segunda-feira, 18 de abril de 2022

Campos tem mais de 137 mil pessoas em situação de extrema pobreza: 28,9% dos campistas

(Foto: Ralph Braz | Pense Diferente)

A ideia de prosperidade econômica no Brasil está cada vez mais distante da realidade dos cidadãos. Em Campos, a miséria é cada vez mais evidente, presente em cada esquina e em cada rua. Estatisticamente, 28,9% dos campistas – ou seja, pouco mais de uma a cada quatro pessoas – vivem na pobreza ou extrema-pobreza, com uma renda per capita que varia entre R$89,00 e R$178,00. A visão de pessoas catando comida nas lixeiras é cada vez mais comum, principalmente, em bairros nobres. Sobra para o poder público a tarefa de contabilizar e tentar reduzir a desigualdade social que joga para as margens da sociedade mais de 137 mil campistas. Academia pontua: “incompetência” dos governos.

De acordo com os números do CadÚnico (do governo federal), fornecidos pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Humano e Social, em Campos hoje existem 194.954 pessoas registradas. Destas, 137.067 em situação de extrema pobreza (renda mensal de até R$89,00) e 10.919 em situação de pobreza (com renda entre R$89,00 e R$178,00). Os outros 46.968 registrados são aquelas que possuem a renda per capita maior que R$ 210,01 e se inscrevem no cadastro único por outros motivos, como para acesso ao Benefício de Prestação Continuada e bolsas em universidades privadas. Ou, ainda, pessoas que possuíam rendas inferiores e, agora, aumentaram a renda e não estão mais em condição de extrema pobreza ou pobreza.

Além disso, a Prefeitura diz atuar e registrar essas pessoas no CadÚnico, de forma que elas possam ter acesso aos benefícios federais, como o Bolsa Família, e também aos municipais que estão em fase de preparação: como o Aluguel Social (programa de assistência com 197 beneficiários), e o Cartão Goitacá, que tem previsão para começar em maio e tem o número de beneficiários sendo finalizado conforme o levantamento do público prioritário feito pelos Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) e Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS). 

Apesar destes programas, muitos ainda se sentem abandonados pelo poder público e só conseguem manter um teto sobre as suas cabeças com a ajuda de doações e sacolões proporcionados por pessoas sensíveis àquela realidade e ações beneficentes de igrejas: esse é o caso das ‘Casinhas da Invasão’, em Donana. 

Na tarde de quinta-feira (14), a equipe do jornal esteve no local e registrou a realidade de quem vive no fio da navalha entre alimentar os filhos e manter uma casa que não tem água encanada. Esse é o caso de Tainá, de 24 anos. Manicure e mãe de três filhos pequenos, ela conta que não há auxílio público e que, “a ajuda que tem é por conta das igrejas”: – É impossível viver com o que eu ganho. Fora que a condição de vida aqui faz com que tudo custe algum dinheiro. Não tem água na torneira aqui de casa e temos que encher a caixa d’água, toda semana e gasto R$ 25,00. Aí, eu não consigo nem terminar de colocar o telhado em casa e quando chove forte a água leva tudo que a gente tem. Infelizmente, por aqui, tenho que correr atrás de sacolão e depender de doação para comer, porque não sobra nada para comprar as coisas no supermercado – relata Tainá. Uma das pessoas que enfrenta as ruas esburacadas para ajudar como pode, com doações arrecadadas na igreja, é Célio Martins, técnico de informática de 47 anos: “Infelizmente a realidade aqui, nessa comunidade em Donana, é essa, são 470 casas abastecidas por uma única bica de água. Aqui é bem pesada a situação dos moradores e não há suporte de governo”





Fonte: Folha da Manhã