segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

"O mal da política é que bons projetos não são continuados", Wladimir para O Dia

(Foto: Carlos Grevi)

Filho dos ex-governadores Anthony Garotinho e Rosinha Matheus, Wladimir Garotinho (PSD), 36, foi o mais votado (52,40%) no segundo turno das eleições de 2020 de Campos dos Goytacazes. Em entrevista exclusiva ao jornal O DIA, o prefeito da Região Norte Fluminense fala sobre as condições em que encontrou o município quando assumiu, e a importância da continuidade de políticas públicas. Ele também lembra como foi sua decisão de seguir os passos da família, e decidir se candidatar. Eleito deputado federal em 2018, Wladimir Garotinho destaca que "a política é a arte de lidar com o diferente, mas os agentes da lei têm que atuar dentro dos limites".



O DIA: O seu governo sucedeu uma gestão com muitos problemas financeiros. Como está hoje?

WLADIMIR: Encontrei um déficit de R$ 250 milhões, e restos a pagar de mais de R$ 350 milhões. Arrumamos a casa e fechamos o ano com superávit. Equilibramos as contas: nossa projeção de despesas é de 1,8 bilhões, em um orçamento de mais de R$ 2 bilhões, com salários em dia e bônus para os servidores. Talvez esta seja a nossa maior conquista: honrar a palavra. E vamos retomar os investimentos.

O senhor está no partido de Eduardo Paes; seu pai e sua irmã, perto do futuro União Brasil. Essa fragmentação dá problema em família?
Eu já estava no PSD quando Eduardo Paes entrou, e vou ficar nele. Gosto do partido: recebi apoio tanto no mandato de deputado federal, como na candidatura a prefeito. Meu pai e minha irmã iriam se filiar, mas o Eduardo chegou. Reconheço que o prefeito é muito trabalhador, há divergências entre ele e a família. Sobre as eleições, meu pai ainda tem uma pendência na Justiça, e, se resolvê-la, será deputado federal. Já a Clarissa, estadual.

Ser filho de dois ex-governadores teve influência em sua decisão de entrar para a política?
Até 2008, eu tinha aversão à militância. Quando minha mãe se candidatou a prefeita, minha irmã concorreu a vereadora no Rio. Entrei no movimento político para eleger minha mãe: assumi a presidência do partido e me apaixonei. Mirei na eleição de 2014, mas não pude ser candidato. Apoiei o deputado estadual Bruno Dauaire, que se elegeu, e me consolidei: mostrei que não era só o filho de ex-governadores.


Campos já foi muito rica graças ao petróleo, mas o fluxo de royalties e participações especiais caiu. Algo poderia ter sido feito de forma diferente?
O problema é que a mudança de gestão para opositores gera descontinuidade. O Bairro Legal é um programa de investimento em infraestrutura, como saneamento, calçadas acessíveis e sinalização. Ao aumentar a qualidade de vida, ele estimula pessoas a investirem, abrir um negócio local, mas precisa de manutenção. O mal da política é que bons projetos não são continuados por sucessores.
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A economia de combustíveis fósseis tende a diminuir no futuro. Quais são as alternativas para o desenvolvimento?
Nós temos um consórcio de municípios que abrange uma área de mobilidade urbana e logística. Estamos investindo em mobilidade para criar galpões de logística. Ainda vamos virar um polo logístico: o Porto do Açu tem previsão de crescimento pelos próximos 100 anos.


As gestões de seus pais ficaram conhecidas por programas como o Restaurante Popular. Como o senhor vê a Assistência Social?
A marca social está diretamente ligada à minha família, e estou retomando programas como o Restaurante do Povo. Precisamos pensar no bem-estar coletivo. Mas também temos mais de R$ 500 milhões comprometidos em projetos de saneamento e infraestrutura: quero focar em mobilidade. Apresentei ao governador um projeto para o Pacto RJ de acesso ao porto, cortando a Baixada Campista. Ele já está na pauta para ser licitado.

Seus pais foram investigados e chegaram a ter prisão preventiva decretada. Entrar para a política é arriscar o CPF?
Nada foi provado de enriquecimento ilícito contra nós. É triste ver a política criminalizada por agentes da lei que, muitas vezes, têm problemas pessoais com A ou B. Vemos agora a revisão de decisões porque convicções pessoais passaram à frente. A política é lidar com o diferente, mas os agentes da lei têm que atuar nos limites.






Fonte: O Dia