos estão por toda parte, do chão ao teto, enquanto as vigas de madeiras sustentam as paredes para não cair. No entanto, há esperança para que este local, tão significativo para o município, receba os cuidados que merece para continuar contando sua história. A boa notícia é que o prédio histórico poderá ser reformado, já que o Governo Federal liberou um recurso, por meio do novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Seleções, no valor de R$ 32,92 milhões para a recuperação do Solar. A verba é resultado da articulação política do prefeito de Campos, Wladimir Garotinho, em Brasília. A proposta prevê a contratação de projeto de restauração, arquitetura, paisagísticos e complementares, e execução de obras com previsão de novas estruturas anexas. Outros patrimônios históricos de Campos, como Solar dos Ayrizes e Museu Olavo Cardoso, também precisam de reformas urgentes, mas, por enquanto, ainda não há data definida para que o serviço seja iniciado.
Construído em 1846 por Joaquim Pinto Neto dos Reis, o Barão de Carapebus, o Solar de Santo Antônio, recebeu, em diferentes momentos de sua história, visitantes ilustres como Dom Pedro II e os políticos campistas Thieres Cardoso e Tarcísio Miranda.
1883 o casarão hospedou o Imperador D. Pedro II, quando veio a Campos para a inauguração da luz elétrica, e o quarto em que ele pernoitou, tempos depois, foi transformado no Salão Nobre do Asilo. O solar foi construído na fase áurea do ciclo da cultura do açúcar. Esse prédio tem uma arquitetura colonial e é um solar típico, com 14 janelas na fachada principal e acesso por um lance de escadas semicircular que conduz a um pátio frontal cercado com grades de ferro trabalhadas”, explicou a historiadora Graziela Escocard.
Em 1904, o local passou a abrigar o Asilo da Velhice Desamparada, fundado pela conferência Vicentina São Francisco de Assis e mais tarde rebatizado com o nome conhecido atualmente, “Asilo Nossa Senhora do Carmo”. De acordo com a historiadora, os salões superiores do prédio eram alugados para recepções, casamentos e batizados das famílias mais tradicionais da cidade, o que garantiu os recursos para manter os idosos durante as décadas seguintes. Em 1946, o prédio foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Arquitetônico Nacional (Iphan).
Mesmo tão importante para o município, o imóvel sofre com o abandono. Nas paredes, rachaduras, infiltrações e rastros de cupins. Janelas e vidros quebrados, mato e sujeira por várias partes. De acordo com o Presidente da Associação Mantenedora do Asilo de Nossa Senhora do Carmo e da instituição, André Araújo, a última obra no local foi feita em 2018. “Naquele ano foi feito o escoramento, a descupinização e todo o isolamento da área e o telhado. Como o prédio é tombado pelo Iphan, a restauração é complexa com muitos trâmites envolvidos”, explicou André, que ainda destacou que o prédio atualmente está totalmente isolado e escorado, por isso, não oferece risco para as pessoas que moram ou transitam pelo asilo.
Atualmente, 68 idosos estão abrigados no Asilo do Carmo e, segundo o presidente da instituição, a despesa mensal do local gira em torno de R$ 100 a 110 mil reais. A reforma do prédio, para André, poderia ajudar o asilo de várias formas. “Ali, naquele prédio, a renda toda, na verdade, da instituição do Asilo, vinha de aluguéis, para casamento, para aniversários, festa de empresas, visitas de escolas. Então, quando ele for restaurado, a gente pode retomar esses eventos no prédio até porque os idosos estão abrigados numa ala em anexo. A gente tem, atualmente, uma ala de idosos particular, tem um convênio com o município de 68 mil reais e tem uns eventos que a gente faz na instituição para complementar os gastos mensais. Então, sem dúvida, a reforma do Asilo do Carmo poderá trazer muitos benefícios para a instituição”, afirmou.
O jornal solicitou informações detalhadas ao Iphan sobre a previsão de reforma do casarão e o órgão informou que: “neste primeiro momento, o PAC Seleções visou a contratação de projetos de restauração, arquitetura, engenharia e complementares. O projeto deve levar alguns meses para ser desenvolvido. Somente após a sua finalização será possível contratar as obras”.
Investimentos do PAC
Em agosto de 2023, foi lançado o Novo PAC, destinando R$ 1,7 trilhão para investimentos em todos os estados brasileiros. Desse montante, R$ 1,4 trilhão será alocado até 2026, com os restantes R$ 320,5 bilhões distribuídos após esse ano. O programa concentra seus investimentos na transição ecológica, na promoção da neoindustrialização, no fomento do crescimento econômico do país e na geração de empregos de forma sustentável.
O município de Campos vai receber R$ 51,41 milhões para investimentos que irão contemplar vários projetos propostos pela Prefeitura em diversas áreas, como a da saúde, esporte e cultura. O maior valor dessa edição do PAC, em Campos, será para a contratação de projeto que beneficiará o Solar de Santo Antônio.
Fonte: Terceira Via